Elisa

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Aquela rejeição doeu muito. Depois que me despedi de Matheus em seu quarto, eu fui para o meu chorar e despejei todo o meu pranto no travesseiro, não era a primeira vez que eu levava um fora, mas aquela dor eu jamais tinha experimentado antes, mas, eu sabia que não podia levar a minha vida em decorrência daquilo. 

Eu estava alcançando o meu sucesso profissional. Eu não podia ter tudo, e eu tinha que aceitar isso! Mathews foi um fim de semana, e eu precisava me convencer disso. Como dizia o ditado "Sorte no jogo, azar no amor..." no meu caso se aplicava a minha profissão e eu entendi que queria dizer que eu não poderia ser uma estilista bem sucedida e a paixão da vida de alguém. No resto daquele dia eu tentei não focar no quanto eu estava magoada com Mathews, e não pensar que dali para frente ele levaria sua vida sem mim. Não que fosse algo demais, eu que tinha dado maior dimensão ao que aconteceu, eu que criei a fantasia de um namoro, noivado e casamento. Eu que acreditei que podia ser feliz ao lado de um homem que só queria me levar para cama! E agora eu que teria que pagar o preço e lidar com a minha dor e esquecer! Nas semanas que se seguiram eu coloquei essa ideia em prática! Eu me propus a esquecer Mathews me entregando inteiramente ao trabalho. Claro que recebi um e-mail mal-educado de Victor me taxando de ingrata e outros adjetivos, mas eu não me importava. 

Embarcar para Paris com Grace Marshall foi uma das melhores decisões da minha vida, ela era cheia de energia e vivacidade e era difícil se manter triste quando ela estava por perto, mas quando a solidão do apartamento se abatia sobre mim era inevitável chorar como uma criança que perdeu o brinquedo. Eu me debruçava sobre o parapeito da varanda e admirava a Torre Eiffel entre lágrimas. Eu não devia estar tão dilacerada e sentir tanta falta do Mathews. Mas, era inevitável! Ele tinha feito meu coração bater de modo que ninguém jamais tinha conseguido, e eu o amava, mas ia esquecê-lo.

 Não foi difícil não pensar tanto em Mathews quando o trabalho começou a engrenar e Grace Marshall me convidou para passar um tempo em sua mansão. Ela era caridosa e maternal e parecia perceber a ânsia que eu sentia de ter alguém por mim. Eu estava triste não somente por não ter Mathews ao meu lado, mas também porque eu estava distante de todos, e ninguém parecia se importar.

 O estresse começou a me afetar com o passar dos dias e eu passei a sentir os sinais em meu corpo. As vezes eu tinha febre , me sentia enjoada a maior parte do tempo , eu não podia sentir cheiro de champanhe, que meu estômago anunciava. Foi Grace quem chamou minha atenção para os sintomas e sugeriu que eu procurasse um médico. E meu mundo desabou quando o diagnóstico de gravidez foi confirmado. Tudo o que eu não queria era ter um filho sem pai, então eu faria o aborto. 

Não contei a Grace sobre o diagnóstico, ela era tão maternal que com certeza iria tentar me demover da ideia, mas como eu daria conta de uma criança se eu não sabia manter o vínculo afetivo com ninguém. As pessoas simplesmente saiam da minha vida do mesmo modo que entravam. E como eu conseguiria dar conta de um bebê se eu mal sabia cuidar de mim. Eu já contava dois meses de gestação e teria que ser rápida se quisesse realizar o procedimento sem graves riscos à minha vida , e apesar de estar resoluta a ideia me martirizada. Será que eu estava fazendo o certo? 

Foi difícil mas eu consegui o contato de uma clínica, agendei o procedimento e paguei adiantado. Não era barato, nem emocional, nem financeiramente. Mas eu já estava convencida que teria de seguir adiante! 

Eu nunca estive tão certa de algo na minha vida, até estar sentada naquela sala de espera aguardando ser chamada. A gravidez tinha me deixado sonolenta e eu acabei pegando no sono na sala de espera e acordei com a enfermeira me cutucando.

- Srta Warner! - ela me chamou - É a sua vez! - ela afirmou sorridente , olhei em volta e fui arrebatada pelo peso da culpa. 

O que eu não estava fazendo ali? 

FINO TRATO 3 (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora