Bed Friend

Céu cinza escuro

Não havia mais pessoas nas ruas próximas à delegacia aquela noite e os garotos acenderam todos aqueles pedaços de panos dentro das garrafas. O calor seria armazenado dentro das garrafas e eles nem precisariam jogá-las para o fogo se espalhar. Vidro não suporta temperaturas extremas de calor, então ele racha e estoura.

— Black, tudo certo? — perguntou Yok. Ao lado da delegacia havia um curto corredor que levava até os fundos do prédio, foi por onde Black entrou e derramou gasolina nos lugares mais fáceis para o fogo se instalar.

— Alguma vez eu já errei?

— Já, várias! — disse Sean lembrando das vezes que Black vacilou com ele, e realmente, foram incontáveis.

— Tá no passado, Sean, por favor, deixe essas coisas onde devem ficar. Vamos fazer isso logo.

As garrafas foram erguidas no alto e apontadas na direção da delegacia, mas quando estavam prestes a jogá-las, uma voz que havia ficado marcada em algum lugar na mente de Yok soou atrás dos rapazes. Voz aquela que seu subconsciente se recusou a esquecer.

— Eu sabia que era você. — o moreno virou lentamente para Aye e seus lábios imediatamente se curvavam em um sorriso perverso e ladino por trás da máscara, mas ele logo a tirou — O maluco fugitivo.

— Ih, o baixinho do parque.

— Ih, o cara da Fanta. — Kan e Wat não seriam eles mesmos se não entrassem no meio da série de provocações nada discretas que os dois faziam entre si.

— Vocês vão mesmo ficar nessa? — perguntou Wat, perdendo sua paciência — A gente tem o que fazer aqui. Se quiserem resolver seus problemas, façam isso depois.

— Não estamos com problemas, isso é só brincadeira. Caras, esse é o cara do parque e... — hesitou — os amigos dele — disse Gram "apresentando-o" aos outros e apontando para os outros dois.

— Você faz o tipo do Yok — comentou Sean.

— Não, o Dan faz o tipo do Yok. — Gumpa deixou escapar e os 5 riram fazendo o moreno encara-lós. Isso era uma piada entre os garotos na oficina, mas Yok ainda sentia-se incomodado — Eu não resisti.

— Falou de mim pra eles? — Ayan perguntou, sorrindo de volta para Yok.

— Mal. — retrucou.

O mais baixo caminhou na direção dele, que fez o mesmo, parando frente a frente. Aquele sorriso ainda estava formado nos lábios do mais alto e ambos se encaravam de forma provocante e cheia de diversão enquanto os outros estavam parados em seus lugares esperando alguma reação de seus líderes.

— Você não vai fazer isso... Eu não posso e não vou deixar — disse Ayan e os meninos da gangue de Yok deixaram escapar alguns risos. Se havia algo que o garoto não tolerava, era ser mandado por alguém ou ter regras colocadas sobre si. Dan bem entendia disso.

— A não?... — provocou em tom suave — E como você pretende me impedir, baixinho?

— Não importa como, mas eu vou!

— Tá do lado deles agora? Espero que você entre sabendo que vocês são a minoria!

Ayan não estava do lado de ninguém para falar a verdade, mas não deixaria que aquele grupo de rapazes incendiassem aquele lugar. Eles seriam pegos em menos de uma maldita semana! Não dá para se esconder muito tempo. Não há um crime perfeito. Não há como sumir dos relatos, das notícias, das câmeras e tevês. Nada nunca passará despercebido. Eles seriam descobertos, cedo ou tarde, mas seriam. Como? O lugar estava cercado por câmeras de segurança, afinal, era uma delegacia, o que eles estavam esperando?