XXXVIII.

2.3K 240 87
                                    


AUTOR.
1 MÊS ANTES.

    Mary se levantou cedo.
    Levantou de sua cama apenas com um propósito.
    Devolver as coisas de Vance. Precisava fazer aquilo o mais rápido possível.
    Precisava fazer aquilo, pois ele estava por todos os lugares.
    Precisava fazer isso para conseguir parar de chorar.
    Precisava fazer isso, pois não podia pedir para ele voltar.
    Era tarde demais.
   
    Ela caminhou até seu armário e pegou uma bolsa de viagem de Vance que estava lá.
    A garota se abaixou e começou a pegar as coisas de Vance.
    Ela colocava os objetos na bolsa e tentava segurar as lágrimas.
    Mas por culpa de uma camisa.
    Uma camisa.
    Por uma camisa, ela desabou novamente.
    Não sobrara nada de Mary.
    Havia desabado tantas vezes que jamais poderia ser reconstruída.
    "Eu gosto da sua camisa."
    "Aqui. Quero que fique com a camisa."
    "Por quê?"
    "Quero que se lembre de mim."
    Nunca acharia ninguém como Vance.
    Nunca acharia ninguém que a amasse como Vance amou.
    Nunca casaria com ninguém ao não ser Vance.
    Nunca.

    Não poderia.
    Ela pegou a camisa e a colocou em uma gaveta separada. Não queria que os cheiros se misturassem.
    Mary se levantou e entrou no banheiro.
    Ela trancou a porta e ligou a torneira da banheira. A garota tirou suas roupas. Precisava de um banho quente.

    Assim que saiu do banho, escovou seus dentes e se trocou.
    Ela decidiu deixar a mala em
    Mary arrumou seu material e caminhou até sua cozinha.
    Gwen e Finney a esperavam.
    — Vamos? — Pergunta.
    — Vamos.
    Os dois se levantam.
    Mary tranca a porta assim que Gwen a atravessa.
    Os três caminham até a escola, em silêncio.
    Mary está fisicamente e mentalmente exausta.
    Sente-se prestes a desmaiar.
    Assim que entram na escola, se separam.
    A garota guarda suas coisas em seu armário e se vira.
    Quando se vira, se depara com quem menos queria.
    Ao longe, no fundo do corredor, estava Vance.
    As pernas de Mary pararam.
    O coração de Vance acelerou.
    A boca do garoto secou, morrendo de sede pela de Mary.
    Agora sim, Mary estava prestes a desmaiar.
    O efeito que um causava no outro era indescritível.
    Todos estavam lá.
    Estavam lá, mas pareciam ignorá-los.
    Passavam por eles como se fossem fantasmas.
    Mary engoliu seco assim que desviou seu olhar do de Vance.
    Vance sentiu a faísca de esperança se apagar.

   
    Assim que chegou em casa, Vance jogou sua mochila no chão e caminhou até sua cozinha.
    Ele abriu sua geladeira e pegou uma cerveja.
    Não dava a mínima para menor de idade. Não dava a mínima para não poder beber.
    Beberia se quisesse.
    Caminhou até seu quarto e trancou sua porta.
    Queria tocar bateria, mas a sua estava quebrada.
    "Você toca muito bem!"
    "Eu sei que toco bem. Você também sabe."
    Se jogou em sua cama e bufou alto.
    Seus dias se tornaram entediantes sem Mary.
    Seus dias se tornaram vazios.
   
    A noite já batia na porta de Mary quando ela se levantou.
    Ela escovou seus dentes e se sentou em sua cadeira.
    A fita que ele havia dado para Mary tocava ao fundo.
    A garota se permitiu encarar o nada por tempo demais.
    Então, ouviu algo se quebrando.
    Mary se levantou rápido demais.
    Já sabia o que estava acontecendo.
    — Terrance! — Gritou, com raiva.
    Seu pai estava em pé na frente de um copo quebrado.
    Ele olhava fixamente para frente.
    Terrance se virou para Mary.
    Seus olhos estavam perdidos.
    Havia algo errado.
    Terrance não estava bêbado.
    Mary procurou por sinais pelo seu corpo.
    Haviam furos no antebraço de Terrance.
    O homem havia usado algo diferente daquela vez.
    E daquela vez, estava realmente violento.
    Mary não precisava se preocupar com Finney e Gwen. Eles estavam na casa dos Arellano.
    Precisava se preocupar com si mesma.
    Realmente precisava se preocupar.

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora