Prólogo V.

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Eᴍ ᴜᴍᴀ ᴍᴀɴʜᴀ̃, Maryann Blake foi mandada para a detenção pois xingou o Sr. O'Connell por uma última vez.

A garota sabia que quando chegasse em casa, apanharia de seu pai. E sabia que se inventasse de não voltar para casa, apanharia muito mais.
Maryann juntou suas coisas e saiu da sala batendo os pés.
Faltavam apenas 5 minutos para a aula acabar.
Ela se dirigiu à sala de detenção e se sentou em uma das cadeiras do fundo.
Não demorou para que outros alunos chegassem também. Ela conhecia a maior parte deles.

Emily Gilbert e George Carter foram pegos aos "beijos" no banheiro masculino.
Jimmy Hamilton foi mandado para a detenção pois ficou conversando durante a aula.
E o aluno que chegou por último na sala foi Vance Hopper.
Vance Hopper foi mandado para a detenção pois bateu em um garoto que o insultou.

Ele se sentou ao lado de Maryann e permaneceu em silêncio.
- Ora, ora. Que ótimo dia para ficar duas horas de sua tarde na escola - começou o Sr. O'Connell.
- Duas horas? - Indagou Maryann, nervosa.
- Sim, duas horas, Srta. Blake.
- Ótimo. - Ela resmungou.
- Enquanto estão aqui, vocês irão escrever uma redação de quinhentas palavras sobre o porquê de estarem aqui.
- Quinhentas palavras, sério? - Zombou Jimmy.
- Exatamente. Vou lhes entregar as folhas.
O professor entregou-lhes três folhas, nelas eles fariam os rascunhos e depois passariam à limpo.
Mesmo que não quisessem, precisariam escrever a redação. Caso contrário, não seriam liberados.
Maryann pegou um lápis, uma borracha e começou a escrever sua redação. Ela tinha apenas duas horas para terminá-la e queria sair de lá o mais rápido possível.
Precisava encontrar com Finney e Gwen, seus irmãos mais novos. Gwen havia dito à ela que tinha tido outro sonho interessante e queria contar à ela. Maryann já estava curiosa em questão ao sonho.

Ao terminar o sexto parágrafo, Maryann já estava entediada demais para continuar. Ela se recostou em sua cadeira nada confortável e pendeu sua cabeça para trás.
Depois de pouco tempo olhando para o teto, ela começou a analisar seus companheiros de detenção.
Os cabelos louros de Emily estavam presos por um elástico azul.
O zíper da calça de George estava aberto, e ao notar o olhar de Mary, ele o fechou. Ela riu anasalado.
O senhor O'Connell já havia adormecido, sentado em sua cadeira de couro.
Blake se virou para o lado e notou que sangue escorria do nariz de Vance.
- Merda. - Sussurrou Maryann para si mesma, chamando a atenção do garoto.
Seus olhos azuis se fixaram na garota.

Ele não a estranhou, pois já se conheciam há tempos. Eles pararam de conversar depois daquilo, mas já haviam ficado horas de detenções juntos. Poderiam até chamar um ao outro de "Colega de detenção".
Maryann se abaixou e começou a mexer em sua bolsa. No fundo dela, a garota achou um pano o qual ela usava para limpar seus óculos, os quais não apresentaram um grau alto.
Ela se levantou e seus olhos encontraram os de Vance novamente.
Ele a encarava confuso.
- Seu nariz está sangrando. - Ela revelou.
- Droga. - Ele resmungou quando percebeu o sangue. Ele aceitou o paninho e o colocou embaixo de seu nariz. - Valeu, Mary. - Ele agradeceu. A garota sorriu levemente e se virou para suas folhas.
- Você pode me emprestar uma caneta? - Perguntou Mary.
- Posso. - Ele respondeu e lhe entregou uma caneta.
Ela notou o nervosismo em si mesma.
Vance Hopper havia a chamado por seu apelido.
Na verdade, Mary tinha medo de Vance. Depois que eles se afastaram, ele se tornou um dos piores tipos de pessoa para se ter por perto.

Maryann terminou seu texto momentos antes de Vance.
Eles se levantaram e deixaram as folhas na mesa, jogando os rascunhos no lixo.
- Qual é a do número? - Vance questionou.
- O quê? - Ela indagou, confusa.
- Esse. - Ele segurou seu pulso. Lá estava o número 7741, escrito a caneta. A mão de Vance escorregou de seu pulso para seus dedos.
- Ah. Eu não sei, na verdade. Tenho sonhado com esse número. - Ela respondeu.
- Hm. Entendi. - Ele soltou sua mão, mesmo que não quisesse fazer isso.
- Eu... Preciso ir. - Ela apontou para a saída.
- Ah, sim. Também preciso. Sabe, nós poderíamos ir ao Fliperama hoje à tarde. Talvez às 14:00h, como sempre?
- Sim, sim. - Ela sorriu levemente o vendo se distanciar.
- Tchau, Mary.
- Tchau, Vance.
Os corações de Vance e de Mary batiam fortes em seus peitos.
Passaram-se vários meses desde que eles conversaram pela última vez.
O nervosismo os consumiam.

A garota seguiu seu caminho para fora da escola, quando se lembrou da caneta de Vance.

Com medo de que o garoto ficasse bravo, ela refez seu caminho até que avistasse o garoto ao longe.
Vance andava do mesmo jeito de sempre. Como se estivesse bravo. Não era para menos, perdeu cerca de uma hora na escola.
- Vance! - Ela tentou chamar sua atenção, mas sua voz estava fraca. A garota acabara de se recuperar de uma gripe fortíssima.
O garoto virou sua cabeça, mas não a olhou.
Ele pensou que era sua cabeça pregando uma peça nele, que ainda pensava na garota.
Eles se conheciam há tempo demais para não se falarem. A beleza peculiar chamava sua atenção.

Maryann acelerou seus passos pois viu que Vance não pensava em desacelerar os seus.
Na esquina, virava uma van preta.
O corpo de Maryann petrificou e suas pernas pararam de funcionar.

Ela estava poucos metros longe de Vance, e mesmo assim, se negava a acompanhá-lo.
Da van, desceu um homem. Ele vestia preto, um chapéu e um óculos que lhe cobria os olhos.
Vance então, parou.
- Ah, garoto. Pode me ajudar a carregar essa maleta de ferramentas? - Indagou o homem.
Vance se aproximou devagar. Foi então que a garota se permitiu acompanhá-lo. De onde eles estavam, era praticamente impossível vê-la.
- Acho que meu pneu furou. - Continuou o homem, risonho.
- Não consegue carregar sozinho? Você é um homem adulto. - Contestou Vance.
- Mesmo assim. Você pode me ajudar à carregá-la?
Vance não o respondeu. O garoto se aproximou e o ajudou a carregar a maleta até encostá-lo no chão.
Quando a maleta encostou no chão, o homem se voltou para a van.
Vance ainda limpava suas mãos em suas calças.
Maryann deu mais alguns passos para frente e Vance a enxergou.
Ela levantou a caneta ao ar e Vance começou a andar até ela.
Antes que pudesse dar um passo, o homem puxou balões pretos para perto do garoto, o fazendo perder seus sentidos.
O ar fugiu dos pulmões de Maryann.
Vance lutava com o homem, porém ele era mais alto, mais forte.
A impulsividade o impedia de pensar.
O homem jogou algum spray em sua boca, fazendo o corpo de Vance amolecer.
Vance foi empurrado para dentro da van, e as portas foram fechadas.

O mascarado se virou para trás e olhou em volta.
A rua estava vazia. Totalmente vazia. Exceto por Maryann Blake.

Seus olhos se fixaram em Maryann.
Ele estava a exatos cinco metros de distância de Mary.
Ela se virou e começou a correr o máximo que conseguia.
As pernas do homem eram compridas, o ajudando à chegar até a garota mais rapidamente.
Ela estava correndo por sua vida.

Uma mão forte segurou seu colar, deixando-a sem ar e a obrigando a se virar. O colar quebrou e o anel que ficava largo em seu dedo, caiu.
Antes que pudesse notar, Maryann foi atingida por algo sólido em sua cabeça.
Maryann foi segurada nos braços do homem e jogada dentro da van, junto à Vance.

Vance Hopper nunca chegou ao fliperama.
Maryann Blake nunca chegou em casa e ouviu sua irmã falar sobre seu sonho. Nunca chegou em casa para assistir TV com seu irmão.

Quatro dias depois, Vance Hopper foi oficialmente dado como desaparecido.
Três dias depois, Maryann Blake foi oficialmente dada como desaparecida.

A ɴᴏᴛɪ́ᴄɪᴀ chocou todos na cidade.

Maryann e Vance foram sequestrados à luz do dia e ninguém viu.
Ao menos ninguém com caráter o suficiente para denunciar o que viu.
A família da garota se sente preocupada e desprotegida. Não é para menos.

A sorte não estava ao lado de Vance.
A sorte não estava ao lado de Mary.

A cidade se sente c̶o̶n̶f̶u̶s̶a̶
n̶e̶r̶v̶o̶s̶a̶
a̶f̶l̶i̶t̶a̶
apavorada.

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora