Mathews

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Depois do que aconteceu comigo e Elisa não a vi mais. Sabia que estava bem e passando uns dias com a mãe dela.

Evellyn me cedeu duas semanas para descansar e aproveitei para fazer a mudança com tranquilidade, não pedi ajuda de ninguém, todos estavam ocupados o suficiente para me deixarem em paz, pois naquele momento eu precisava disso para por minha mente no lugar.

Sentado no chão da sala de estar montando o meu vídeo game e meu aparelho de som para ligar na tv, vi que um vulto laranja entrou pela janela, provavelmente subiu pela escada de incêndio. Segui aquela bolota laranja até meu quarto e ele tratou logo de subir na minha cama e se esparramar como se o apartamento fosse dele.

Me recostei no batente da porta pensando se aquele gato pertencia aquele lugar, pois parecia tão a vontade.

caminhei até ele e me sentei na beirada da cama, acariciei o pelo macio daquele gatinho, ele se esparramou na cama, oferecendo aquela barriga roliça.

- Olha só! você é muito dado, sabia!? não se faz isso com um estranho! - brinquei com ele e foi inevitável de levar uma gravata no meu braço e mordidas. - Você é um malandrinho! - apanhei ele e o levei de volta a janela, o coloquei para o lado de fora para ele seguir para sua verdadeira casa, mas não foi isso que aconteceu, ele voltou tão rápido que desisti de tira-lo do meu apartamento. E aquela foi o começo de uma boa amizade, pois me fez companhia enquanto colocava minhas coisas em ordem.

No final do dia, tive que ir a uma loja de animais para comparar ração, potinhos para alimentação e água, uma escova para escova-lo, e aproveitei para leva-lo no veterinário para saber se ele estava bem de saúde.

Panqueca voltou para casa com uma coleirinha azul royal com um sininho na ponta para eu poder escutar seu barulho e saber aonde ele estava, pois o meu problema é que nunca tive gato ou cachorro, meu medo era de tranca-lo em algum lugar.

Uma semana depois meu apartamento estava arrumado, pronto para receber móveis para uma criança, então preferi para deixa-lo sem móveis por enquanto. Deixando apenas a mesa de escritório, meu notebook para manter organizado.

Panqueca dormia no parapeito da janela, aproveitando o sol, parei o que estava fazendo para olhar um pouco para ele, notando que ele estava sem a coleira.

Me levantei indo até ele, passei a mão em seu pelo notando que ele estava mais gordo.

- Você está se alimentando aonde, Panqueca? - o peguei no colo e o levei para o meu quarto, abri a gaveta do criado mudo apanhando outra coleira, ela era xadrez vermelho e preto, com guizo pendurado. - Vamos ver quem é que vai ter coragem de tirar essa coleira. - Dei um beijo nele e o larguei sobre a cama.

Naqueles dias sozinho comigo mesmo sentia uma solidão que chegava a doer. Aquela vontade de estar 24h com Elisa vinha rasgando o meu peito e aquele silêncio era grande. Elisa me odiava mais ainda pela minha fraqueza de me entregar. Falando assim até me sentia um cara virgem ensaiando o primeiro beijo e o primeiro namoro. Precisava acabar com aquele mal entendido e recomeçar tudo outra vez.

Passei a mão no celular e liguei para ela.

- Olá Mathews! - sua voz soou doce do outro lado. - Como vai?

- Estou bem... - Senti aquela onda de felicidade invadir o meu ser. - Como você está? E Alice está dando muito trabalho?

- Acabei de voltar para casa e acho que não foi uma boa idéia! Estou me sentindo um pouco mal!

- O que você está sentindo? Quer ir ao médico, já ligou para a sua médica? - Meu coração veio a boca. E aquilo era apavorante e engraçado ao mesmo tempo.

FINO TRATO 3 (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora