LVI.

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A ᴘᴏʀᴛᴀ sᴇ ғᴇᴄʜᴏᴜ.

    Finney andou até ela e ameaçou abri-la.
    O telefone tocou.
    O loiro pensou duas vezes antes de correr até ele, mas o fez.
    O tirou do gancho e o colocou em seu ouvido.
    — Alô? Bruce? Bil- entregador?
    Alguém do outro lado desligou.
    — Você disse que falaria com ele. — Insistiu o pequeno. — Disse que avisaria.
    — Sim, eu disse. Mas não disse que conseguiria. — Rebateu Mary.
    Observaram Finney colocar o telefone no gancho e se afastar dele, caminhando até o prato de comida no chão.
    Depois disso, deitou-se na cama e adormeceu.
    — Ei, fale com ele. — Insistiu Bruce, colocando a mão sobre o ombro do menor.
    — Ok, ok. Eu falo.
    Eles abaixaram suas cabeças, esperando que ele caminhasse até o telefone. Quando as levantaram, o menor não estava mais no chão.
    Seu corpo levitava. Os pés e as mãos quase encostando no chão enquanto sua barriga permanecia alta.
    — Mas você precisa fazer silêncio.
    — Assim não, porra. — Mary e Vance falaram em simultâneo, mas já era tarde.
    Se entre olharam, Mary o olhando de cima a baixo.
    O sangue do pequeno pingava no chão.
    Finney se levantou, incomodado com o barulho.
    Tirou sua lanterna-foguete de seu bolso e a ligou.
    A mirou pelas paredes, procurando por infiltrações.
    Foi então que percebeu o quão manchadas eram aquelas paredes.
    A mirou no chão, então pôde ver a sombra de algo.
    A sombra do garoto.
    Seu corpo virou-se levemente para que Finney pudesse vê-lo.
    Finney iluminou o chão, descobrindo a origem do barulho.
   Endireitou sua coluna, assustado.
   O garoto levantou seu braço, apontando para o telefone.
    Ele se levantou e andou até o telefone, o tirando do gancho novamente.
    — Alô?
    Se virou rapidamente, nervoso, esperando que o garoto ainda estivesse lá.
    — Alô? — Disse, de novo. Era possível ouvir apenas o chiado do outro lado. — Alô?!
    — Você não tem muito tempo. Ele não tem dormido direito.
    O menor se virou para Mary e Vance.
    Na madrugada daquele dia, não permitiram que Albert dormisse. Assim como fizeram nos últimos 2 dias.
    Atravessaram a porta quando Albert a abriu para alimentar Finney.
    Subiram as escadas.
    Se instalaram no quarto do mais velho e por lá ficaram, até anoitecer.
    Vance se sentou em uma poltrona que havia em seu quarto e apoiou seu tornozelo em seu outro joelho.
    "Aonde vai se sentar?" Perguntou.
    "Hm..." A garota olhou em volta.
    Não poderia se sentar em sua cama, logo ele voltaria para dormir.
    Não havia outra poltrona.
    Ela se virou para o loiro e caminhou até ele.
    "O que você es-"
    Ela se sentou em seu colo, colocando suas pernas por cima do braço da poltrona.
    "Esperando por ele." Respondeu, simples.
    Vance riu sarcástico.
    "Eu acho que você é bipolar."
    "Quê? Por quê?"
    "Em um dia, está brigando comigo. No outro, está sentando no meu colo."
    Mary parou para pensar.
    "Eu não sei... É que as memórias são meio turvas. Sei lá... Eu sinto que posso confiar em você. Você não parece com o tipo de pessoa que me machucaria." Ela olhou em seus olhos.
    "Eu nunca te machucaria." Ele apertou sua cintura. "Mas isso não justifica o fato de você ser grossa comigo."
    "Você também é grosso comigo... E você é chato." Ela seu um soquinho em seu peito. Ele fingiu perder o ar.
    A porta rangeu.
    Vance se levantou enquanto segurava a cintura da garota, por tanto, a levantando junto.
    Albert abriu a porta e adentrou o quarto, depois a trancando.
    Ficaram em pé enquanto ele se movimentava pelo quarto.
    Tirou seus sapatos e caminhou até seu banheiro para trocar de roupa.
    Quando voltou, vestia calças moletom e uma camisa preta. Voltou de lá sem sua máscara.
    O homem se deitou em sua cama e não demorou para adormecer. Deixou apenas um abajur ligado em sua mesinha, ao lado de sua cama.
    "Está pronta?"
    "Eu morri para isso." Respondeu a ruiva, fazendo Vance sorrir.
    "Ok. Como combinamos."
    Mary assentiu com a cabeça e caminhou até o lado direito da cama de Albert.
    O plano começava com Mary se deitando embaixo da cama do homem. Chamaria por seu nome, o acordando. Então, Vance o assustaria.
    Porém, algo mudou o plano.
    Uma foto.
    Uma foto em cima da mesinha de Albert.
    Mary a viu.
    Nela, estava si mesma e Vance.
    Estavam de mãos dadas.
    Completamente machucados.
    Mortos, os olhos abertos, se encarando.
    A garota foi possuída por um ódio inexplicável.
    Lágrimas se formaram em seus olhos.
    "Mar..."
    Ela subiu em Albert, as mãos em seu pescoço.
    Seu olho se tornara completa escuridão.
    Seus cabelos se tornaram escuros. Eles flutuavam ao redor de sua cabeça.
    "Mary!" Chamou Vance, sem sucesso.
    Um grito horroroso escapou de Mary. Um grito tanto quando rouco, pois suas cordas vocais haviam sido levemente afetadas.
    Albert acordou, assustado e sem ar.
    Podia ver Mary em cima de seu corpo. Podia sentir suas mãos em seu pescoço, impedindo sua respiração.
   
    Má sorte a de Albert.
    Herdou de sua mãe — Martha — a habilidade de ouvir espíritos, falar com eles, vê-los e senti-los.
    Mary podia vê-los e ouvi-los quando viva, mas não podia ser machucada por eles.
    Má sorte.

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora