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Gabriel me guiou para a pista que havia ali, e eu observei o local enquanto me movia diante da música calma.

— você está linda, Eva Margort — o homem de cabelos cacheados disse, me fazendo respirar fundo — muito bonita.

— eu ouvi o que você disse — falei, depois de um tempo em silêncio.

Eu não queria admitir, mas me senti mal quando ele falou aquilo. Não mal por mim, mas sim por ele. O que deve ter causado a morte de sua noiva? O quanto deve ter machucado ele, estar ali?

Eu não sabia.

Gabriel O'Hara era um grande mistério que talvez eu nunca fosse descobrir.

— eu sei — disse, me segurando com leveza — eu sei.

Eu parei devagar, o encarando. O mesmo fez o mesmo, também me olhando nos olhos. Eu senti uma eletrecidade passando por mim, senti borboletas no estômago e também ansiedade, enquanto estávamos parados no meio do salão, aos olhos de todos.

— eu... — comecei, mas ele balançou a cabeça em negação, me fazendo voltar a dançar.

— eu ainda amo ela, Margort — disse, olhando em meu rosto, mas não em meus olhos — eu ainda amo ela como se ela ainda estivesse aqui comigo. Como se eu ainda pudesse sorrir ao ver ela ficando vermelha — ele suspirou, me separando do seu corpo e trazendo em seguida.

— eu sei — menti.

Eu não sabia o que dizer, mas também não queria ficar em silêncio. Mas poderia ter um leve vislumbre do que ele sentia. E se imaginando já era doloroso, na vida real deve ser pior. 

— eu ainda amo ela, e não irei mentir para você — Gabriel voltou a me olhar nos olhos, me movimentando para que pudesse me pegar logo em seguida de novo — mas eu prometo pelo meu sangue O'Hara, porque o Williams não é muito bom nisso, que irei te proteger.

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