Sabe quando você fica com raiva ao extremo e sente os sinais do seu corpo? Sente esquentar e seu peito dói? Era isso que estava acontecendo com Ayan. Ele sentia seu corpo arder, mas ele não estava com febre, ele estava com raiva!
— Tá tudo bem aí? Você viu a gente chegar ou vamos ter que entrar de novo?
Kan perguntou ao amigo num tom brincalhão e o mesmo os encarou, ele realmente não os tinha visto ali, mas mesmo assim decidiu ignora-lós.
Ayan esqueceu completamente dos chupões e das mordidas que foram deixadas por Yok em seu corpo e tirou sua camisa de manga longa, deixando assim suas marcas expostas. Os dois amigos de Ayan que estavam parados ali viram os roxos no corpo do garoto e se entreolharam depressa estreitando as sobrancelhas e arregalando os olhos enquanto um sorriso divertido, porém confuso se formava em seus lábios. Suas expressões mostravam descontração e eles logo esconderam o sorriso que ficava cada vez maior por trás de suas mãos. Não era muito comum vê-lo tão frustrado, só o viram desse jeito uma única vez durante uma briga com um colega de sua antiga escola.— Que marcas são essas?! Você brigou com alguém? — perguntou Wat e Kan deixou seu riso escapar, mas ao olhar para Ayan ele imediatamente ficou sério. O garoto acabará de se dar conta de como seu corpo estava e que seus amigos acabaram de vê-lo daquele jeito.
— Não vai me dizer que você e o Yok... — disse Kan, mas Aye o interrompeu antes que ele terminasse.
— Huh! Sim! Nós dormimos juntos essa madrugada...
— Vocês o que?! Vocês transaram?! — alarmou o garoto.
— Filho da puta...
— Boa, Kan! — gritou Wat e jogou as mãos para cima, fazendo assim Kan bater nas mesmas e sorrir vitorioso.
— Caralho, Ayan. Eu ia perguntar se você e o Yok tinham brigado — disse em meios as risadas —, mas essa briga seria bem diferente, os socos deixaram marcas de chupões e mordidas.
— Ele foi o ativo?! Por isso você está com raiva?!
Era impossível os dois garotos segurarem seus comentários engraçados e suas risadas descontroladas, eles estavam se divertindo vendo o amigo tão chateado, mas Ayan não estava brincando. Sua raiva não parecia diminuir nem com os dois amigos por perto.
— Já chega, não acham?!
— Responde essa e a gente te deixa em paz e talvez até possa te ajudar com seu problema. — falou Kan e Aye suspirou.
— É, ele foi, mas porquê eu permiti que fosse! E não, eu não tô com raiva por isso, satisfeitos agora?!
— Não muito, e você, Kan?
— É... essa explicação meia boca da pra enganar. Agora por quê está tão bravo?
Aye contou toda a história que aconteceu mais cedo para seus amigos e também afirmou para ambos que não voltaria a ver Yok. Tudo que aconteceu não passou de um erro que não voltaria a se repetir. Quem dera fosse tão fácil assim.
— Que desgraçado! Você tá certo em não querer mais vê-lo! Eu achei que ele era um cara legal, mas eu também não fui com a cara do Sean, eu teria batido nele lá mesmo.
— É melhor voltar o que éramos antes, nós três, apenas!
— Deveríamos sair hoje à noite?! Esquecer desses problemas. — propôs Kan.
— Praia?!
— À noite? — perguntou Ayan.
— Sim, eu já fui e é bem legal até.
Estava tudo certo. Os três passariam no mercado no fim da tarde e logo iriam para a casa de praia de Wat. O lugar não era usado com muita frequência. O rapaz só o visitava quando precisava improvisar algumas cenas do seus curta-metragem, então raramente iria até a praia para curtir as horas vagas. Já na oficina, os rapazes já haviam limpado todo o lugar, e enquanto Sean se recuperava dos ferimentos que teve no rosto e no corpo, os outros procuravam um lugar para ficar temporariamente até a poeira baixar para eles.
— Porra, por que não pensei antes! Todd pode ajudar a gente!
Black por um breve momento esqueceu que seu namorado é rico e poderia facilmente tirá-los dali por um tempo, então o mesmo ofereceu seu apartamento na praia para os rapazes passarem o tempo necessário. Que baita coincidência, não? Ser rico é uma grande vantagem em todos os lugares, e quando se mora em Bangkok, isso também é essencial. Pessoas ricas que não tem seus nomes envolvidos em grandes polêmicas não estarão sujeitas a investigações, mesmo que não estejam limpas 100%. Bom, Todd era uma dessas pessoas.
Yok e sua gangue foram mais cedo para o apartamento de Todd junto ao mesmo, menos Gumpa. Ele tinha assuntos para resolver com um amigo fora da cidade. A polícia voltaria a aparecer quando descobrisse que Sean os deu a localização errada de onde seus amigos estavam.
— Em qual andar é o seu quarto? — perguntou Gram ao passar pela porta de entrada onde foram recebidos pelo recepcionista e um segurança.
— Ah — riu —, acho que não disse tudo, o prédio é meu. — os meninos o olharam incrédulos — Então podem ficar onde quiserem.
— O prédio é seu?! — indagou Sean que era carregado por Black.
— É. Algumas pessoas moram aqui, mas vocês podem ficar à vontade. O meu quarto fica lá em cima, todos do andar estão desocupados, se quiserem ficar por lá.
Os rapazes se entreolharam surpresos, mas logo subiram para escolher seus quartos. Todd dividiria o seu quarto com Black, Sean e White dividiriam outro e Gram e Yok ficariam juntos como sempre fizeram.
— As vezes é bom escapar da correria diária, não acha? — perguntou Gram para o moreno enquanto olhava à vista da varanda. Gram parecia tão sabia às vezes, ele era impossível.
— Acho. É realmente muito bom...
Yok estava pensativo. Foi burrada de sua parte culpar o garoto por algo que ele não havia feito.
— Você está pensando no Ayan, não está?! Da pra notar a quilômetros de distancia.
O moreno levantou e caminhou até onde seu amigo estava. Seus olhos vagavam entre as ondas fortes que se formavam no fim da praia e se quebravam ao chegar no início da areia. Seus pensamentos estavam perdidos nas coisas que aconteceram de manhã e também na madrugada.
— Não quer ligar?
— Não, ele não quer me ver, e é melhor assim... Eu vou tomar banho.
Yok deu as costas e pegou a toalha que tinha jogado em cima da cama.

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Bed Friend
Fanfiction"E agora, te odiando ou não, mesmo que eu tente, eu não consigo ficar longe de você..."