Passado e Presente

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— O alarme de incêndio toca em 3, 2, 1... — dito e feito — É melhor correr... Se vocês forem espertos, vão sair daqui, se tiverem carro ou moto também. Essa delegacia pode não estar ativa, mas as outras estão e logo virão atrás de nós, ou de vocês...

— Filho da p... — começou Ayan, mas foi interrompido.

— Não xingue minha mãe, você vai conhecer ela um dia e vai gostar.

O moreno sorriu de um jeito que tiraria o fôlego de qualquer um, mas infelizmente ou felizmente, nenhum dos garotos entendeu a brincadeira, a não ser o próprio Aye. Não era cedo demais para flertar, era? O barulho das sirenas podia ser ouvido se aproximando de onde os garotos estavam e os rapazes da gangue de Yok correram para pegar as motos, deixando o líder para trás já que o próprio não fez questão alguma de correr.

— Qual o seu nome, baixinho? — Yok perguntou passando lentamente ao lado do mais baixo.

— Chega mais perto pra eu poder te dizer...

O moreno não hesitou, afinal, seu grupo estava com a vantagem mesmo com seus garotos metros a sua frente. Yok se aproximou do mais baixo que segurou sua nuca e quase num gemido, sussurrou em seu ouvido. De fato, eles não estavam preocupados com as circunstâncias do momento, não morrendo, para eles estava bom.

— Ayan... meu nome é Ayan, mas você pode me chamar de Aye. — depois de sussurrar, o garoto permaneceu com a mão direita na nuca do mais alto e mordeu o lóbulo de sua orelha de forma leve, fazendo com que Yok arrepiasse completamente e o menor sentisse isso. — Tá começando a sentir frio?

O moreno fechou os olhos por um breve momento e pensamentos impuros surgiram em sua mente, fazendo-o morder o lábio e logo se afastar. Não era para menos quando se tem uma pessoa tão tentadora parada ao seu lado com a boca praticamente grudada em sua pele.

— Não vê que agora finalmente está começando a esquentar?!

Yok olhou para o fogo que ficava cada vez maior no prédio atrás de si e depois passou correndo com um sorriso travesso e como um flash ao lado do mais baixo.

— Vamos embora, Ayan! Não tá vendo que os caras sujaram o lugar e a gente tá aqui?! — disse Wat, mas Aye não tava muito preocupado com os polícias.

O garoto olhava Yok se afastar e se juntar ao resto do grupo enquanto subia em sua moto e saia do lugar em alta velocidade. Havia alguma coisa que ele fizesse que não o deixasse extremamente atraente? Parecia algo natural e impossível de não reparar. A gangue de Yok sabia o que estava fazendo, o líder principalmente. Ele queria chamar a atenção de todos para si. Queria mostrar que se os mesmos não lutassem pelos direitos certos, ele e seus meninos lutariam, independente do que viesse contra eles e de quem teriam de enfrentar. Ayan, Kan e Wat saíram do local e provavelmente não teriam problemas, as câmeras de segurança não pegavam o lugar onde eles estavam parados, mas Yok já sabia disso, porque não os avisou?
Isso ele iria descobrir depois, só não sabia que isso era na mesma noite, só em uma situação diferente da que estavam naquele momento.
Enquanto fugiam em suas motos, o grupo de rapazes passou "despercebido" por uma viatura da polícia, mas havia alguém inesperado que dirigia o carro e chamou a atenção de Yok.

Quando ele voltou?

"Dan?!"

O moreno virou o rosto para acompanhar o carro que ia na direção da delegacia e viu que o rapaz que dirigia estava olhando para ele através do retrovisor. Yok estava em choque e voltou a olhar para frente, mas já estava em cima de uma mureta da área de bicicletas e quando tentou desviar acabou batendo ali e sendo arremessado para longe.

— Argh!

Seu gemido era de dor e frustração. Seus olhos estavam apertados e ele sentia como se todos os ossos de seu corpo tivessem sido esmagados. Todo o corpo do moreno doía de uma forma inexplicável pela força absurda que ele foi lançado ao chão e o barulho alto da colisão chamou a atenção dos outros garotos que deram a volta imediatamente e viram seu amigo caído no chão. O garoto estava sentindo uma dor insuportável no corpo e havia sofrido alguns arranhões profundos e que não paravam de sangrar.

— Yok! — gritaram em coro e praticamente saltaram de cima de suas motos. Ao tocarem no garoto que estava no chão ele gemeu de dor enquanto abraçava o próprio corpo.

— Ele precisa de um médico! Talvez tenha quebrado algo! — explicou White que estava de joelhos ao lado do moreno.

— A gente não pode levar ele pro hospital. Porra, Yok, o que te fez perder o controle? — perguntou Sean irado, mas era apenas preocupação.

— O Dan fez ele perder o controle! Filho da puta!

— O Dan?!

Todos se perguntaram ao mesmo tempo e Black subiu novamente na moto e a ligou para voltar a delegacia enquanto os outros o olhavam. Uma vez impulsivo, sempre impulsivo. Não adiantava, Black era e sempre seria a pessoa mais temperamental daquela gangue.

— Vai fazer o que? Bater de frente com a polícia? Homem de ferro. — zombou Gram.

— É, é exatamente isso que eu vou fazer. Já fiz uma vez, qual a dificuldade em fazer de novo? Arrumem um jeito de levantá-lo e tirem ele daqui.

— E como a gente vai fazer isso? Levar ele na moto? — perguntou Sean.

— Não, vão tirar ele daqui no carro do baixinho ali.

Black apontou na direção oposta para onde ia e dessa direção Ayan havia acabado de parar o carro numa vaga próxima ao grupo e andou depressa junto de seus dois amigos. Yok o via se aproximar e Deus, por quê tão devagar? Mas ao chegar perto demais ele agachou junto à White.

— O que aconteceu aqui?!

— Um filho da puta aconteceu aqui! — Gram gritou e chutou a moto que estava no chão. Ele estava muito alterado dessa vez. Podiam fazer tudo para ele, mas não mexesse com seu melhor amigo — Black, vai atrás dele ou eu vou!

— Não é uma boa ideia... — disse Gumpa.

— Porra, quem liga? Anda Black, vai!

Era imprevisível o que Black poderia fazer com um taco de beisebol, ninguém gostaria de ver ou sentir a dor que ele causava. O garoto poderia fazer tudo, era só querer e não necessariamente só com um taco.

— Achei que você era invencível, grandão...

— Me tira daqui...

— Pra onde vamos levar ele? — perguntou Ayan.

— A oficina não é um bom lugar, as feridas podem infeccionar. — continuou White.

— Tem alguém na sua casa hoje à noite, Ayan? — perguntou Wat — Só até eles arrumarem um lugar limpo pra ele.

— Não tem. Podemos levá-lo pra lá e depois vemos o que podemos fazer. Vamos colocá-lo no carro.

Com a ajuda de Gumpa, Gram e Kan que eram os mais fortes dali, Yok foi colocado no banco de trás do carro. Ao ter seu corpo tocado, o gemido de dor que saiu de sua garganta doeu nos ouvidos de seus amigos. Seu corpo inteiro se machucou com a queda. Ele parecia ter se quebrado inteiramente e não apenas sofrido alguns arranhões. Não dá para evitar a vida o tempo todo. Uma hora seu passado volta, ou para te ensinar o que você não aprendeu da primeira vez, ou para confundir ainda mais você.

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