Detalhes

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Alguma vez você já viu tudo de uma pessoa como se sua visão estivesse ampliada ao máximo? É aquele tipo de análise completamente. Aquele olhar que enxerga sua alma e coração. Atravessa seu corpo como uma espada, mas que não o machuca. Digamos que nesse corte a espada passa pelo seu peito e vê cada pedaço de carne sendo cortado ao meio. Vê cada molécula de sangue em suas veias, correr contra o tecido fino de pele. Você nota até os pequenos vasos sanguíneos sendo dilatados. Bom, é isso que alguns olhares parecem ver.

— O que tá fazendo, baixinho? — perguntou Yok com um sorriso bobo ao ver Ayan se aproximar mais de si.

— Eu quero beijar você... Eu posso beijar você? — perguntou timidamente mirando aquele sorriso lindo a sua frente, então sentiu seu coração bater acelerado junto com as borboletas que surgiram em seu estômago.

Ayan quis eternizar cada momento ao lado de Yok por medo de ser o último. Ele tirou inúmeras fotos em seu pensamento de cada traço do moreno. O detalhe de seus lábios levemente rachados; suas bochechas coradas; as entrelinhas; os detalhes de suas orbes. O jeito que o vento movia e secava lentamente alguns fios de seus cabelos. Tudo foi guardado, todos os pequenos detalhes daquele rosto tão lindo.
Yok sorriu ainda mais e isso fez as bochechas do mais baixo corarem. O mais alto aproximou seu rosto ao de Ayan e juntou seus lábios, iniciando um beijo calmo e lento, e assim Aye pôde sentir um pouco do gosto da bebida que adoçava aqueles lábios rosados e que para ele tinham um gosto tão bom, com ou sem bebida.

— Tão bom... — disse afastando-se um pouco.

— Whisky?

— Você...

O beijo não foi necessariamente avassalador, foi desejoso, mas calmo. Eles não estavam com pressa para ficarem juntos de novo, mas tudo estava tão bom aquela medida, que Yok abriu um pouco mais a boca e permitiu que a língua de Ayan a invadisse e dançasse sutilmente ali dentro. Ayan arrepiou com isso e sentir o moreno era incrivelmente bom. O frio na barriga esteve presente o tempo todo como se aquela fosse a primeira noite que os dois passariam juntos. Uma das mãos do baixinho estava no rosto do moreno e a outra estava em sua cintura, assim como as de Yok estavam nele.

Aye não sabia ainda, mas aquela noite foi a primeira prova de que o mais alto não queria estar com ele apenas pelo sexo. Ele já havia aceitado o teste de trinta dias para provar para Ayan que nem toda relação é seguida por segundas intenções. A perna esquerda de Yok estava entre as de Ayan e seus pés estavam aconchegados um no outro. Foi leve e tranquilo, mesmo acontecendo repentinamente. Ambos se aconchegaram para tentar descansar depois de uma conversa um tanto esclarecedora e cansativa e uma noite turbulenta. Enquanto na praia os meninos se questionavam se Todd realmente havia levado seu carro ou se eles estavam bêbados demais e imaginando coisas.

— Você veio de carro? — perguntou Sean desconfiado e trocando os pés enquanto caminhava.

— Eu tenho certeza que nós viemos de carro...

— Eu acho que não, senão nós saberíamos onde você estacionou, e já estamos procurando há alguns minutos. — respondeu White segurando o namorado.

— Eu vim de carro... Eu tenho certeza... — insistiu.

— Então onde estão as chaves? Ãh? — perguntou Gram impaciente e Todd as procurou em seus bolsos, mas ele nunca as acharia ali.

— Isso que eu não sei... Meu Deus, eu perdi meu carro! Aquela carro foi caro, em?! Vamos na delegacia! — disse se desfazendo dos braços de Black.

— Você tá viajando, Todd! Nem sabemos se foi realmente roubado e você só pode tá esquecendo que nós viemos até aqui justamente pra fugir da polícia... — relembrou Black.

— Cara, você é rico e tá choramingando por um carro?! Um carro! Você pode comprar vários! Você é rico, Todd, e tá chorando por um único carro?! — Gram estava indignado e passou as mãos pelo rosto, puxando a pele abaixo de seus olhos para baixo — Só vamos embora. Eu estou começando a perder a paciência com tudo isso. Só quero chegar, tomar banho e dormir, e foda-se seu carro, Todd! Se ele veio ou não nós não sabemos, ele não é mais uma criança, e eu não ligo! — disse por fim e voltou a caminhar, então os outros também o seguiram.

— Vamos, lá, Todd. Realmente não é longe daqui, voltaremos a pé e amanhã voltaremos aqui pra ver se realmente nós viemos de carro... — disse Black voltando a caminhar junto à seus amigos.

— Será mesmo que eu não vim de carro?! — se perguntou ainda parado no mesmo lugar.

— Todd!

— Huh! Eu já vou! — falou como uma criança birrenta e logo os seguiu.

O caminho para o apartamento foi barulhento por conta da discussão sobre o carro. Nenhum deles tinha noção de quão alto estavam falando, além de Gram, que aos poucos recuperava sua consciência e tinha cada vez mais raiva de seus amigos falando tão alto. De instante em instante ele tinha que lembrá-los que ainda estavam no meio da rua e que precisavam falar baixo se não quisessem que as pessoas os denunciassem por perturbar a paz, pois já era tarde.

— Shi! Vocês estão falando muito alto e isso me irrita! Se a polícia vir aqui, eu vou embora e deixo vocês se ferrarem sozinhos!

— Cala a boca, Gram! Não vê que estamos falando algo sério?!

— Black, eu te peço com toda calma e paciência do mundo... Se você não calar a boca do Todd, eu vou calar com um soco!

— Tá, tá...

— Andem, vão para seus quartos. Eu estou cansado de ouvi-los...

Gram estava cansado de seus amigos bêbados e caminhou sozinho para seu quarto e ao entrar no mesmo, encontrou Yok ainda acordado na varanda e Ayan dormindo no canto da cama, mas ele não falou nada sobre e só caminhou até o mesmo.

— O que faz acordado?

— Eu perdi o sono pouco tempo atrás... Como foi no bar? Você parece sóbrio.

— É, eu tô... e no bar... depois que saímos de lá foi bem estressante...

— O carro... — sorriu fraco.

— Foi você quem pegou... — também sorriu entendendo oque havia acontecido.

— Gram... você sabe que a gente não consegue fugir pra sempre, não é...?

— Então por quê estamos aqui?

— Sean está machucado... mas eu preciso fazer alguma coisa...

— Você não pode bater de frente com a polícia...

— A gente pediu por isso... enquanto o Jeon está morto, eles estão por aí procurando pessoas inocentes para descontarem sua frustração e dizer que foi engano.

— Nós fizemos o certo...

— Eu tô cansado pra caramba de tentar fazer o certo e não ter resultado...

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