LXX.

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TW: VIOLÊNCIA, SANGUE.
Seja rápido e inteligente.
VOCÊ NÃO TEM MUITO TEMPO.

Nᴏ ʜᴏsᴘɪᴛᴀʟ da cidade de Denver, Gwen acordava.

    Sua cabeça doía, assim como sua garganta. Sentou-se na cama e levou seu olhar até o relógio do quarto. Eram exatamente 04:20 da manhã.
    Está inquieta, a mente a mil e os pensamentos em seus irmãos.
    Com dificuldade, levantou-se da cama. Suas pernas ainda estavam trêmulas. Alcançou a agulha que estava presa à sua veia e a retirou bruscamente de lá.
    Andou até o banheiro de seu quarto e olhou-se no espelho. Os cabelos estavam mais ondulados do que lisos. Havia um corte em sua testa e marcas de mãos em seu pescoço. Levantou um pouco a camisola do hospital e engoliu seco ao notar os hematomas por seu corpo.
    Uma vontade enorme de tossir invadiu seu corpo e a obrigou a se curvar até a pia. O líquido vermelho escorreu de sua boca até o ralo, deixando um gosto metálico em sua língua. Ela ligou a torneira, escovou seus dentes e limpou a pia.
    Caminhou até o quarto e se sentou na cama. Estava ansiosa, roendo algumas unhas e mexendo seus dedos de forma ligeira. Não conseguia ignorar aquele sonho de forma alguma.
    Lembra-se perfeitamente do mesmo. Estava na frente do fliperama quando Vance foi preso. Mary estava lá, assim como Finney. Ela e sua irmã entraram no carro e acompanharam Vance até uma casa desconhecida.
    Ele falava com o rádio, conversava com Finney através do mesmo. A garota se lembra de gritar por seu nome, mas não receber uma resposta.
    Aquela casa. Aquele homem. Havia algo a mais ali. Algo que ela jamais poderia ignorar.
    "Se você soubesse o que está por vir, estaria apavorado para caralho."
   

    A garota se levantou da cama e saiu de seu quarto. Andou pelos corredores até achar quem estava procurando. O vidro transparente permitia a visão perfeita de seu amigo.
    Com o maior silêncio possível, a garota abriu a porta e entrou no quarto. Robin permanecia desacordado.
    — Robin? — Ela o chamou e não repetiu o chamado, hesitante.
    Talvez fosse melhor que Robin ficasse lá. Não comia há dias, no hospital eles poderiam cuidar melhor dele.
    Voltou ao seu quarto, trocou de roupa e colocou um All Star branco. A calça jeans era solta, a deixando mais confortável. Tinha quase certeza que havia sido a senhora Arellano quem separou aquelas roupas para ela, pois a única camisa que ela poderia vestir era uma de Mary, que estava dobrada em cima de uma das cômodas do quarto. Ela a vestiu e saiu do quarto.
Quando passou pelo corredor, viu Terrance, também adormecido. Ela não fazia ideia de que seu pai também estava lá.
    A garota de cabelos castanhos entrou no quarto e mexeu nas coisas de seu pai até achar a chave de sua casa, a qual ela guardou em seu bolso. Seu coração disparou enquanto ela andava para longe do quarto.
    No caminho todo, ela se encontrou com apenas 2 pessoas, as quais nem falaram com ela.
    Gwen usou o elevador e andou até o primeiro andar do hospital. Lá haviam mais alguns funcionários, mas estavam atrás do balcão da sala de espera.
    A garota observou a porta do hospital, ela abria com sensor de presença.
    Gwen alternou seus olhares entre os funcionários e a porta, como ela estava atrás de um pilar, eles não a viam.
    Ela se abaixou e fez o maior silêncio possível enquanto passava por debaixo do balcão. Gwen engatando até a porta que se abriu rapidamente.
    A garota olhou para trás, alguns funcionários se levantavam de suas cadeiras, confusos e em busca de respostas. Quando a viram, saíram de trás do balcão e correram até ela.
    Gwen se levantou e começou a correr pelo estacionamento, assim que avistou uma árvore, correu para se esconder atrás da mesma. Os enfermeiros passaram direto por ela e não a viram.
    Quando eles se afastaram o suficiente, a garota correu até o outro lado da rua, se distanciando de vez do hospital.

    Gwen andou até sua casa. A mesma não ficava tão longe do hospital. A garota e seus irmãos costumavam andar bastante pela cidade enquanto Mary ensinava caminhos, atalhos e lugares importantes como a delegacia e o hospital, para que eles nunca se perdessem.
    Gwen olhou para cima, as nuvens possuíam uma cor cinza escuro. Alguns raios apareciam em uma nuvem ou outra, mas estava claro que iria começar a chover.
    Quando chegou em sua casa, pegou a chave de seu bolso e entrou no imóvel, logo correndo até seu quarto.
    De seu guarda-roupa, pegou uma capa de chuva amarela. Gwen prendeu seus cabelos, vestiu a capa e correu para fora de casa. Abriu sua garagem e de lá, pegou sua bicicleta.
    Suas pernas doíam como nunca, mas ela precisava a continuar pedalando.
   
    Havia passado por 2 ruas e nada. 3 ruas, 5 ruas, 7 ruas e nada.
    7741. 7741. Repetir os números em sua mente a deixava mais nervosa, mas era inevitável.
    Gwen pedalou até outra rua e de repente tudo parecia mais familiar, as casas, as árvores. Foi então que ela percebeu que já havia estado ali antes.
    A chuva forte dificultava sua visão e molhava seu tênis, mas isso não a impedia de continuar pedalando.
    Apertou seus olhos e focou seu olhar em pessoas que estavam à sua frente. Quanto mais ela se aproximava, melhor sua visão ficava.
    Um grito assustado escapou de suas cordas vocais quando ela notou quem estava à sua frente.
    As gargantas cortadas de Mary e Griffin não eram nada convidativas. O abdômen ensanguentado de Vance e o sangue que escorria pelo rosto de Bruce a deixavam cada vez mais assustada. A grande mordida no pescoço de Billy dizia que ela precisava ser rápida.
    Com o susto, Gwen perdeu o controle de sua bicicleta, caindo deitada no chão molhado.
    Aflita, ela se levantou. Sua irmã e os garotos não estavam mais lá, mas ela pode sentir todo o seu corpo tremendo ao notar estar na frente da casa de seus sonhos.
    A grade, a árvore, o número da casa — 7741 —, tudo estava lá, exatamente como em seu sonho.
    Seu coração nunca esteve tão disparado, suas mãos tremiam e ela mal podia respirar. Por um segundo, ela sentiu o olhar de Mary perfurar suas costas e atravessar seus ossos.
    Ela sabia da verdade e precisava correr para sua casa. Se quisesse salvar seu irmão, precisaria de ajuda.

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora