VII.

4K 412 67
                                    


MARYANN 'MARY' B.
7 MESES ANTES.

- Oi, gente. - Digo sorrindo, entrando na sala.
- Oi, Mary! - Gwen me abraça.
- Oi, oi. - Diz Finney.
- Já chegou, filha? - Minha mãe entra na sala e dá um beijo em minha cabeça.
- Cheguei, sim. Mãe, Vance vai vir dormir aqui. Tem problema? Qualquer coisa eu durmo na casa dele.
- Não tem problema não, filha.
- Ah, que bom então. - Sorrio. - Onde o papai está?
- Ele ainda não chegou do trabalho. - Minha mãe avisa.
- Mas mãe... - Olho em meu relógio. - Já se passaram 2 horas do horário que ele sai do trabalho.
- Ele ainda não chegou...
Minha mãe nos deixa na sala e vai para a cozinha.
Cansada, vou para meu quarto e me troco.
Volto para a sala e me sento no sofá.
- O que estão fazendo?
- Estamos fazendo a tarefa.
- Do quê?
- Artes.
- Eles disseram para nós desenharmos quem mais idolatramos. Quem é o nosso herói... O papai não parece ser um. Não temos um. Nós desenhamos você. - Diz Finney.
O coração de Mary se despedaçou um pouco.
Mary abraçou os ombros de Finney e beijou sua cabeça.
- Esqueça ele.
Mary se levantou, beijou a cabeça de Gwen e foi para a cozinha.
Ela se sentou a mesa e tomou um gole de suco de laranja.

Então, a porta da sala se abriu.
Mary olhou para sua mãe, seus olhos exalavam preocupação e seriedade.
Elas voltaram para a sala.
Terrance estava na porta. Os cabelos castanhos bagunçados e um pouco molhados. Havia uma garrafa de vodka em sua mão, estava quase vazia.
- Onde você esteve? - Vociferou minha mãe.
- Não encha meu saco. - Respondeu ele.
O cheiro de álcool estava preso nele, se espalhando pela casa.
- Onde você estava, Terrance? - Questiono.
- Não encha o meu saco! - Ele berra e me empurra para longe.
Escorrego nos lápis de cor de Gwen.
Caio para trás, batendo minha cabeça na ponta do braço do sofá.
A dor aguda se espalha por meu corpo.
Um único som estridente ecoa em meus ouvidos.
Os gritos de meus irmãos soam abafados.
- Saia daqui agora! - Grita minha mãe.
Tudo está distante.
Levo minha mão até minha cabeça.
De repente, minha mão está totalmente ensanguentada.
Percebo sangue escorrendo até meus olhos.
De algum jeito, fiz um corte em cima de minha sobrancelha.
Do chão, levo meus olhos até o relógio da parede. Faltam cerca de 5 minutos para o horário que Vance diria que viria para cá.
Vance sempre chega cinco minutos antes.
MERDA.

A porta da sala ainda está aberta.
Gwen grita com nosso pai, mas de nada adianta.
Ela e Finney estão ao meu lado enquanto nossa mãe tenta afastar nosso pai, que tenta bater em mim.
Terrance empurra minha mãe, fazendo com que ela caia.
Ele está dando nos meus nervos.
Me levanto, zonza.
Minhas pernas atravessam uma a outra.
Caminho até ele, já retornando à consciência.
- Eu trabalho o dia inteiro! Eu mereço ser tratado com respeito! - Ele vocifera, a voz vacilante e monótona.
- Não fode, Terrance. - Digo.
Com esforço, dou um soco em seu rosto.
Ele já estava bêbado, então cai desacordado.
Meus anéis fizeram cortes em seu rosto.
- Que porra aconteceu aqui? - Uma voz masculina pergunta.
Me viro.
Vance está no meio da minha sala.
Os braços abertos e as sobrancelhas arqueadas.
Ao notar o sangue, ele corre até mim e me envolve em seus braços.
- Você está bem? O que aconteceu?
- Já te explico.
Olho para meu pai no chão.
- Deixe ele ai. - Diz minha mãe.
- Não pensava em tirá-lo daqui. - Respondo.
- Vou para a casa da tia Marie. Não quero ficar aqui. - Anuncia minha mãe.
Vou para sala.
Finney e Gwen estão nos olhando. Estão nervosos. Os olhos marejados.
O ódio nos olhos de Finney são evidentes.
- Vocês dois, cama. - Aponto para os quartos.
- Você vai ficar bem? - Pergunta Finney, a voz falhando.
- Vou, Fin-Fin, irei ficar bem. Vai dormir.
- Boa noite. - Eles dizem uníssono.
Viro-me para Vance.
Seus olhos exalam preocupação.
Ele sobe sua mão até minha cabeça. É então que sinto a dor novamente.
- Vai para o quarto. Eu já vou. - Diz ele.
Ouço o barulho do carro de minha mãe saindo da garagem.
Caminho para meu quarto e me sento na cama.
Olho para o espelho ao lado de minha cama, sangue escorre pela lateral de meu rosto.
- Merda. - Murmuro.
- Voltei. - Diz Vance entrando no quarto.
Ele carrega itens de primeiros socorros e gelo.
Vance me obriga a ficar parada enquanto cuida de meus ferimentos.
Percebo uma dor nas costas.
Levanto minha blusa e em minhas costas há machucado vermelho enorme. Provavelmente ficará roxo.
Ele me leve até o banheiro e lava meu rosto com um pano molhado.
- Pronto. - Ele diz me analisando.
- Obrigada. - Agradeço antes de beijá-lo.
Ele deixa o pano na pia e segura minha cintura.
- Vem.
Seguro sua mão e o levo para o quarto.
Tranco a porta e ligo o som.

Love Of My Life - Queen.

Apago as luzes e deixo apenas a do abajour.
Vance está sentado na cama, me olhando.
Me aproximo devagar.
Ainda estou zonza, mas muito menos do que antes. Na verdade, estou lenta.
As mãos de Vance sobem de minhas pernas até meu rosto.
Ele me beija, fazendo meu corpo arrepiar.
Meu coração acelera.
Tenho medo de que meu coração saia pela minha boca.
As mãos de Vance descem novamente, parando em minhas coxas.
Vance pede passagem com a língua, eu cedo.
Vance se segura em mim, me convidando para perto.
Coloco minhas pernas ao lado de seu quadril, me sentando sobre o garoto.
Ele abraça minha cintura.
Envolvo meus braços ao redor de seu pescoço.
Vance nos gira, me jogando no colchão, ficando por cima de mim e me fazendo rir.
Paro de rir para beijá-lo de novo.
Ele se deita ao meu lado, parando o beijo.
Vance para para me olhar. Os olhos brilhando.
- Você é tão linda. - Elogia ele.
Sinto meu corpo inteiro fever.
Sinto minhas bochechas queimarem.
O beijo sorrindo.
Ficamos deitados lá durante horas.
Ficamos dando beijinhos um no outro de vez em quando.
Vance gosta de beijos mais longos, mas respeita minha decisão quando eu os corto.
Gostamos de manter nossos corpos juntos.
Seja por ficarmos abraçados ou qualquer outra coisa.
Gostamos da companhia um do outro.
Vance me faz esquecer o quão ruim minha vida está.
Me faz esquecer que meu pai está desmaiado no chão da cozinha.
- Vou trocar de blusa, tem sangue nessa.
- Quer ajuda?
- Na verdade... Quero.
Vance se levanta. Um sorriso no canto de sua boca.
Dou um soco fraco nele.
Vance me ajuda a tirar minha blusa, os olhos fechados.
Seguro em seu rosto.
- Pode olhar para mim. Não me incomodo com você.
Ele abre seus olhos, que descem pelo meu corpo.
Realmente não me incomodo.
O beijo novamente.
Ele me ajuda a colocar minua blusa de novo.
Vance me pega em seu colo, me surpreendendo. Rio.
Ele caminha até a cama e me joga nela, se mantendo em cima de mim.
O garoto me beija repetidas vezes.
Nos deitamos novamente.
Ficamos abraçados enquanto ouvimos música.
É nosso passatempo favorito.

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora