Última chamada

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— O que mais precisamos saber? Que tipo de armamento nós teremos?

— Isso vai depender do que vocês irão escolher. Irão querer o treinamento ou pessoas pra fazer o trabalho?

— Nós vamos fazer o trabalho. — respondeu Sean.

— Então começaremos o treinamento amanhã à tarde. Não poderei chamá-los pela manhã, pois Black e eu temos algumas coisas pra resolver e também procurar seus trajes.

— Nós também precisamos entender como funciona a ligação entre a polícia e os políticos. — começou White — Precisamos saber se estão sempre a disposição; horários; turnos...

— Eles são manipulados, ou você ainda não percebeu, White?

— Será que da pra parar de falar, Sean? Sua voz tá começando a me irritar... — respondeu o mesmo.

— White, da mesma forma que a polícia está do lado deles e está em todo lugar, eu também tenho homens em alguns lugares importantes. A começar pelo próprio departamento de polícia. O Yoon é um parceiro antigo e eu o coloquei lá dentro. Ele pode verificar no banco de dados quem quer que escolhermos, assim podemos ver com quem estamos lidando.

— Você parece bem preparado, Todd. — falou Gram e o mesmo sorriu.

— Eu realmente estou. Eu entendo como tudo funciona e oque é preciso. Amanhã eu preciso de todos vocês aqui. O treinamento será feito no andar subterrâneo do prédio.

— Como assim 'andar subterrâneo'? — perguntou Sean.

— Um andar debaixo do chão, ué.

— Por que lá?

— Por que lá é um lugar silencioso e sem distrações. Vocês irão aprender bem mais. Entenderam, né? Pela manhã saio com o Black e procuro oque vocês precisam. Durante esse tempo vocês podem descansar ou fazer oque acharem melhor. Procurarei o profissional e peço que todos vocês estejam aqui à tarde, sem falta!

— Entenderam, né? — reforçou Black e os outros concordaram.

— Gram, eu...

Quando Sean estava prestes a se desculpar com Gram sobre Yok, o mesmo recebeu uma ligação de seu melhor amigo e seu rosto empalideceu. Ele sentiu suas mãos suarem frias, parecia algo ruim, mas era apenas a reação de alguém que não estava esperando aquela chamada.

— Desculpem... Eu preciso atender...

O rapaz deu as costas e caminhou para um lugar silencioso e vazio. Ele não estava esperando aquela ligação, e por isso encarou incrédulo o nome do garoto, até finalmente ter coragem para atendê-lo e ouvi-lo depois de alguns dias. Seu coração batia acelerado. Parecia que ele nunca havia falado com o garoto antes.

— Gram...? Posso falar com você pessoalmente? — perguntou com a voz tristinha.

Do outro lado da tela, o dono daquela voz era fraca e quase inaudível e ele se encontrava exatamente do mesmo jeito. Desde o dia em que ele renunciou a liderança da gangue, Yok andava distante e tristonho.

— Onde você tá? — perguntou num tom frio, mas por dentro ele estava sentindo seu coração doer.

— Pode vir na minha casa? Minha mãe saiu e eu realmente preciso falar com você...

— Em quinze minutos eu tô aí...

— Obrigado...

[...]

— Pessoal, eu tenho que ir primeiro... Apareceu uma coisa pra mim e eu realmente preciso ir. Mas, Todd, estar aqui amanhã à tarde, né?! — perguntou e o mesmo concordou — Tudo bem, entendi. Vejo vocês na oficina.

Gram não esperou pergunta nenhuma em troca de sua explicação rápida. Parecia que o rapaz estava indo encontrar alguém extremamente importante, pois ele pilotava rapidamente e sentia seu coração bater acelerado. Ele não esperava por uma mensagem como aquela nem tão cedo.

— Por que me chamou? — perguntou o rapaz de cabelos platinados para o garoto que estava olhando para o nada, sentado de costas em sua camaa.

— Eu queria te pedir uma coisa e não podia ser feito pelo celular...

— O que é? — perguntou novamente e foi até a cadeira na frente do moreno, já que o mesmo não levantou para falar consigo — Por que não tá olhando pra mim?

Com a aproximação do garoto e com a pergunta, Yok virou um pouco o rosto para o lado oposto de Gram, foi nisso que ele percebeu que algo estava errado, então segurou o rosto do rapaz e o fez olha-lo.

— O que foi isso?! — perguntou ao ver um corte no canto da boca do moreno.

— Eu briguei com o Dan...

— Eu vou matar ele... — respondeu ligeiramente e se afastou do amigo para sair pela porta, mas teve seu braço segurado.

— Acredite em mim, ele tá bem pior... Não vale a pena e não foi por isso que te chamei aqui.

— Então por que foi?

— Quero te pedir uma coisa...

— ...? —

— Eu quero que você cuide do Ayan...

— O que?!

— Cuida dele pra mim.

— Por que tá me pedindo isso?

— Já faz alguns dias desde que tudo aconteceu e eu sei que oque eu fiz foi imperdoável, e também, talvez as coisas fiquem permanentes demais...

— Tá falando do seu relacionamento com o policial? — questionou impaciente.

— Dan e eu nunca voltaremos a ter nada! Mas, como eu disse, eu não chamei pra falar sobre isso. Dan sabe sobre o Ayan, tenho medo que ele o machuque caso eu não faça oque ele queira...

— Esse cara é um tremendo filho da puta!

— Vai poder cuidar dele por mim?

Gram pareceu pensar um pouco antes de responder para o maior, pois ele sabia de coisas que Yok não sabia sobre Ayan, por isso pensou.

— Me parece certo falar pra você... Eu sei que você anda ligando pra ele, Yok... E quando ele atende, você simplesmente desliga. Você não acha que tá indo longe demais?

— Como sabe que eu o ligo?

— Kan e Wat... Por que você o liga?

— Eu queria saber se ele está bem...

— Por que você não deixa ele ir de vez? Não o prenda mais se não pretende voltar. Ele tá conhecendo gente interessante e tá saindo, mas quando você liga pra ele, ele volta pra você Yok...

— O que eu devo fazer...?

— Deixa o menino... Deixa ele ir... Não vá atrás. Se você quer o bem dele, o mantenha longe de você...

— A... — aquela fora a resposta mais vazia que ele podia dar — Acho que eu entendi, agora...

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