FINO TRATO 3 (HISTÓRIA COMPLETA)

Elisa

Mathews vinha cortando um dobrado para dar conta do treinamento da sua substituta no shopping, sua loja e estudar feito um pouco para entender o andamento da empresa do meu pai, além da árdua tarefa de ser pai, já que Alice exigia sua atenção quando ele estava em casa. Não era incomum ver Mathews entre apostilas e Alice na sua bolsinha junto ao peito dele, dormindo, ou amassando os seus papéis, enquanto eu desenhava, cuidava do nosso jantar, ou simplesmente acarinhava Honey-Pie.

- Você notou que desde que se mudou para cá e a Alice nasceu nosso gato ladino não sai mais de casa? Acho que nosso amigo Madboy deve sentir falta dele.

Mathews olhou para mim e para o gato, sorriu de lado.

- Acho que o tal MadBoy deve ter se mudado ou fechado a janela. Vai que ele ficou com medo. - ele riu e beijou a mãozinha de Alice que tentava pegar seu óculos.

- Pode ser, mas por via das dúvidas vou mandar um e-mail depois.

- Preocupada com o pai do seu filho peludo?

- Quando a gente se apega a um bichinho, fica triste se ele simplesmente some do nada! - dei de ombros e sentei ao seu lado. - Por falar em sumiço, você não está achando estranho esse silêncio do Noah? Papai disse que há duas semanas não tem nenhuma notícia dele, desde que você foi apresentado na corretora.

- Eu... Nem tinha me dado conta. - ele se mostrou surpreso. - Ele deveria estar brigando pelo cargo. Afinal de contas ele está a muito mais tempo no escritório. - Math se sentou no sofá e me deu Alice. - Seria prudente ligar para ele?

- Eu não sei! Talvez ele esteja esperando você assumir para dar o bote. Você não notou porque ainda não está na corretora, mas meu pai está preocupado que ele apronte algo.

- E quais as possibilidades de um golpe ou uma tentativa de usurpação do cargo? - ele me encarou fazendo um bico. achei engraçado e apertei sua boca. Eu não sabia responder aquela pergunta, dei de ombros.

- Melhor eu ligar para ele então! - Mathews se levantou indo a procura do celular.

- Eu não acho que seja possível, meu pai é o dono da maior parte da empresa e o presidente, querendo ou não o Noah tem que acatar a decisão dele.

- Vou ligar para ele. Se vamos trabalhar juntos... temos que nos entender. - Mathews ligou para Noah e deixou no viva voz.

- Noah Benneth, com quem eu falo? - Ele atendeu.

- Mathews Smith! - disse ele olhando para mim enrugando a testa.

- Ah você! O que quer?

- Abaixe a guarda, Noah! Estou ligando por estar preocupado com você e não para te provocar. Não é do meu feitio. Acho que você já me provocou demais nos últimos meses.

- Estou de férias! - ele disse cinicamente. - Looongas férias!

- Temos uma empresa para administrar. - Mathews puxou sua orelha.

- Você só vai assumir daqui a duas semanas e Hilbert nunca precisou de mim para nada mesmo! - Ele mantinha o tom debochado. - Como vão Lizzie e a pequena?

- Como Está Connie? - Mathews soou mais cínico que ele.

- Ah, anda sabendo da minha vida? Connie está ótima!

- Ótimo. Alice está linda, se parece comigo a cada dia que se passa. Minha esposa também está bem, cada dia mais especial para a nossa família. Agora deixa de ser um babaca e volte a empresa. Não tenho tempo para ficar atrás de criança mimada. - Mathews não tinha paciência para ele.

- Aguarde a surpresa, Mathews! - ele afirmou e encerrou a chamada.

 - O que esse maluco está aprontando?