IX.

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TW: VIOLÊNCIA, SANGUE, ASSÉDIO.

Eᴍ ᴀʟɢᴜᴍ ʟᴜɢᴀʀ, Mary rolava em um colchão.
  
    — Você bebeu toda a água. — Diz Mary.
    — Bebi. Estava morrendo de sede. Tudo bem? - Pergunta Vance.
    — Sim... Só estou entediada. — Ela diz.
    — Pelo menos não está entediada a sete palmos debaixo da terra. — Responde Vance.
    — Não é como se eu não quisesse estar.
    Mary se levanta e se vira de costas para Vance.
    — Qual é a desse telefone? — Pergunta Vance.
    — Ele tocou uma vez.
    — Não tocou não. Eu não ouvi.
    — Eu ouvi. Você não. Eu não sei porquê... Foi assim que eu fiquei sabendo que não poderíamos subir as escadas.
    — Nós não temos certeza. Você pode estar er...
    Mary o fuzila com o olhar.
    — Não, esquece. Você... Está certa.
    — Eu sei. Também tem o meu sonho...
    — Sim...
    — Ainda estou entediada. Acho que eu irei dormir.
    — Tudo bem.
    Mary se deita no colchão. Vance se deita ao seu lado.
    A garota estava cansada, então pegou no sono rapidamente.
    O mascarado havia entrado a comida deles há poucas horas. A porta ainda estava entre aberta.
    — Mary? — Pergunta Vance. A garota não se move e nem diz nada.
    Ele tinha certeza de que ela havia dormido.

    Ele se permitiu olhar para a garota durante vários minutos.
    E se ela estivesse errada?
    E se ela tivesse começado a alucinar por estarem ali há muito tempo?
    E se seu sonho estivesse errado?
    E se o telefone nunca tocou?

    Vance se levantou do colchão.
    Se ele conseguisse sair de lá, voltaria para buscar Mary. Eles sairiam de lá. Seriam salvos.
   
    Vance andou até a porta, e com muito cuidado, a abriu.
    Ele deixou a porta entre aberta. Quando precisasse voltar para buscar Mary, seria mais fácil abri-la.
    Ele olhou para trás, Mary dormia despreocupada no colchão.
    Vance subiu as escadas devagar.
    Seu coração estava em sua garganta.
    As mãos tremendo e a visão embaçada.
    Estava com falta de ar e tontura.
    Sua mão subiu até a maçaneta e a girou.
    A porta se abriu.
    Sentado a sua frente, estava o mascarado.
    Ele estava sem blusa, em sua mão, ele segurava um cinto.
    Vance engoliu seco.
    Seu estômago se revirou, de um jeito ruim.
    Estava prestes a vomitar.
    — Tentando fugir? Que feio, menino malcriado. — Disse ele se levantando, sua voz exalava seu divertimento.
    Vance tentou se afastar, dando passos para trás.
    O mascarado o puxou, o fazendo cair no chão do que se parecia com uma cozinha.
    Vance bateu sua cabeça na quina do balcão, o fazendo perder seus sentidos.
    O homem levantou sua mão, e então bateu em Vance com o cinto. De novo e de novo.
    Vance estava tonto, mas sentia tudo.
    O cinto fazia cortes pelo corpo de Vance.
    Vance já sangrava.
    — Pare! — Gritou Vance. — Pare, por favor! — Implorou.
    — Cale a boca! — Vociferou o homem.
    Ele não parou.

    No porão, o telefone preto tocou.
    Mary acordou assustada.
    A garota não viu Vance ao seu lado.
    O desespero tomou conta de seu corpo. Seu coração disparou.
    Ela correu até o "banheiro" e nada.
    O telefone tocava insistentemente.
    Cada vez mais alto.
    Mary correu até o telefone e o tirou da base.
    — O que foi, caralho? Onde o Vance está? — Ela questionou, já suando. Estava brava.
    Não há resposta.
    O telefone parou de tocar, o cômodo ficou totalmente silencioso.
    Totalmente silencioso... Exceto pelos gritos de agonia de Vance.
    Mary sentiu seu coração explodir.
    — Vance! — Gritou ela.
    Ela subiu as escadas correndo.
    Quando chegou à porta, Mary se deparou com Vance caído no chão de uma cozinha.
    Exatamente como em seu sonho.
    — Mary, saia daqui. — Disse Vance, a voz falha.
    Mary foi para cima do homem, que a atingiu com um soco em sua boca.
    A garota cuspiu sangue.
    Ela se levantou e conseguiu dar um chute nas partes íntimas do homem.
    Ele não pareceu sentir.
    Ele agarrou-a pelo cabelo e bateu sua cabeça contra a quina do balcão.
    A garota caiu desacordada.
    Insatisfeito e irritado, o homem a agrediu com o cinto.
    O cinto atingia sua pele repetidas vezes, como um chicote.
    — Pare, por favor! — Lágrimas escorreram dos olhos de Vance, fazendo seus machucados faciais arderem.
    Sua voz estava fraca, havia gritado demais.
    Seu corpo estava frio, porém, os machucados queimavam.
    Ele tentou esticar seu braço para tocá-la, mas o mascarado pisou em sua mão, fazendo o garoto gritar de dor.
    — Da próxima vez, eu quebro o pescoço da sua namoradinha, e depois, o seu.
    Vance não teve tempo para reagir.
    O homem o atingiu com um soco em sua cabeça, o fazendo desmaiar.

    O mascarado os arrastou escadas abaixo. Suas cabeças batiam nos degraus conforme ele os puxava, mas ele não se importava nem um pouco.
    Ele os jogou no colchão, um de cada vez.
    Seus corpos sangravam.
   
    O mascarado se apoiou na parede.
    Ele permaneceu os observando durante vários minutos.
    Então, ele decidiu se aproximar.
    Ele se sentou ao lado de Maryann.
    A camisa da garota havia subido quando ele a colocou no colchão.
    Agora sua cintura estava à mostra, assim como sua barriga.
    O homem esticou sua mão até seu corpo.
    Sua mão subiu de sua cintura até seu sutiã, o explorando.
    Mary estava quase acordando.
    Ela via apenas um borrão a sua frente.
    Esse borrão a tocava.
    Tocava seu corpo por debaixo de sua roupa.
    Suas mãos estavam manchadas de sangue. Ele manchou seu sutiã, sujou sua cintura. A marcou.
    De repente, o homem começou a ficar em pânico.
    Faça.
    Não faça.
    Faça.
    Não faça.
    Faça.
    Não faça.
    Faça.
    Não faça.
    As palavras ecoavam em sua cabeça.
    O homem se levantou, assustado.
    Ele saiu de lá e retornou com um kit de primeiros-socorros.
    Ele o deixou no chão, na frente da porta.
    O mascarado olhou para os dois por uma última vez, e então trancou a porta.
   

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒, Vance HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora