Nᴀ ᴄᴀsᴀ ᴅᴏs Bʟᴀᴋᴇ, Terrance fazia algo para seus filhos comerem.O homem se virou para a geladeira.
Na porta da mesma, havia uma foto.
Uma foto de sua família.
Antes haviam cinco pessoas. Agora só haviam três.
Ele engoliu sua saudade em seco.
Pensou com si mesmo: o que estou fazendo?
Terrance não sabia o que estava fazendo.
Estava vivendo no automático desde que sua esposa morreu.
Ele abriu a geladeira e pegou o que queria.
Em seu quarto, Gwen marcava há quantos dias Mary e Vance haviam desaparecido.
Oitenta dias.
- Impossível. - Murmurou para si mesma. - Dois meses e 21 dias.
Gwen contou todos os dias novamente.
A conta estava certa.
Uma lágrima escapou de um de seus olhos. Foi inevitável.
Ela se escondeu em seu banheiro.Em seu quarto, Finney encarava o chão.
Estava sentado em sua cama desde às 10:15 da manhã. Já eram 11:25h.
Passaram-se os dias e Finney percebeu que não se animava como antes. Algo havia mudado.
Ele não ficava tão feliz quando assistia aos seus filmes preferidos.
Não era tão legal se Mary não estivesse ali.
Estava preocupado com Mary.
Estava preocupado com Vance.
Estava preocupado com Robin.
Especialmente com o senhor Arellano.
Ele estava doente há quase duas semanas.
Seu quadro não melhorava, apenas piorava.
A cada dia, ele ficava pior.
Finney se levantou e caminhou até o quarto de Gwen.
Ela estava sentada em sua cama, os olhos úmidos.
- Gwen?
- Oitenta.
Finney sentiu sua respiração falhar.
Da sala, o telefone tocou.
Finney correu até ele.
Gwen foi atrás de seu irmão, curiosa.
Ela tinha consciência do estado do senhor Arellano.
- Finn? - Disse alguém do outro lado.
- Sim. Sou eu.
- É o Robin.
- Ele está melhor, não é?
- Ele morreu, Finn.
Finney sentiu tudo parando.
- Eu chego aí em 5 minutos.
O garoto desligou o telefone e obrigou seu pai a levá-lo ao hospital.
Terrance, relutante, fez o que o garoto mandava.
Gwen foi junto.Quebrando algum recorde, Finney chegou ao hospital em 4 minutos.
Ele falou com a recepcionista que disse a ele para onde ele deveria ir.
Finney seguiu suas instruções e chegou ao quarto 397.
Lá, estavam os Arellano.
A mãe de Robin estava ajoelhada do lado do corpo de seu marido, já falecido.
Ela falava coisas em espanhol, mas chorava muito, dificultando o entendimento.
Robin estava sentado em uma cadeira da sala, a cabeça baixa.
Os olhos vermelhos e cansados.
Não queria que Finney o visse chorando.
- Robin... Eu...
Ele olhou nos olhos de Finney e se levantou.
- Eu sinto muito. - Disse Finney, finalmente.
Robin o ignorou.
Ele apenas jogou seus braços ao redor do pescoço de Finney.
Não queria ser forte naquele momento.
Sua armadura se dissipou. Ele se sentia nu.
Robin esteve com Finney quando ele precisou.
Agora, ele precisava que Finney estivesse ali por ele.
- Eu estou aqui. - Sussurrou Finney no ouvido de Robin, retribuindo seu abraço.
Robin chorava e soluçava.
Ali.
Aquela foi a primeira vez que Finney viu Robin chorando.
Primeira e única.
Robin era forte.
Era corajoso.
A̶q̶u̶i̶l̶o̶ t̶e̶s̶t̶a̶v̶a̶ s̶u̶a̶ f̶o̶r̶ç̶a̶.
Não.
Aquilo o fortalecia.
Era o jeito que Robin preferia pensar.
Gwen se aproximou da senhora Arellano e se ajoelhou ao lado dela.
- Meus pêsames. - Disse ela, fazendo carinho nas costas da mulher.
Terrance permanecia ao lado de fora do quarto sem saber o que fazer.
- Você nunca vai estar sozinho. - Diz Finney.
Robin o solta e olha em seus olhos.
Ele dá um pequeno sorriso.
- Gracias, amigo. - Sua voz está fraca.
Finney o puxou para perto novamente.- Terrance, o Robin pode dormir na sua casa? Eu não quero que ele precise ver a bagunça que a nossa casa está...
- Claro, claro. Conte conosco para o que precisar, senhora Arellano. - Disse Terrance.
- Obrigada. - Ela o abraçou.
Assim que chegaram a casa, Finney emprestou suas roupas para Robin.
- Hm... O que aconteceu?
- Ele ficou doente... E acabou passando por uma pneumonia. Como ele estava muito fraco, acabou não... - A voz de Robin travou.
- Entendi. - Finney encerrou o assunto.
Eles foram para a sala e assistiram à alguns filmes.
Mesmo que tentassem rir, não conseguiam.
Finney pensava tanto em Robin que sentia dor de cabeça.
Finney pensou tanto que seus pensamentos se confundiram.
Agora, ele pensava que aquilo era sua culpa.
Dois dias antes, o senhor Arellano disse à Finney e à Gwen que eles eram uma família. Agora, ele estava morto.
Talvez fosse uma maldição.
A família de Finney estava arruinada.
Era a vez da família de Robin.
Foi só Finney se aproximar deles que alguém morre.
Era culpa de Finney.
Ou talvez fosse culpa de Gwen.
Era culpa de um deles.
Até quando aquilo aconteceria?
Até quando Finney perderia pessoas importantes?
Até quando ele riscaria os olhos das pessoas em fotos porque elas já não estavam entre eles?
Até quando, Mary?Naquele ano, naquela semana, naquele dia, naquela casa, naquele sofá, Finney pensou que talvez seria melhor se Mary morresse.
Assim haveria um ponto final.
Haveria o começo e o fim de um pesadelo.
Aquela esperança o matava por dentro.
Finney e Gwen morreram todos os dias enquanto esperava por Mary.
Enquanto esperavam por respostas.
A coisa que Finney mais queria era que Mary voltasse sã e salva. Porém, se ela precisasse morrer para ter paz, assim seria.
Naquele dia Finney concluiu que a esperança é o pior sentimento que já existiu.
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𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance Hopper
Fiksi Penggemar[+16] 𝐌𝐀𝐑𝐘𝐀𝐍𝐍 𝐁𝐋𝐀𝐊𝐄 acaba por presenciar o sequestro de seu colega de sala, Vance Hopper. Para manter seu testemunho em segredo, Maryann também é levada. Agora, ela precisa lutar por sua vida. - Plágio é crime! - Sem hots...