ALGUNS MINUTOS ANTES E DEPOIS.— Vocês estavam lá o tempo todo?
— Não o tempo todo. — Revela o garoto de casaco.
— Há alguns dias em que apagamos completamente. Alguns deles são completamente escuros. Outros, são memórias.
— Eu tive a sensação de viver memórias antigas. — Comenta Vance, apoiado na parede.
— Como elas eram? — Pergunta a ruiva.
— Havia uma garota. Seu rosto estava desfocado, mas de algum modo, eu sei que ela é a garota mais bonita que já vi. Eu tenho certeza de que ela era linda.
Ele a encara enquanto diz isso.
Ela faz um nó em suas palavras e as guarda em sua garganta.
Se recusa a revelar que teve memórias de um garoto loiro com o rosto embaçado.
— O que aconteceu com vocês? Estão tensos. — Diz o garoto de cabelos negros.
— Não estamos tensos.
— Estão sim. Antes vocês ficavam tão juntos...
— Duvido disso. — Rebate Vance.
— Eu também. Por que acha que estávamos juntos?
— Ah, não achamos isso. Nós vimos. Uma vez só, na verdade. — O de casaco a responde.
— Eu não vi. — O menor levanta seu braço. — Ele tampou meus olhos. — Ele aponta para o asiático que está sentado no colchão. — E brigou com ele por ficar olhando para vocês. — Depois aponta para o de casaco.
— Juntos como? Por que tampar os olhos dele? — Pegunta curiosa.
— Ah, juntos... — O loiro de casaco diz.
Os dois mais velhos se entre olham, depois se virando para ela. As sobrancelhas levantadas.
Ela se vira para outra direção.
Seus olhos se encontram com os do loiro.
Está encostado na parede. Os braços cruzados na frente de seu corpo.
Um sorriso malicioso em seus lábios.
— Eu ainda não... Ah.
— Eu fiquei bem surpreso, na verdade. No porão? — Perguntou o garoto, com um corte em seu rosto.
A garota não sabe o que dizer.
— Não acredito em vocês. — Ela nega.
— Começou. — O loiro bufa.
— "Começou" o quê?
— Você. Começou a ser chata de novo.
— Sabe... Você estava bem mais legal há uns dois minutos. Quando estava quieto.
— Ah é? — Ele se aproxima.
— Sim.
Não há tempo para discutir.
A garota tropeça no canto do colchão.
— Que porra. — Murmura.
— Se levante. — O loiro estende seu braço.
Ela segura nele e se levanta.
— Você fez a capa do colchão mexer. — Sussurra.
— O quê?
Ela se vira para trás.
Há a marca de sua queda.
O asiático de levanta. O lençol também está com ondas ao redor do lugar onde se sentou.
— Como isso é possível? — Pergunta o de casaco.
— Eu não sei. — Responde a ruiva. — Você. Toque em algo. — Ela aponta para o mais novo.
Ele se abaixa e segura o colchão. Demora cerca de 3 segundos para que ele atravesse seus dedos.
— Conseguimos tocar nas coisas.
— Não. Não conseguimos tocar nas coisas há muito tempo.
— Mas nós tocamos nas paredes e nos sentamos no colchão. — Argumentou o loiro.
— São exceções. O ponto é que não conseguimos segurar as coisas.
— Ele segurou.
— Por 3 segundos.
Um barulho algo é escutado pelos cinco.
A porta está sendo destrancada.
O mascarado aparece.
Segura um garoto em seus braços.
— Merda. — Murmura um deles.
— Não, não, não!
— Ele não pode estar aqui!
— Eu deveria quebrar seu pescoço pelo que você fez com o meu braço.
Ele atravessa nossos corpos, jogando o garoto no colchão.
— Ele está fazendo de novo. Vai fazer de novo.
Estão congelados.
Não sabem o que fazer. O que dizer.
Não há nada que possam fazer. Nada que possam dizer.
Assim que a porta se fecha, o garoto novo se levanta.
Ele veste uma camisa branca com partes em azul.
Está suado, cansado.
Em sua mão, segura um foguete de brinquedo ensanguentado.
— Ele o machucou. — Comenta a ruiva, perceptiva.
— Machucou.
— Ele está fodido. — Comenta o loiro, rindo.
Ela se vira para ele.
— Do que está rindo? Acha isso engraçado?
— Não acho engraçado. No mínimo irônico.
— Irônico?
— Qual é? Ele está completamente fodido. Todos nós estamos.
Ela queria discordar, mas sabia que ele estava certo.
O garoto novo tenta pular até a janela para quebrá-la, mas falha.
— Para, para, para. Se desse para quebrar a janela, alguém já teria quebrado... Mary e Vance teriam quebrado.
Mary. Vance. Mary. Vance. Mary.
Mary. Vance. Mary. Vance. Mary.
Mary. Vance. Mary. Vance. Mary.
Mary. Vance. Mary. Vance. Mary.
Mary. Vance. Mary. Vance. Mary.
Mary. Vance. Mary. Vance. Mary.
A ruiva e o loiro se entre olham.
Um arrepio sombra percorre seus corpos.
Ele se senta no colchão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance Hopper
Fanfiction[+16] 𝐌𝐀𝐑𝐘𝐀𝐍𝐍 𝐁𝐋𝐀𝐊𝐄 acaba por presenciar o sequestro de seu colega de sala, Vance Hopper. Para manter seu testemunho em segredo, Maryann também é levada. Agora, ela precisa lutar por sua vida. - Plágio é crime! - Sem hots...