Conversa Sincera e Chuva de Verão

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— Posso perguntar uma coisa...?

— É claro que pode... — respondeu acariciando o cabelo molhado do menor.

— Lembra quando você me levou pra casa por acreditar que eu estudava bêbado? — perguntou risonho.

— Tem como não lembrar? Aquela foi uma das melhores noites da minha vida...

— Qual foram as outras?

— Todas as outras que eu passei com você... Mas não é isso que você quer perguntar, é?

— Não... Você lembra quando eu perguntei o que nós éramos e você disse que ainda não poderia dizer? — continuou e ele assentiu — O que nós somos agora? O que somos um para o outro?

— Você quer sinceridade?

— Sim...

— Você, Aye... Você é a pessoa mais importante da minha vida junto à minha mãe... — disse aliviado — Sempre foi você, desde o início, desde a primeira vez em que ficamos juntos. Eu não queria dizer oque você era pra mim porquê eu não sabia oque eu era pra você... Mas agora eu sei...

— Eu sempre fui seu, Yok... Eu sempre quis te encontrar depois daquele dia, mesmo que meus pensamentos ainda não fossem tão avançados. Eu sempre quis encontrar você, e eu não vou mentir, eu sempre tive outras intenções — sorriu malicioso.

— Você mexeu comigo — sorriu de forma gostosa — Eu não tenho palavras pra dizer oque você causou em mim naquele dia... Eu também não vou mentir sobre oque sentia. No início, eu só queria me divertir, ter alguém que quisesse o mesmo que eu. Eu não estava pronto pra estar em outro relacionamento. Mas você mudou cada pensamento. Com o passar dos dias, eu percebia cada vez mais que havia um pouco de mim em você. Você tem tanto de mim em você...

— Você também, tem tanto de mim em você, cê sabe bem... Eu poderia passar a vida ouvindo isso... Ouvindo você, tendo você...

— Eu sempre vou estar aqui, agora oficialmente... Eu tenho duas coisas pra te dar, mas vamos terminar aqui primeiro...

Aye e Yok estavam abraçados com seus corpos ensaboados debaixo do chuveiro. O cansaço sentido há pouco parecia ter ido embora junto a água, mesmo que seus olhos ainda estivessem pesados. Ayan estava preso no abraço do maior e gostava daquela sensação. Sensação de estar seguro de novo, de estar protegido por quem tanto queria.

— Eu não quero que isso acabe... Não deixa acabar, por favor...

— Eu não vou... Não dessa vez. Eu quero acordar com você ao meu lado todos os dias... Quero dormir sabendo que você vai tá comigo... Eu quero que você seja a minha zona segura... Meu espaço... Meu lugar, Aye...

O menor sentiu suas bochechas corarem e escondeu um riso ao virar contra o peito do moreno.

— Eu gosto de você assim... Manhoso comigo... Me deixa mimar você e te fazer só meu... Me deixa cuidar de você e te abraçar assim todo dia... Me deixa ficar com você e te levar pra sair... Me deixa te abraçar forte durante à noite, depois de um dia cansativo ou alguma brincadeira... — sorriu presunçoso, deixando Ayan ainda mais sem graça e fazendo sua pele arrepiar — Você é fofo, Aye... Você é o meu Aye...

— Eu vou ficar mal acostumado... Você cuidando de mim desse jeito... Eu senti falta... Como eu senti... Vamos acabar logo com isso... — interrompeu sentindo seu corpo inteiro vacilar diante do moreno — Eu quero saber oque você queria me dar.

Após longos minutos, Ayan e Yok terminaram seu tão demorado banho e com suas roupas vestidas, Aye sentou-se no pequeno sofá e o moreno logo o entregou o moletom dobradinho com o colar em cima. Ele sequer lembrava que havia perdido o seu colar e também não lembrava que o moletom estivesse com ele.

Kan e Wat haviam devolvido o cordão para o moreno no mesmo dia em que Ayan decidiu ir embora. Ao receber de volta, seu coração entristeceu e ele os guardou no fundo da gaveta, mas agora estavam expostos ali.

Os olhos de Ayan se iluminaram ao ver que ele havia guardado as coisas mais importantes para ele. Ele havia notado que Yok realmente nunca iria embora da forma que fora da última vez. Seus dedos tocavam o colarinho e vez ou outra ele lembrava de sentir o cheiro do perfume presente no pano. Era o cheiro do mais alto.

— Você guardou...

— Eu tinha que guardar... Tinha que ter algo seu, pois não sabia quando e se te veria de novo... Eu temi isso todos os dias...

Aye levantou do sofá e abraçou forte o rapaz, deixando também um beijo demorado e ainda carregado de saudade em seus lábios. Nada parecia suprir a falta que ambos sentiam um do outro, ainda que estivessem tão próximos.

— Eu te amo, Yok... Te amo muito...

— Eu te amo, baixinho, muito mais...

— Vamos assistir um filme? Só pra passar o resto da noite...

[...]

Um filme qualquer rodava na tv do quarto enquanto Ayan e Yok aconchegavam-se no outro. A porta da varanda fora aberta junto as cortinas e era para oque estava além delas que sua atenção estava voltada.

O mar estava agitado e o marulho que as ondas faziam ao chegar e quebrar na areia podia ser ouvido de seu quarto. O céu estava escuro e sem estrelas, já era um pouco tarde, talvez explicasse as nuvens, mas logo os relâmpagos e raios começaram a serem vistos ao longe. Eles iluminavam as águas e à noite, simplesmente esplêndido. Então a luz apagou e a tv desligou, isso arrancou uma risada de Ayan, que escondeu seu rosto no peito de Yok.

— Nós nem estávamos assistindo mesmo... — sorriu.

— Acha que os meninos ainda estão no luau?

— Se estavam, estarão indo para seus quartos agora mesmo. A tempestade pegou todos nós de surpresa. Espero que o amanhecer traga o sol, quero levá-lo para ver o nascer do sol.

— Deveríamos dormir?

— Você quer tentar? Eu sinceramente não estou com sono, mas se você quiser, pode dormir.

— O que vai ficar fazendo?

— Abraçando você desse jeito, posso? — perguntou apertando mais o abraço.

— Se prometer não me soltar...

— I promise...

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