Elisa - II . Continuação

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Ele me contava empolgado sobre os planos para sua loja e eu me perguntava como eu esqueceria um homem como aquele.

- Tenho certeza que a loja ficará linda. No que precisar, pode contar comigo. - ele foi simpático e estacionou próximo ao consultório.

- Pronto para ver a sua pequena espoleta?

- Estou... e quero saber de você e como está a sua saúde. - ele sorriu e desceu do carro, dando a volta e demonstrando o quanto era cavalheiro e estava animado.

Mathews me ofereceu a mão e subimos as escadas até o consultório da Dra Barcley, ela era a médica de confiança da minha mãe e me conhecia desde a infância.

- Bom dia, querida! - ela me cumprimentou sorridente. - É tão bom revê-la depois de tanto tempo. Esse é o seu companheiro?

- Ah, esse é Mathews Smith, pai da minha filha.

- Sejam muito bem vindos e aguardem um instante que eu já vou atendê-los.

Mathews sorriu amável para a médica e se sentou na cadeira para esperar a consulta.

Não demorou muito e nós fomos chamados a entrar, seguimos a Dra Barcley e Mathews parecia meio desconfortável enquanto tomava comigo as informações preliminares. Logo fui encaminhada pela enfermeira até a sala ao lado para me preparar para a ultrassom. Quando voltamos eu usava aquele camisolão verde, "bebê horrível".

- se rir do meu novo visual leva um tapa.

- Não vou. - ele sorriu achando graça.

- Deite-se, querida! - Dra Barcley pediu e eu obedeci, ela aproximou-se e ergueu a camisola - Vamos iniciar o exame! O gel é um pouco gelado então a sensação pode ser um pouquinho desconfortável!

- Ah eu já a senti lá em Paris! - sorri - Até achei a sensação gostosa.

Ela passou o gel na minha barriga e deslizou o aparelho pela minha barriga, a imagem era em 3D e logo o corpinho da minha filha apareceu bem nítido na tela.

- Essa imagem é maravilhosa, não é? - a médica afirmou animada - Da até para chutar com quem ela se parece mais!

Mathews estava paralisado, com aquele sorriso bobo nos lábios vendo a imagem na tela.

- É a sua menina, meu bem! - afirmei - O que está sentindo?

- Eu? - ele riu. - Emoção. Não acredito que ajudei a fazer essa pequena.

- Ela está bem saudável e pesada! - Dra Barcley afirmou

- Você consegue saber o peso? - ele perguntou surpreso.

- Visualmente, e com base no peso e comprimento da barriga da mãe temos uma base do peso do bebê. Pela ultrassonografia eu posso ver que ela está com tamanho adequado.

- E qual o tamanho? Quero saber se minha filha será grande. - ele segurou a minha mão ansiosamente, sem perceber.

- Ela está com altura aproximada de 26 cm e 800 gramas. É uma mocinha bem forte e se mantiver esse ritmo de crescimento, ela deve nascer com quase quatro quilos, ou mais.

- Ah nossa, que reconfortante! - soei irônica.

- Quatro quilos? - ele ficou surpreso. - É uma bela menina.

- O esperado é que nasça com mais de dois quilos para não haver intercorrências, mas acho que não vai ser problema para ela.

- E está tudo bem com Elisa? - Ele beijou a minha mão.

- Avaliei os últimos exames dela que recebi e me parece estar tudo bem. Mas já pedi novos exames. E pelo que vi hoje tanto a pressão arterial quanto o nível de açúcar no sangue estão ótimos. Você encontrou um homem muito dedicado, Elisa!

Mathews corou enquanto sorria e não falou nada sobre o assunto, creio que deva ter ficado constrangido de falar a verdade. E nem eu sabia o que realmente éramos, amigos, um casal ou apenas os pais daquela pequena.

- Bem! Vocês estão liberados por hoje. Nos vemos novamente dentro de um mês. Certo, Elisa?

- Claro Dra Barcley! - concordei

- Tenham um ótimo dia, meus jovens!

- Obrigado! nos vemos no mês que vem. - ele apertou a mão da médica, seu sorriso deixava claro que ele estava feliz com aquele momento e antes de sair, ele pediu. - Poderia imprimir a fotinho do rosto da Alice?

- Alice? Ah então já temos um nome. - a médica sorri feliz. - Você terá ótimas imagens desse pequeno raio de sol! - ela sorriu Feliz e fez o que Mathews pediu. - Continue sendo um bom pai!

- Eu serei o melhor. Quero que ela tenha orgulho de nós dois. - ele apanhou o envelope e nos despedimos mais uma vez.

- Você me parece bem feliz! - observei. - Então, Alice ?

- Eu sonhei com ela. - ele abriu a porta para mim, eu entrei e ele deu a volta pelo carro, ocupando o seu lugar. - Ela disse que seria loura como a Alice no pais das maravilhas... E eu era apaixonado pelo desenho quando criança... gostava mais do gato com aquela boca grande.

- Entendo! Eu já sonhei com ela também, mas não havia um nome no sonho.- sorri - Bom, agora vou para o Centro comunitário que encontrei perto de casa. Eles têm um programa chamado "Primeira viagem", é para gestantes. Parece que tem esse nome porque só novas mamães procuravam, mas se estendeu e atende grávidas desde o estágio inicial até o fim da gestação. Parece que alguns pais acompanham então, se quiser me acompanhar.

- Agora? - ele ficou surpreso, olhou no relógio.

- Bem, você precisa voltar ao trabalho, eu entendo! Mas, eu combinei com a diretora de aparecer hoje depois da consulta. Ela até me encaixou na hidromassagem! - sorri. - Você só me deixa lá e depois eu posso tomar um táxi para casa.

- Não... Eu consigo encaixar isso... - ele ligou o carro e saiu devagar, tomando seu espaço entre os carros.

- Sabe que eu me apaixonei por esse centro. Eles têm de tudo e cobram um valor ínfimo, só pela manutenção do lugar e você até pode apadrinhar uma gestante, sabe?! Você paga por quem não pode pagar...Eu adorei isso! Eles tem psicólogo, recreação, academia e a diretora disse que estão avaliando a possibilidade de uma creche, mas eles ainda não tem a verba e acho que vou financiar isso.

- Vá com calma, Elisa! - ele me alertou. - Tente fazer tudo dentro de seus planos e condições financeiras. Planejamento é tudo.

- Pode deixar, mas eu só quero ajudar. Quanto ao nome, eu gosto de Alice! Até tinha pensado em alguns como Aimee ou Avery, mas vamos ficar com Alice. Quem sabe na próxima...- fiquei vermelha pelo modo como aquilo foi sugestivo e tratei de me corrigir -Talvez eu queira ter outra ou outras filhas no futuro, não foi nada com você, tá? Acho que me expressei mal.

- Não disse nada! - ele respondeu se fazendo de rogado.

Sorri em resposta e me calei por alguns segundos, mas logo emendei.

- Acho que nossa filha vai ter orgulho de você!

- E eu dela! - ele sorriu e me olhou.

Percebi que tinha olhado direto para a minha boca, mas desviou logo para ter sua atenção no transito. 

- Espero ser presente na vida dela.

Eu queria beija-lo mas, me contive e seguimos em direção ao centro comunitário e confesso que me senti acolhida assim que chegamos, o lugar era incrível com um espaço amplo e bem arejado, proporcionava o tipo de conforto, de não dar vontade de ir embora.

Era hora de relaxar!

***

FINO TRATO 3 (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora