XXXVII.

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Nᴀ ᴄᴀsᴀ ᴅᴏs ʙʟᴀᴋᴇ, Gwen pensava em sua irmã.

    Seu sonho com Robin havia a deixado apreensiva.
    Não havia falando com ninguém sobre aquilo.
    As pessoas poderiam julgá-la, chamá-la de mentirosa ou o pior, dizer que seus sonhos eram apenas sonhos.
    De longe, aquilo era a pior coisa a se dizer.
    A fazia sentir a loucura.
    A paranoia.
    A insanidade.
    E que ela mais odiava. A sensação de perdição. A sensação de que não pertencia a lugar algum.
    Terrance pertencia a um lugar. O bar.
    Robin pertencia a um lugar. À sua casa.
    Finney pertencia a um lugar. Ao abraço de Robin.
    Mas e ela?
    Gwen costumava pertencer ao abraço de Mary. Mas agora, não pertencia a lugar algum.
   
    Gwen está tentando manter Robin e Finney juntos por maior tempo possível.
    Eles não costumavam ser muito próximos, mas agora ele a trata como uma irmã mais nova.
    N̶o̶v̶o̶ i̶r̶m̶ã̶o̶ n̶ã̶o̶ v̶a̶i̶ p̶r̶e̶e̶n̶c̶h̶e̶r̶ o̶ v̶a̶z̶i̶o̶.
    Nunca vai.
    Robin está em sua casa nesse momento.
    Os três estão tentando fazer cookies.
    — Ok, hoje, nós vamos assistir Tubarão.
    — Tá, tá. — Concorda Finney, sorrindo.
    Gwen pega algumas assadeiras e as coloca em cima do balcão.
    — Vocês pegaram tudo? — Pergunta o loiro.
    — Sim. — Eles respondem uníssono.
    — Ok, então... 125g de manteiga. Meia xícara de açúcar mascavo.
    — Mascavo? Que merda é essa? — Pergunta Robin.
    — É um açúcar diferente. Mais puro, sei lá.
    — Calem boca!
    Os garotos se entre olham e riem.
    Gwen continua a conferir os ingredientes.
    — Um ovo, 1 e 3/4 de farinha de trigo, 1 colher de chá de fermento, gotas de chocolate e 1 colher de essência de baunilha.
    — Quer continuar lendo receitas ou a gente vai fazer esse negócio?
    — Concordo com o Robin.
    — Eu estava conferindo se tudo que precisamos está aqui.
    — E está?
    — Sim.
    — Então pronto!
    Gwen revira seus olhos. Finney ri da discussão dos dois.
    Os três começam a misturar os ingredientes.
    Quando a massa começa a se formar, Gwen passa um pouco de manteiga nas assadeiras para que os cookies não grudem nelas.
    Assim que ela se vira, Robin pega um pedaço da massa.
    Finney da um tapa em sua mão, mas ele já comeu a massa.
    — O quê? — Pergunta rindo.
    — Gwen vai te matar se você continuar colocando a mão na massa.
    — Mas nós vamos colocar a mão na massa para formar as bolinhas.
    Robin dá de ombros e continua encarando Finney.
    O garoto pensa duas vezes e experimente um pouco da massa.
    — Está muito bom. — Diz.
    Robin assente com a cabeça.
    — O que está muito bom? — A garota se vira para eles.
    — Nada. — Eles respondem uníssono, tentando esconder seus sorrisos.
    — Hm.
    Finney se afasta e coloca o forno para aquecer.
    Os três lavam suas mãos novamente e começam a pegar pedaços da massa e fazer bolinhas.
    Eles as enfileiram nas assadeiras.
    — Você está fazendo elas muito pequenas, Robin. — Avisa Finney.
    — E como eu deveria fazer, senhor Eu sei fazer tudo?
    — Assim. Licença. — Finney pega o pedaço de massa das mãos de Robin.
    Suas mãos tocam nas dele, uma temperatura se chocando com a outra.
    Os dois engolem seco.
    Finney pega mais um pouco de massa do recipiente e mostra a Robin como fazer a bolinha.
    — Se você fizer muito pequena, o cookie vai ficar muito fino.
    — E se fica muito fino, fica muito duro.
    — Exatamente. Acredite em mim. Eu e Gwen já fizemos cookies que deram errado. Nossos dentes quase quebraram quando tentamos comê-los.
    Robin ri do relato.
    Eles colocam as assadeiras no forno e lavam suas mãos.
    Finney e Robin ajudam Gwen a limpar a cozinha.
    — Minhas mãos estão cheiram à massa de cookies.
    — Então estão muito cheirosas. Sente o cheiro.
    — Estão cheirosos mesmo. Faz quanto tempo que estão no forno?
    — Quinze minutos. Ainda faltam cinco.
    Eles se sentam ao redor do balcão para esperar que os cookies fiquem prontos.
    Assim que o tempo no temporizador acaba, ele se levantam e andam até o forno.
    — Coloca essa daqui. — Gwen entrega uma luva de pano para Finney e coloca a outra.
    Finney desliga o forno e depois o abre.
    Eles tiram as assadeiras de lá e as colocam nos panos esticados em cima do balcão.
    — Hora da verdade. — Diz Robin.
    Finney troca a luva de mão e alcança uma faca de cozinha.
    Ele a pega e corta o cookie.
    — Alguém precisa comer.
    — Está quente, Gwen.
    — Se a gente não comer, não vamos saber se está bom ou não. Esquece. Eu como.
    Gwen usa a faca para levantar o cookie e conseguir pegá-lo.
    Ela assopra o cookie antes de mordê-lo.
    Os garotos a olham curiosos e silenciosos.
    — Está bom! — Diz ela.
    — Ae! — Eles comemoram.
    Robin e Finney se abraçam.
    — Ai! Ai! — Robin se afasta.
    Gwen se vira para os dois e se permite observá-los.
    — O quê?
    — A luva encostou no meu braço. — Revela rindo.
    — Desculpa. — Finney sorri.
    — Vocês vão me ajudar a colocar os biscoitos no pote ou não?
    Eles se viram e ajudam ela a guardá-los.
    Robin pega um dos cookies e o morde. Um estalo alto ecoa pela sala.
    — Jesus do céu. — Murmura Gwen.
    — Você quebrou um dente? — Questiona Finney.
    — Quase. — Diz Robin, a voz diferente por ter comida em sua boca.
    Finney ri.
    — Acho que só alguns ficaram bons. — Conclui Gwen olhando para os cookies.
    — Acho que você está certa.
    — Ah! Ela com certeza está certa. — Rebate Robin.
    Finney ri novamente.
    Os três decidem fazer um pouco de pipoca.
    Eles separam os cookies bons dos ruins e se sentam no sofá.
    Robin coloca no canal que o filme passará.
    Os três se sentam juntos.
    Gwen, Finney e Robin da esquerda para a direita.
    O pote de pipoca e o de cookie no colo de Finney.
   
    Gwen já pegara no sono ao lado de Finney.
    — Ela dormiu. — Avisa Robin, o tom de voz baixo.
    — Dormiu? Ah. — Finney se vira para ela e percebe a garota encostada no braço do sofá.
    Robin pega os potes e os coloca em cima da mesa.
    Terrance já havia chegado em casa.
    Apenas cumprimentou as crianças e foi para seu quarto.
    Estava claramente bêbado.
    Sua língua estava enrolando, dificultando a fala.
    — Os cookies ficaram bons. Os que não estavam duros como pedra. — Comenta Robin.
    — Sim. — Finney ri. — Os cookies costumavam ser mais gostosos quando era Mary quem os fazia.
    — Ela sabe cozinhar?
    — Sabia como ninguém. Era uma cozinheira de mão-cheia. Eu não sei com quem ela aprendeu.
    — Eu imagino. Já comi brownies aqui. Foi ela que fez?
    — Sim, foi. Estavam bons né?
    — Estavam.
    — Ela fazia cookies bem melhor do que nós.
    — Eu não duvido disso.
    Os dois riem.
    O sorriso de se dissipa em seu rosto.
    Robin o observa enquanto lágrimas se formam nos olhos do garoto.
    Uma delas escorre por seu rosto assim que ele pisca.
    — Sinto muito. — Robin sussurra.
    O garoto leva uma de suas mãos ao rosto de Finney e limpa a lágrima.
    — Não conta para ninguém que eu chorei. Eu já sou zoado o suficiente.
    — Eu vou contar para quem? Você é meu único amigo.
    — Sinto muito. — Finney diz rindo.
    — Não tem problema. — Robin sorri. — Você é suficiente. Não preciso de outros amigos.
    Os olhos castanhos de Robin encontram os de Finney na sala escura, iluminada pela televisão.
    — Hm... Gwen. — Finney se vira para a garota, nervoso. — Gwen, vai se deitar na sua cama.
    A garota abre seus olhos, confusa.
    Finney se levanta e a puxa pela mão.
    Ele a leva para seu quarto e a deita em sua cama.
    O garoto volta para a sala.
    Robin está sentado no sofá, olhando a televisão. Está aflito com algo.
    — Eu acho que está tarde.
    Robin se vira para ele.
    — Sim, sim. — O garoto se levanta.
    Finney se aproxima e liga a televisão.
    Os dois caminham até o quarto de Finney em silêncio.
    Finney pega um de seus travesseiros e da para Robin que o coloca em cima de seu colchão no chão.
    — Boa noite, Robin.
    — Boa noite, Finn.

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora