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— saia de perto dela, Gabriel — escutei a voz de Eduardo longe, e obedeci prontamente.

Minha mãe ainda tinha os olhos fechados, as bochechas estavam cobertas de lágrimas e eu quis me dar um tiro por aquilo.

— meli... — Eduardo começou, o mesmo andava com dificuldade por não estar com a bengala e eu soube que se continuasse fazendo esforço, o ferimento poderia abrir. — Meli, sou eu, Melancia.

— não — ela disse, abrindo os olhos, olhando para Eduardo. A mesma sorriu, brevemente — eu estou bem. Eu só quero ficar um pouco sozinha.

Minha mãe não deu tempo para respostas, saiu correndo em direção a escada, e Eduardo se virou para mim.

— da próxima mais, eu juro que irei te matar. Eu juro por tudo, que irei te matar, Gabriel. E se ela fizer alguma besteira...  — foi tudo o que ele disse, saindo dali, deixando a frase no ar e meu coração despedaçado.

O que eu fiz?

Eva Margort.

No dia seguinte, Eduardo e Melanie saíram de casa. Voltaram para o México e mesmo uma semana depois, a minha relação com Gabriel não mudou.

Olhei para ele, que bebia pacificamente a vitamina que faço para bebermos desde a primeira semana de casados e o mesmo sorriu brevemente para mim, levantando sem dar espaço para diálogos.

Doeu aquilo.

Doeu chorar até dormir quando entrei no quarto, quando eu tomei banho e percebi que ele estava a um passo de me bater e que ele poderia fazer aquilo, já que era meu esposo.

Você não chega aos pés dela.

Olhei para a porta que ele havia saído, sentindo meu mundo desmoronar.

FragalhosOnde histórias criam vida. Descubra agora