Janelas e ar-condicionado

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— Por favor, resolvam isso. Ninguém aguenta mais essas brigas idiotas de vocês dois. Conversem como adultos. Por favor. — falou Todd do outro lado da porta.

— É só uma conversa, vocês não vão morrer por causa disso.

"A gente pode cancelar aquela brincadeira? Ele não leva nada a sério, cara... — pensou bravo consigo mesmo, enquanto se sentava na cama e Ayan se esparramava na cama.

— Você sumiu o dia todo, onde esteve? Me deixou realmente preocupado.

— Vai continuar fingindo que se importa? Pergunta pro Namo onde ele vai estar amanhã à tarde...

— Qual é, Yok... Tá mesmo levando isso a sério? Você passou o dia inteiro sem falar comigo e ainda tá de mal por achar que eu tenho algo com ele?

— Você acha legal me irritar, não é? Precisa dar justo o meu lugar pra ele sentar? Você parece que gosta de me ver furioso.

— Eu gosto de como você fica quando tá com raiva... — falou provocando-o.

— Por que você não cala a boca?

— Yok... Não precisa ficar chateado. Eu já não te disse que ele e eu somos apenas amigos?

— É, você também dizia que nós éramos apenas amigos e hoje estamos j... — pensou e corrigiu-se — "ficando".

— Nada que eu faço é o bastante pra te fazer acreditar em mim... Você sabe tanto que isso da gente não é verdade que tá tentando mexer comigo pra me fazer pensar igual você... Mas você sabe que a gente só sai daqui quando se resolver, né?

— Então é melhor começar a dormir.

— E você?

— Vou esperar amanhecer.

— Nem pensar...

O cômodo era iluminado por uma meia luz fraca que entrava no lugar através das janelas. O quarto estava abafado, pois as mesmas foram deixadas trancadas e o controle do ar não estava no quarto. Isso os proporcionaria uma noite quente, em todos os sentidos.

O mais alto começará a sentir seu corpo esquentar cada vez mais e o suor começará a umedecer sua camisa, passando um pouco para o forro da cama. Ele abanava seu pescoço e rosto com as mãos tentando amenizar o calor que estava sentindo dentro daquelas roupas, foi quando levantou-se da cadeira e caminhou até a janela para tentar abri-la, mas isso só o fez ficar mais chateado. Como se não bastasse estar preso dentro dum quarto com a pessoa que mais odiava naquele momento, ele estava ficando irritado com o calor e por sabe que estava tentando algo que não daria certo e era inútil tentar.

"Tão idiota..."

— É claro que você vai sentir calor. Você tá vestindo duas camisas... Tira pelo menos a branca.

— Falou o cara que... — tentou retrucar, mas percebeu que as roupas do mais baixo eram totalmente adequadas para o clima — Esquece... E as roupas que eu uso não são da sua conta.

Ayan olhava para o rapaz furioso parado em frente à janela e ele parecia tão impaciente. Olhava de um lado para o outro com seu olhar distante. Foi a partir daí que Ayan começou uma análise completa no rapaz. Ele se endireitou na cama e se apoiou nos travesseiros, então passou a reparar em todos os detalhes, pois a pouca luz que entrava no quarto estava batendo inteiramente em Yok.

Aqueles olhos inquietos que saltavam de estrela para estrela daquele céu escuro. Os traços sutilmente desenhados de seu rosto; suas sobrancelhas juntas, graças a frustração que sentia; seus lábios entreabertos e rosados... Seus braços cruzados à frente de seu peito e a forma que ele umedecia frequentemente seus lábios ressecados.

Tudo isso chamava a atenção de Ayan. Por vezes Yok se olhava no espelho e não conseguia ver muita coisa interessante que pudesse fazer alguém ficar em sua vida, mas ele sempre esquecia que foi justo com o Ayan que ele se decidiu se relacionar. Alguém que não vê interesse em si mesmo se envolveu com alguém que sempre que o olhava se apaixonava cada vez mais. Que sempre que o olhava encontrava mil motivos novos para ficar.

"Como alguém tão bravo e frustrado consegue ser ainda mais atraente quando está nesse estado? Ele é simplesmente lindo em todos os seus dias, formas e estados de espírito. Com todas suas emoções e sentimentos. Simplesmente esplêndido e fascinante! Ele é um livro cheio de mistério que me faz querer lê-lo do início ao fim. Eu sentiria cada página como sangue na língua, e quando eu chegasse ao fim, eu voltaria a ler do início. Ele é um livro que eu nunca vou enjoar de ler. Ele é a pessoa mais incrível que eu conheço... — Ayan."

A forma que as mangas curtas da camiseta de Yok marcavam seus braços e a forma que sua camisa preta marcava seu peitoral mexia inconscientemente com o mais baixo. Ele estava tentando se controlar e respeitar o espaço do outro, então encarou o teto a sua frente e tentou afastar seus pensamentos, mas isso estava o deixando inquieto, como Yok.

O silêncio parecia gritar e tudo que Aye queria era que o moreno o desculpasse por ele tê-lo provocado o dia inteiro, então ele sentou-se na cama e chamou a atenção de Yok para si e quando ele o olhou, ele deu batidinhas no colchão ao seu lado, chamando-o para sentar ali.

Yok não relutou e só seguiu oque o garoto queria que ele fizesse e sentou-se ao seu lado, mas ele ainda não o olhava, estava emburrado.

— Hey...

Embora tudo tenha sido por sua culpa, Aye não queria ficar brigado com o maior. Gentilmente ele tocou a cintura de Yok e isso o causou um arrepio que percorreu seu corpo, em especial o seu pescoço.

"A gente se entende..." — pensou consigo.

— Por que você mexe tanto comigo? — perguntou se aproximando devagar — Você consegue chamar minha atenção com tudo que faz... Você mexe muito comigo e esse seu jeito bravo é tão fofo e tão atraente... Sabia...? Você é tão rebelde, grandão...

— E você não sabe a hora de parar de tentar, não é? — resmungou — Desiste!

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