Bed Friend

Plano de invasão

Depois de sair da sala de reuniões de Todd, White subiu pela escadaria para encontrar seu amigo frustrado que estava na cobertura do prédio. Parecia tão difícil para seus amigos entenderem seus sentimentos. De todos, ele parecia ser o único preocupado com tudo, e mesmo que os outros também estivessem com cuidado no moreno, só ele realmente demonstrava.

Gram estava sentado no chão da cobertura e balançava seus pés que estavam suspensos no ar e, com seus olhos inquietos, ele encarava todos aqueles incontáveis prédios a sua frente. Sua mente estava em outro lugar. Os ventos daquele dia assoviavam no lugar tão alto em que Gram se encontrava e seus cabelos eram bagunçados para o lado oposto de como eram arrumados.

— Gram...? — chamou o garoto que se aproximava lentamente de seu amigo, mas não teve respostas — Sou eu, White...

O rapaz virou um pouco seu rosto e olhou de relance para White, que também o encarava enquanto esperava uma resposta qualquer ou ao menos um movimento que significasse que ele podia se aproximar, mas não o teve.

— Olha, Gram... — começou ainda distante — Eu realmente não entendo oque você tá sentindo quanto ao Yok, mas eu também tô preocupado com ele. Talvez não tanto quanto você, mas eu estou, e posso garantir que todos lá embaixo também estão, eles só não demonstram como você... Eles estão com raiva do Yok e da mesma forma que você se coloca no lugar dele, tenta se colocar no deles também... Eu sei que ele é seu melhor amigo, mas todos nós perdemos alguma coisa quando ele se foi.

Por mais que Gram não o olhasse, ele estava prestando atenção em tudo que White falava. Ele sabia que estava descontando sua frustração nas pessoas erradas, ele reconhecia isso, mas era cabeça dura demais para admitir.

— Eu tô do seu lado quanto ao Yok. Eu também acredito que ele não teve escolha a não ser fazer oque fez e eu também vou defendê-lo quando, e se chegar hora de nós o confrontarmos.

— Eu já entendi que eles estão com raiva do Yok, — começou depois de um longo tempo em silêncio — mas Sean não pode culpá-lo por ter feito oque fez. No lugar dele eu faria o mesmo e não daria a mínima pro que vocês iriam pensar de mim...

— Então, Gram... Yok não se importou com oque pensaríamos dele, por isso fez aquilo.

— Eu vou voltar lá pra baixo...

— Conversem civilizadamente. Eles vão entender, e não se estresse com Sean, ele não entende...

— É... Eu sei.

Gram levantou de onde estava sentado e finalmente olhou diretamente para o garoto atrás de si. Seus olhos estavam molhados, mas lágrima nenhuma caiu deles. Por mais que ele estivesse preocupado, ele parecia o mais forte dentre todos os outros, mesmo demonstrando fraqueza.

— Quando você acha que ele vai voltar? — perguntou enquanto desciam as escadas.

— Eu realmente não sei, White. A única pessoa que poderia fazê-lo mudar de ideia foi embora.

— Quem?

— O Ayan...

— Embora?! Como assim?

— Você vai descobrir...

Quando os dois garotos adentraram a sala de reuniões os olhares recaíram sobre eles e Black sorriu brevemente para o rapaz de cabelos platinados.

— Tudo bem? — perguntou dirigindo-se ao mesmo.

— Tudo bem. Vamos fazer isso...

— Ótimo! — começou Todd — Deixe-me dizer-lhes algumas coisas. Durante o pouco tempo em que vocês ficaram lá em cima, conversei com os outros e os expliquei porquê não precisam se preocupar em entrar no prédio. Como eu havia dito, eu os ajudarei a entrar e sei que o armamento de vocês não chega perto do que eles tem.

Todd falava e falava e parecia que todas aquelas palavras não faziam o menor sentido. Ele parecia falar em códigos!

— Eu posso conseguir atiradores profissionais pra dar cobertura pra vocês pelo lado de fora.

— Que tipo de atiradores?

— Snipper.

— Uou! Pode mesmo contratar esse tipo de gente? — perguntou Sean.

— Ele pode, Sean. Mas ouçam, — começou Black — hoje em dia ninguém é confiável o suficiente. O dinheiro sobe a cabeça das pessoas e elas sempre irão querer mais. Confiem e desconfiem de todos.

— Nós não podemos arriscar machucar uns aos outros. Não podemos confiar que esses homens contratados pelo Todd são realmente confiáveis.

— Agora nós entregaremos uma arma para vocês, e vocês tem que ter uma ótima pontaria! Eu posso contratar algumas pessoas, mas também posso pagar o treinamento pra vocês.

— Treinamento de atirador? — perguntou White.

— Exato!

— Quanto tempo isso leva? Nós não podemos perder muito.

— O tempo de treinamento vai depender do seu interesse em aprender. Vou equipá-los bem antes que possam fazer alguma coisa. E detalhe...

— Ah, tá, detalhe... — interrompeu Sean — Só mais um detalhe. — brincou.

— Yok não está aqui, então vamos ter que dividir. Eu alugarei três carros de modelos iguais para levar-nos até o prédio. Sean e White vão juntos em um carro. Gram e Black, e eu e o Gumpa também vamos acompanhar, nós estaremos logo atrás.

— Tem certeza que é assim? Carros iguais?

— Não vai levantar suspeitas. Os carros que chegam com pessoas importantes são todos iguais. Mas vocês precisam decidir quem entra e quem fica na segurança externa.

— No total somos seis. Dois de nós podem dar conta da parte interna, junto com os homens de Todd e dois ficam guardando o lugar pelo lado de fora.

— Todd e Gumpa?

— Serão nossos olhos e ouvidos dos andares superiores. Através de rádios eles podem nos informar como está o movimento do prédio.

— Como eles vão ver? Através das paredes?!

— Alguns andares tem paredes de vidro, já os que não conseguiremos ver, nós usaremos as câmeras de segurança. Vamos estar a uma distância considerada segura. Pode explicar pra eles como os rádios funcionam? — pediu Todd ao chefe e novamente ele se levantou.

— Os rádios que vocês usarão não são necessariamente rádios, eles são microfones que ficam próximos a garganta e diretamente ligados ao ouvido. Os sons não se misturam. Vocês poderão falar normalmente uns com os outros e apenas a voz do outro poderá ser ouvida.