Elisa - II Continuação

151 29 3
                                    

Reencontrar Mathews fez meu coração palpitar e foi difícil conter aquela vontade de abraçá-lo e dizer o quanto eu senti Saudades, mas ele ainda me achava a mesma perua fútil e estava cansada de tentar desfazer a ideia que as pessoas faziam de mim. Mas me senti aliviada que ele não tenha rejeitado minha gravidez, eu estava pronta para enfrentar a maternidade sozinha, mas é claro que torcia para minha filha ter mãe e pai acompanhando o seu crescimento.

Fui para a casa da minha mãe, como prometi e aproveitei para ligar para Grace.

- Olá meu amor, correu tudo bem na viagem, eu cheguei bem e já falei com o pai da minha princesa.

- E como foi, ele pediu o DNA logo de cara? - Grace disse de um modo corriqueiro.

- Na verdade ele recusou! De acordo com ele, eu não faria questão de ter um filho com o empregado. - suspirei triste. - Pelo menos ele não rejeitou nossa bebê.

- Mas foi malcriado. - ela disse dando total atenção a mim. - Ele ao menos se mostrou animado com a novidade?

- Isso ele pareceu sim. Ele está tão lindo!

- Meu Deus! Você continua apaixonada! - ela estalou a boca, depois riu comigo.

- É só um elogio, pode parar!

- Parei! - disse ela. - E como está se sentindo?

- Cansada da viagem e calculando os próximos passos.

- Descanse um pouco, Elisa! terá muito tempo para se ajeitar em Nova York. A coleção de verão já está pronta.

- Vim almoçar com minha mãe hoje. Eu te ligo a noite, meu bem!

- Estarei esperando. Bom almoço e se cuide. - ela desejou.

- Até mais tarde, amoreco!

Grace desligou sabendo que não esqueceria dela, coloquei o telefone na base e me virei, mamãe me olhava recostada no batente da cozinha.

- Eu e seu pai estamos nos divorciando. - ela jogou a bomba no meu colo.

- Por que? - foi só o que consegui dizer.

- Ele conheceu uma garota de vinte e poucos anos... - ela deu as costas, senti em sua voz a amargura do abandono e a segui. - Eu não sirvo mais. Fui descartada como uma roupa velha.

- Meu pai está surtando? - me senti revoltada - São mais de trinta anos!

- Não adianta. - ela se virou para mim se recostando no balcão, soltou o ar com força tentando não chorar. - Ele está decidido a se casar com a pirralha... Ela é mais nova que você. - ela forçou um sorriso. - Estou montando uma floricultura aqui perto. Ao menos preciso me ocupar para não enlouquecer.

- Você pode refazer sua vida, minha mãe. Você é uma mulher linda!

- É! Eu sei! - ela sorriu triste secando o canto do olho. - Não é fácil. Achei que iriamos envelhecer juntos. Ver nossos netos crescer e vê-los correr pela casa. Isso não vai acontecer. - ela tapou o rosto e chorou.

- Acho que meu pai está ficando senil! - tentei brincar.

Ela sacudiu a cabeça tentando espantar aquela tristeza.

- Espero ser a avó que sua filha precise. Porque acho que fui uma péssima mãe! - ela apanhou um guardanapo para secar o rosto. 

Não consegui discordar dela, eu nunca tinha me sentido amada.

- Será que se eu falasse com ele...

- Quer que eu passe uns dias?

- Não perca seu tempo. - ela me chamou para me aproximar. - Me ajude a lavar os legumes. Vou fazer ratatouille que você tanto adora.

- Ah que delícia! - sorri. - Não quer passar um tempo comigo no Harlem? Eu mandei ampliar!

- Adoraria. Mas eu preciso cuidar da floricultura. Afinal de contas vou ficar com a casa e isso aqui dá trabalho para manter. - ela me olhou. - Quem sabe eu venda isso e more bem mais perto de você.

- Acho que você tem razão.

- Vou ficar bem, não se preocupe! - ela sorriu amável.

- É difícil não me preocupar.

- Eu sei. Estou feliz que esteja de volta e trazendo uma surpresinha. Achei que nunca teria um bebê. - rimos juntas.

- Eu esperava casar antes disso acontecer!

- Casamento é só formalidades que a sociedade arrumou para termos um filho. Dar um lar seguro para crescerem e depois... Voltamos a ficar sós.

- No momento sua opinião não conta, você está amargurada porque está se divorciando. Você e meu pai já foram apaixonados, dividiram planos... Talvez eu queira isso para mim um dia!

- Não vou me opor ou tentar te demover da ideia.

Dei de ombros

- Eu procurei o pai da bebê, ele até gostou da ideia de ser pai.

- Isso é muito bom. Dividir a responsabilidade vai te ajudar.

-Vai ser bom ter com quem contar. Acho que Mathews será um bom pai!

- Mathews? Mathews Smith, irmão de Joshua Grant? - mamãe ficou surpresa. - Nossa! ele é lindo!

- É, foi um fim de semana inesquecível. Pena que não durou.

- Vocês trabalharam por muito tempo. Achei que estavam namorando. - Mamãe pareceu curiosa.

- Eu não faço o tipo dele! De acordo com ele eu sou mimada, fútil, dou muita importância ao dinheiro...

- Talvez ele esteja se enganando para não se apaixonar. - ela deu de ombros, me encorajando.

- Para mim tanto faz. Ele sendo um bom pai para minha filha está perfeito!

- Tenho certeza que vão achar o melhor caminho para que minha neta cresça feliz e amando vocês dois.

- Não tenha dúvida de que ela será muito amada! Então, mãe! Você não tinha coisinhas de bebê para mim?

- Vamos almoçar primeiro. Já até separei duas caixas... e achei a sua boneca de pano. Vou mandar lavar e deixa-la como nova. - ela sorriu saudosa. - Lembra que sua avó te deu e você não largou mais? Deixou todos os outros brinquedos de lado naquele natal. Você tinha... - ela pensou. - 4 ou 5 anos.

-Ah mãe, não acredito que a Pãozinho ainda existe!

Ela riu gostosamente.

- Estava no fundo da caixa.

Sorri e a abracei de lado.

- Obrigada por ter guardado! - Talvez aquele fosse um recomeço para nós duas e isso me deixava Feliz!

Mamãe me deu um beijo gostoso e voltamos a lavar os legumes.

Almoçamos com uma conversa gostosa e por fim, seguimos para a garagem onde estavam as caixas, sentamos no jardim para aproveitar o sol e o clima de outono.

FINO TRATO 3 (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora