Clarão

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Ayan e Yok dormiram por poucas horas na madrugada, pois era bem tarde quando eles resolveram se deitar, eles também acordaram antes que os primeiros raios de sol surgissem, para que assim desse tempo do menor voltar para a casa de Wat antes que seus amigos sentissem sua falta e os amigos de Yok o vissem saindo do quarto.

Mesmo ainda sendo o início da manhã, o ar já estava quente e Ayan andava despreocupado e totalmente sem sono na beira da praia, enquanto sentia a água gelada molhar seus pés e afundar a areia abaixo deles. O céu estava nublado e seu cinza era refletido na água calma do mar. Uma brisa fria e suave era trazida pelas ondas e trazia consigo o cheiro de mar; que sensação boa. Sensação de que não existe nada além daquilo. Que é só você no mundo todo. Você e o mar. Só você e seus pensamentos. Você e seus sentimentos. Você.

— Quando você chegou aqui? Nós não te vimos no bar ontem à noite e nem no quarto... Quero dizer, não sei se vimos ou não, nós estávamos bêbados demais, talvez...?

— Tem razão, eu não estava no bar. Depois de beber um pouco eu caminhei pela orla. Já era tarde, então eu tava na praia até mais cedo. — mentiu — Como tá o Namo? Ele disse que não ia beber nada e parecia mais bêbado que todo mundo. — respondeu para Kan.

— Ele realmente bebeu muito, mas é o Namo... Ele não vai perder a chance de sair pra beber de novo.

— Sair pra beber? A gente vai sair de novo?

— Não, quer dizer, sim. — corrigiu-se — Mas foi o amigo de Yok quem chamou a gente.

— Qual deles?

— Qual é, Aye, tá com ciúme? — perguntou Wat que acabará de sair do banho e foi até os garotos, enquanto secava os cabelos — Só foi um convite, nada demais.

— Eu com ciúmes? Do Namo? — perguntou rindo e arqueando as sobrancelhas — Só quero saber quem aguenta beber dia após dia desse jeito.

— O Namo... E claramente os outros... Agora vamos indo, ele ainda tá dormindo, mas quando acordar vai se juntar a nós.

Um início de manhã ensolarada na praia animou todos os rapazes que já estavam acostumados com o clima duvidoso de Bangkok. Os garotos da gangue de Yok tomavam água de coco e outras bebidas numa 'pequena' barraca alugada por Todd para que todos pudessem aproveitar o dia quente, enquanto relaxavam na beira da praia. Oque os espera lá na frente não é algo pequeno, então por que não aproveitar? Nunca se sabe quando algo vai ser a última vez.

— Então foi você que pegou o carro? — perguntou Todd para Yok que acabará de retornar da água junto de seu melhor amigo.

— Foi. — sorriu.

— Por horas acreditamos que estávamos ficando loucos.

— E eu me irritei com isso.

— Huh! Tudo bem. Mas por que precisou pegar o carro Yok? Não era só voltarmos juntos?

— Eu precisei levar o A...

Yok parou antes de responder e ficou calado por longos e intermináveis segundos, então ele encarou seu amigo que estava esperando uma resposta e logo olhou para a pessoa que caminhava em direção à barraca junto de seus dois amigos.

— Hey, Todd!

A voz de Aye soou atrás de Todd e o mesmo virou-se um pouco para encara-lo e cumprimentar ele e seus amigos.

— Caras, sentem-se. — pediu e eles logo se aconchegaram nas cadeiras — Os outros estão na água e já vem se juntar a nós. Ah, Yok, oque você dizia?

— Eu precisei voltar, comecei a me sentir mal. Talvez eu tenha bebido demais.

— Se bebeu demais como conseguiu dirigir? — perguntou e todos encararam o moreno que ficou quieto.

— Qual é... O Yok precisava de um tempo sozinho, ou às vezes você não precisa ficar sozinho? Deixe-o em paz.

— Certo! Não precisa disso, só me avise da próxima vez. Não quero achar que estou ficando louco, não é legal. Rapazes, vocês vão ficar de roupa? Olha só esse dia! — falou mirando o céu azul — Tá bonito demais pra não nos permitimos vivê-lo.

Todd estava certo. O dia estava belo demais para não ser aproveitado. Ayan e Yok mal conversaram aquele dia, não por haver algum problema entre eles, mas por todos estarem próximos demais e qualquer deslize de ambas as partes poderia fazer seus planos irem por água abaixo.

Mas, frequentemente seus olhares se cruzavam. Eles não deixavam transparecer que algo estava acontecendo entre eles, até que pouco antes do almoço eles saíram da água. Todd permaneceu o tempo todo na barraca, pois não gostava da ideia de um sol tão quente estar queimando sua pele. Quando alguns dos rapazes voltaram do mar eles sentaram-se em lugares diferentes e afastados. Por exemplo: White sentou ao lado de Gram e afastado de Sean, Black sentou-se ao lado de Sean e Kan, e assim por diante. Foi então que os dois rapazes sentaram-se lado a lado, ainda fingindo que nada acontecia ali.

— Aye, o que são essas marcas? — perguntou Black vendo alguns áreas levemente roxas na pele de Ayan. Os murmúrios logo cessaram e os olhares recaíram sobre o mais baixo que o encarou desconcertado.

— A casa de Wat tem alguns mosquitos, eu sou alérgico...

— Oh! Tá explicado...

— Onde está o amigo de vocês?

— O nome dele é Namo. Ele bebeu demais, nós o deixamos descansando.

— Vocês parecem bem próximos. — disse White pouco antes de comer um pouco de salada.

— Nós somos. Nos conhecemos no colégio no último ano. Ele é uma pessoa incrível.

Com as palavras de carinho saindo da boca Ayan, Yok revirou os olhos e Black notou isso de imediato, mas achou que pudesse haver algum problema entre os dois, por isso o mais alto agiu de tal maneira.

— Acho que vou primeiro... — disse Yok levantando da cadeira e fazendo todos o olharem — Minha cabeça tá doendo...

— Senta aí, Yok... — disse Gram o puxando de volta.

— Você não vai agora... — sussurrou Ayan discretamente no ouvido de Yok.

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