XXIV.

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VANCE H.
4 MESES ANTES

    Visto minhas calças e escovo meus dentes.
    Meu abdômen ainda está molhado de água, pois acabei de sair do banho.
    Passo creme em meu cabelo e coloco minha camisa branca.
    Volto para meu quarto e pego minha aliança e minha gargantilha. Não as tiro para nada, exceto para tomar banho. Não quero que elas estraguem.
    Ouço o telefone tocar.
    — Vance! — Meu pai chama.
    — Oi?
    — É para você!
    Corro até a cozinha.
    Meu pai está com seu rosto sujo de graxa em alguns pontos como nariz e testa.
    — É a sua garota. — Ele avisa me entregando o telefone.
    Sorrio e pego o objeto.
    — Oi, linda. — Digo.
    Meu pai se afasta, pega uma maçã e se apoia no balcão para comê-la.
    Viro-me de costas para que ele não me veja sorrindo.
    — Oi, meu amor. — Ela diz.
    Por sua voz, consigo saber que ela está sorrindo.
    — Por que está ligando? — Pergunto, curioso.
    — Eu gostaria de saber se você quer vir aqui em casa mais tarde...
    — Hm... Claro, claro.
    Escosto minha cabeça na parede e olho para meus pés.
    Sua voz é doce e indecente em simultâneo.
    Me sinto zonzo apenas por ouvi-la.
    — Meu pai está visitando meus avós em outra cidade e minha mãe vai levar meus irmãos ao cinema. Estaremos sozinhos.
    — Soa ótimo para mim.
    — Estou com saudades.
    — Eu também.
    — Te vejo às 18:00h?
    — Sim.
    — Eu te amo.
    — Eu te amo mais.
    Desligo o telefone.
    Estou sorrindo como um bobo.
    Me viro para trás.
    Uma das sobrancelhas de meu pai está levantada.
    Ele me olha com tédio.
    — Meu Deus... — Ele diz.
    — O quê? — Pergunto, o sorriso se desfazendo.
    — Você virou um cachorrinho de mulher.
    — Ah, vai se ferrar! — O xingo rindo.
    — Se ela mandar você bater em alguém você bate?
    — Hm... Provavelmente.
    — Você é um Hopper. Os Hoppers não obedecem mulheres.
    — Ela é não é qualquer uma. Mary tem caráter e é inteligente. Isso são apenas duas de suas qualidades.
    — Hopper, venha aqui agora! — Grita minha mãe.
    — Sua mãe está me chamando. Vou lá ver o que é.
    Cruzo meus braços.
    Ele se vira para mim novamente.
    Meu pai se aproxima e coloca algo em meu bolso traseiro.
    Ignoro.
    — Sua mãe é uma exceção. — Ele sussurra.
    Ele sai da cozinha e me deixa lá, rindo.
    Volto para meu quarto e termino de me arrumar.
    Quando percebo estar pronto, saio de casa em direção ao fliperama.
   
    — Gareth?
    — Oi, Vance.
    — Me chame quando forem 17:50h?
    — Claro.
    Me volto para as máquinas e jogo alguns jogos que estão espalhados pelo local.
    Expulso alguns garotos que estavam jogando na máquina que eu queria jogar.
   
    — Vance?
    — Hm? — Pergunto sem tirar meus olhos da máquina.
    — São 17:50h.
    — Valeu, cara.
    Me despeço de Gareth e saio do fliperama.
   
    Quando chego à porta de Mary, bato na mesma.
    Não demora para atenderem.
    Gwen abre a porta com um sorriso.
    — Vance! — Ela grita animada.
    Abro meus braços para recebê-la.
    A seguro em meu colo assim que ela se agarra a mim.
    — Vance, como é bom vê-lo. — Diz a mãe de Mary.
    — Digo o mesmo, senhora Blake.
    — Amor! — Diz Mary entrando na sala.
    Ela sorri.
    Meu coração acelera.
    Esqueço todas as palavras que tinha na ponta da língua.
    Seus lábios estão naturalmente avermelhados e seu cabelo está brilhoso.
    Está mais linda do que nunca.
    Ela se aproxima e me beija.
    — Eca. — Gwen se solta de mim.
    Mary ri do ato da garota.
    Finney se aproxima e nos cumprimentamos com soquinhos.
    Ele sorri e se afasta.
    — Filha, nós já vamos sair, ok?
    — Tá. Quando vocês voltam?
    — Ah, filha. É a última sessão... Não vamos chegar tão cedo.
    — Ok. Ligue quando estiver saindo do cinema.
    — Tá bom, tchau.
    Nos despedimos deles, que saem de casa.
    Me sento em uma cadeira na frente do balcão.
    Mary fica os olhando pela janela.
    Assim que ouvimos um barulho de carro, Mary se vira para mim.
    Há algo de diferente em seu olhar.
    Algo a mais.
    Estendo meus braços para recebê-la.
    Ela anda devagar até mim.
    — Sozinhos. — Digo.
    — Sozinhos. — Ela repete para confirmar.
    A afasto e seguro seu rosto.
    A analiso com os olhos.
    Fecho meus olhos, mas consigo vê-la em minha mente.
    Seu perfume me deixa atordoado.
    Ela toca meus lábios com seus dedos.
    Abro meus olhos novamente.
    Há algo de diferente nela.
    Há algo de diferente em mim.
    Há algo de diferente em nós
    Há algo de diferente hoje.
    Algo mudou, eu não sei dizer o quê.
    A beijo sem hesitar.
    Me levanto, ficando mais alto.
    Ela fica na ponta de seus pés para me alcançar.
    Sorrio em meio ao beijo.
    Curvo-me e desço minhas mãos por seu corpo.
    Ela não se incomoda.
    Movo minhas mãos de suas coxas para sua bunda.
    A puxo para mim, a surpreendendo.
    Ela sorri.
    A levanto e a coloco em cima do balcão.
    Uma de suas mãos descem até meus bolsos traseiros.
    De lá, ela tira um preservativo.
    — Vance? — Ela ri. — O que pretende fazer? — Ela pergunta, me olhando. Há divertimento em seu olhar.
    — Qualquer coisa que você queira fazer.
    Ela sorri, me fazendo sorrir.
    A beijo novamente.
    Porém, agora, com mais intensidade.
    Ela pede passagem com a língua, eu cedo.
    A pego no colo novamente e a levo para seu quarto.
    Coloco Mary no chão e me viro para trancar a porta de seu quarto.
    Quando me viro para ela, ela me espera.
    Tiramos nossos sapatos e nos deitamos na cama.
    Me aproximo e me deito por cima dela. Suas pernas se fecham em volta de minha cintura.

AUTOR.
   
    De repente, Mary congela.
    Ela coloca suas mãos no peito de Vance e o afasta.
    Tudo ficou muito intenso.
    Intenso demais.
    Vance a olha confuso.
    — O que aconteceu?
    — Nada. E-Eu... Sinto muito.
    Vance se senta ao lado dela.
    Ambos estão ofegantes.
    — Não tem problema, amor.
    Mary se afasta para recuperar seu fôlego.
    — Você está bem? — Pergunta Vance.
    — Sim. Eu só estou sem ar.
    — Mary, é o nervosismo.
    Vance se senta ao seu lado segura em sua mão.
    — Se serve de consolo... Eu também nunca fiz isso. — Ele revela.
    Mary se surpreende.
    Vance é mais velho.
    Ela já havia o visto os beijos com várias garotas.
    — Nunca?
    Ele nega com a cabeça.
    — Olha, eu não me incomodo se você não está pronta. Eu quero que você sinta que está pronta. Quero que tenha certeza de que não vai se arrepender. Se não for agora, tudo bem.
    Mary sentiu confiança em suas palavras.
    Ela se sentia segura.
    Se sentia inquieta.
    — Eu... Eu preciso de ar.
    Ela se levantou e foi até seu banheiro.
    Mary fechou a porta e se olhou no espelho.
    Ela estava ofegante.
    A garota ligou a torneira e jogou água em seu rosto.
    Estava mais nervosa que nunca.
  
    No quarto de Mary, Vance se sentou na cama. As costas encostadas na parede.
    Não estava com pressa.
    Em algum momento, Mary sairia do banheiro e eles conversariam.
    Eles não fariam nada que um dos dois não concordasse.
    O relacionamento de Mary e Vance se baseia em confiança, amor e consentimento. É o suficiente.
    Vance juntou suas mãos e brincou com os seus dedos esperando que Mary voltasse.

    No banheiro, Mary se olhava no espelho.
    Havia conversado com si mesma em sua mente.
    Ela concluiu estar pronta.
    Amava Vance.
    Confiava em Vance.
    E tinha certeza de que nunca se arrependeria.

    Assim que a garota saiu, Vance se alarmou.
    Ela apagou a luz do banheiro e encarou Vance de longe.
    Mary hesitou em se aproximar.
    Ela se sentou na cama, ao lado de Vance.
    — Você está bem?
    Ela assentiu com a cabeça.
    Vance estava com as pernas abertas e olhava para os próprios dedos.
    — Não precisa ser agora, Mary. Você sabe. Eu sempre vou esperar por você.
    — Você não precisa esperar.
    Mary respirou fundo.
    A garota engatinhou até Vance.
    Ela colocou suas pernas uma em cada lado de sua cintura e se sentou sobre ele.
    Mary levou suas mãos até o pescoço do garoto e tirou o cabelo de seu rosto.
    — Eu achei que não estava pronta... Mas eu estou. Eu te amo, Vance.
    — Eu te amo, Mary.
    Vance se aproximou e beijou sua amada.
    Estavam prontos.
    Não era apenas prazer, era amor.
    Acima de tudo, amor.

    Mary não se arrependeu.
    Vance não se arrependeu.
    Eles se tornaram mais próximos.
    Confiavam um no outro mais do que em qualquer pessoa.
    Foi assim.
    Ali.
    No quarto de Mary.
    Ali eles souberam que seriam "Mary e Vance" para sempre.
   

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora