Bed Friend

Realidade

O caminho de volta para Bangkok foi tranquilo, mas ao passar pela entrada da cidade, o clima imediatamente pesou e o cheiro de problema pairou no ar.

— Aproveitaram a viagem?

— É... Foi bem tranquila e relaxante, mas nós temos algo a fazer aqui...

— Eu nem acredito que a gente teve que voltar... Assim que entramos na cidade eu senti o cheiro de problema. A atmosfera ficou pesada...

— Não da pra fugir do mundo pra sempre, né. — disse Gumpa voltando dos fundos da oficina.

— Não...

— Onde estão os outros?

— Eu acho que hoje cada vai para um lado. Todd e Black tiveram que resolver algumas coisas do prédio que a gente ficou hospedado. Sean e White apenas saíram direto pro estúdio de arte e aqui estamos Gram e eu.

— Eles não podem arriscar sair desse jeito. Black ainda escapa porquê tem o Todd, mas Sean já tá na mira da polícia, e vocês dois também!

Yok esfregou as mãos contra o rosto e sentou-se no sofá. Tudo estava tão bom nos últimos dias, que voltar para a realidade parecia um pesadelo monstruoso, daqueles que você não consegue acordar durante à noite e só vive a tormenta até alguém acorda-lo ou você lutar para acordar sozinho.

— Yok, o que você pretende fazer sobre o assunto do Jeon?

— Sinceramente, Gumpa? Eu já não sei mais oque fazer... Eles apagaram qualquer coisa que pudesse mostrar que passamos por aquela delegacia aquele dia e isso porque estamos tentando lutar pelos direitos certos... Nem os jornais notificaram sobre aquilo. Certo que algumas pessoas realmente se importam, por exemplo as pessoas que anunciaram a morte de Jeon naquele dia e ficaram contra os polícias. Mas se acima de nós tem o governo, como nós podemos fazer alguma coisa?!

— A gente ainda pode tentar... Uma chance em um milhão significa que ainda temos uma chance...

— Eles sempre vão arrumar um jeito de calar nossa boca. Por que nós simplesmente não podemos ter o direito de expressar oque é certo ou não pra nós...? Eles estão tentando lidar com a gente de um jeito silencioso, só pra não tumultuar e não pesar pro lado deles! Eles vão voltar aqui, e com certeza vão fazer pior do que fizeram com o Sean...

— A gente vai pensar numa solução...

— Eu acho que já tenho uma... Onde tá minha moto, Gumpa?

— Nos fundos.

— O que vai fazer, Yok?!

— Só conferir uma coisa... — respondeu indo pegar sua moto, enquanto digitava algo no celular.

— Yok, se você tá pensando oque eu tô pensando, pode esquecer! Você tem que entender que polícias não ajudam pessoas como nós! Eles sequer ajudam pessoas! Eles vão terminar de destruir a gente! Ele vai terminar de destruir você!

O moreno não deu atenção ao seu melhor amigo e isso o deixou furioso, então ele também pegou sua moto para segui-lo.

— E agora o que você vai fazer?

— Vou tentar colocar na cabeça dele que não existe acordo com a polícia. Não existe acordo com o governo. Ele já tentou isso uma vez, nós o apoiamos e nos ferramos junto dele. Agora ele tem que me ouvir.

Gram saiu furioso da oficina e de longe via seu amigo seguir o caminho do prédio onde Dan se hospedava, mas ele apenas o seguia de longe, até ter certeza daquilo que ele já tinha...