Prólogo IV.

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Eᴍ ᴜᴍᴀ ᴛᴀʀᴅᴇ, Bruce Yamada ganhou um jogo de baseball por uma última vez.

    - Seu braço é um míssil. - Ele elogiou seu adversário. - Você quase me pegou. - Yamada sorriu.
    - Bom jogo. - Seu adversário, Finney, concluiu sorrindo.
    - Bom jogo. - Bruce retornou e se afastou.

    Ele correu na direção de seu time e abraçou seus colegas.
    Bruce havia treinado muito para seu jogo e com muito esforço, ganhou.
    Não que os outros jogadores não tivessem treinado, não que não merecessem, mas Bruce merecia ganhar.
    Infelizmente, seus pais não puderam comparecer ao jogo, estavam ocupados com seus trabalhos.
    Bruce se virou para trás e viu seus amigos indo embora.
    Ao longe, viu Finney falando com suas irmãs.
    O cabelo ruivo de sua irmã mais velha brilhava no sol.
    Bruce e ela não conversavam sempre. Apenas conversavam quando ela ia aos treinos de Finney. Ela era uma das pessoas mais gentis que Bruce conhecia.
    Finney a abraçou e pareceu lamentar algo. Ela chacoalhou seus ombros e sorriu. Lhe pareceu que ela disse algo como: "Não se preocupe".

    Então, ela o viu. Seu olhar encontrou com o de Bruce, que estava parado ao longe. A porta do vestiário entre aberta, segurada pelo mesmo.
    Ela acenou e sorriu. Bruce retribuiu o gesto.
    A garota se virou para seus irmãos e segurou em seus ombros, os direcionando para longe do campo.
    Eles foram embora.

    Bruce entrou no vestiário e se trocou.
    Quando saiu de lá, não havia ninguém além dele.
    Ele pegou sua bicicleta e seguiu na direção de sua casa.
    O sorriso no rosto de Bruce era um dos mais verdadeiros que ele já deu.
    Estava animado para que quando chegasse em casa, contasse aos seus pais e irmã que ganhou o jogo.
    Duas garotas atravessaram a rua à sua frente, o chamando pelo nome. Bruce acenou com a cabeça para elas.
    Ao longe, Bruce viu uma van preta.
    Então, ele se lembrou que as pessoas avistaram uma van preta no local dos sequestros.
    Um arrepio percorreu seu corpo.
    Mas, afinal, poderia ser uma van diferente. Nesta dizia "Abracadabra."

    Ela virou a esquina e estacionou ali.
    Bruce, curioso, diminuiu a velocidade de sua bicicleta.
    O homem que saiu da van carregava um quadro em branco, uma caixa de tinta e pincéis.
    De repente, o homem tropeçou e derrubou tudo.
    A lata de tinta abriu e derramou uma tinta vermelha.
    Seus pincéis e sua tela ficaram manchadas.
    - Ah, que droga! Como eu sou bobo. - O homem disse rindo.
    - Precisa de ajuda? - Perguntou Bruce, de longe.
    - Você me ajudaria? Não quero que se suje. - O homem contestou.
    - Não tem problema. - Bruce sorriu.
    O garoto estava estranhando o fato do homem estar com seu rosto pintado, mas ele estava feliz, disposto a ajudar.
   Yamada se aproximou e o homem disse para ele colocar os pincéis no saco plástico que ele carregava.
    - Aqui. Isso... - O homem disse enquanto eles guardavam as coisas manchadas de tinta. - Muito obrigado, garoto.
    - Não foi nada. - Ele limpou suas mãos em um pano que o homem lhe deu. - Aqui. - Ele entregou o pano e se virou.
    - Quer ver um truque de mágica? - O homem perguntou, sorrindo.
    - Ah... Pode ser. - Bruce respondeu, sem querer recusar. Ao seu ver, o homem gostaria de retribuir seu favor.
    - Venha. - Ele o chamou para perto novamente, abrindo a porta da van.
    - São balões? - Ele apontou para os mesmos.
    - Sim, sim. Segure-os. - Ele entregou os balões ao menino.
    Bruce segurou os balões e então o homem se aproximou mais.
    - O que está fazendo? - Bruce indagou quando o homem começou a chacoalhar uma lata de spray.
    - Mágica. - O homem respondeu.

    O homem se aproximou novamente.
    Se aproximou mais.
    Mais.
    E mais. E mais.
    O homem o agarrou e cercou seu pescoço com seu braço.
    Os balões faziam com que ninguém conseguisse ver o que estava acontecendo.
    Mesmo que não houvessem balões, não havia ninguém lá.
    Ele segurou o rosto de Bruce e o obrigou a abrir sua boca.
    O spray foi derramado em sua boca.
    O gás fez o corpo de Bruce amolecer, facilitando os movimentos do mais velho.
    Ele o jogou dentro da van e lá ele permaneceu.
    O homem entrou na van e dirigiu para longe.

    Cinco dias depois, Bruce Yamada foi oficialmente dado como desaparecido.

    Bruce nunca contou para seus pais que ganhou o esperado jogo de baseball.

A ɴᴏᴛɪ́ᴄɪᴀ chocou todos na cidade.

    Bruce foi sequestrado à luz do dia e ninguém viu.
    Ao menos ninguém com caráter o suficiente para denunciar o que viu.
    A família do garoto se sente preocupada e desprotegida. Não é para menos.

A sorte não estava ao lado de Bruce.

    A cidade se sente c̶o̶n̶f̶u̶s̶a̶.
                                    n̶e̶r̶v̶o̶s̶a̶
                                    aflita.

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora