Segredos

994 105 185
                                    

Há sempre alguma coisa a qual não contamos para ninguém, mas que as vezes é tão irrelevante, que para você não vai fazer tanta diferença contar. Por qual motivo Yok e Ayan precisariam falar abertamente sobre terem ficado uma única vez? As vezes, isso realmente não quer dizer nada. É algo do tipo: "tá, a gente só fica de vez em quando, mas nada mais que isso." Não há motivos para contar algumas coisas.

— Vocês vem? Posso apresentá-los formalmente aos meus amigos.

Kan e Wat não recusaram acompanhar os dois garotos à oficina, isso seria uma boa oportunidade para acertar as coisas que ficaram bagunçadas no último encontro com a gangue de Yok, mas agora não havia motivos para ambos não se darem bem.

— Então eu não faço seu tipo? — perguntou Ayan meio desapontado, mas focado na direção — Não foi isso que pareceu antes dos dois chegarem. — não há motivos para contar, já que eles ficaram uma vez só e não passaria daquilo.

— Qual é, baixinho, não fica assim. Eu só não podia entregar tudo tão fácil assim. Eu gosto de brincar.

— É, eu também, mas cuidado pra um dia não ser a pessoa que foi enganada. — ele errou, mas não havia como saber que Yok já esteve nessa posição e talvez por isso estava daquele jeito consigo. Certo, não justifica, mas algumas coisas nos obrigam a sermos como somos. A vida, as vezes nos empurra para os piores caminhos e apenas deixa que tentemos nos guiar sozinhos. Com a fala de Ayan, Yok sentiu meio culpado - Pode me usar pra se divertir, se quiser. — sorriu descontraído e isso amenizou a tensão do mais alto — Acho que deixei algum chocolate no porta-luvas, pega pra mim, por favor.

— Por que você quer chocolate a essa hora? — perguntou enquanto vasculhava a gaveta.

— Ele me ajuda com a concentração.

— E por qual motivo você teria que se concentrar agora?

— Porque você está do meu lado, grandão. Você me faz perder o foco. — Yok não estava esperando por isso e sorriu ainda mais enquanto abria o pacote para o rapaz ao seu lado — Eu consigo mexer com você só falando algumas coisas bobas, me pergunto se me deixaria ir mais longe se você não tivesse machucado.

— Você se acha muito, baixinho. Mas, se souber onde tá se metendo, sim, eu deixaria você ir mais longe comigo.

— Quão longe? — perguntou provocante enquanto comia um pedaço do chocolate e dava o outro pedaço para Yok.

— Isso você terá que descobrir...

Ayan sorriu de canto e viu pelo retrovisor que sua boca estava suja. O mais baixo aproveitaria essa e qualquer outra oportunidade para flertar com o moreno, pois era disso que ele precisava, qualquer deslize e mínima oportunidade para provocar o rapaz. Eles eram bons em mexer com o outro desde que descobriram o poder que tinham sobro o "seu" garoto.

— Sua boca tá suja.

— Não tá não. — retrucou. Aye falava sem desviar os olhos da estrada e quando Yok o respondeu ele limpou com o polegar o chocolate do canto de sua própria boca e passou nos lábios do mais alto que o olhou depois de entender o porquê de todo aquele charme. Era muito fácil perder o controle estando tão perto do outro. Perto o suficiente para sentir o cheiro do perfume amadeirado e rústico. O cheiro do hidratante corporal... O calor de seus corpos.

— Você realmente está tentando mexer comigo, não está?

— Você falou não estava sujo, agora está. — disse, fingindo inocência — Vem aqui, não precisa de drama.

Ayan segurou o rosto de Yok e o puxou bem para perto do seu para assim poder olhar a estrada e também o garoto. O mais alto achou que o garoto realmente iria usar algo para limpar o que ele lhe fez, e ele estava certo, mas não esperava que ele fosse usar os próprios lábios para limpar onde estava sujo de chocolate. Os lábios do mais baixo puxaram a pele de Yok onde estava sujo e isso o fez ter uma reação imediata, puxar o rosto de Aye, virando-o completamente para si e o beijando, mas logo se afastou e deixou o garoto dirigir. Aquele pequeno gesto e contato de suas bocas fora o suficiente para sentir o gosto bom de novo. Eles realmente eram bons e doces. Extremamente macios e carnudos. Qualquer pessoa ficaria perdida naqueles lábios e eles queriam mais, porém não podiam ter.

— Você é imprevisível, grandão.

— Você disse que eu poderia te usar para minha diversão, posso fazer isso então?

— Sempre que quiser.

Todas essas provocações estavam longe de acabar, eles gostavam disso. Gostavam do que tinham acabado de construir. Seja lá o que for, era divertido para ambos. O carro de Ayan fora o primeiro a parar quando chegaram à oficina e os amigos de Yok já estavam de pé. Eles ficariam extremamente felizes em vê-los, e foi isso que aconteceu. Todos ficaram incrivelmente felizes ao ver que o moreno estava bem, principalmente Gram. Seu corpo só doía de forma superficial, mas era melhor não tocá-lo.

— Yok! — o garoto de cabelos platinados saltou nos braços do amigo e o abraçou forte, forte demais, quase o derrubando.

— Ah... - ele gemeu e Ayan o olhou, preocupado - tá me machucando...

— Desculpe... — pediu e se afastou.

— Que bom que está de volta! — disse Gumpa entregando para o garoto uma cerveja.

— É bom estar de volta! Pessoal, quero apresentá-los a algumas pessoas. Certo que já se "conheceram" na noite anterior, mas não foi uma apresentação muito legal. Gumpa, Gram, Sean, Black e White, esses são Ayan, Kan e Wat.

— É claro! São amigos do carinha do parque, como pude esquecer. Prazer em conhecer vocês!

— E vocês são amigos do carinha da fanta, legal! — disse Kan no mesmo tom de brincadeira usado por Gram.

— O prazer é nosso! — continuou Wat.

— Sintam-se em casa, estamos as ordens. — disse Gumpa e entregou mais três cervejas aos garotos.

— Ayan, né?! — Posso falar com você? É bem rápido. — perguntou Black e todos o olharam, então o garoto só concordou enquanto o seguia e abria a tampinha da garrafa de cerveja. O gosto era bom e à aquela hora, naquele calor terrível de Bangkok, uh... — Tá tudo bem, só queria agradecer por ter cuidado do Yok. Eu não saberia o que fazer se algo acontecesse com ele. Eu já errei muito com todos eles e não queria falhar mais uma vez com Yok.

A aparente preocupação de Black com o moreno causou um certo desconforto no mais baixo. Ele começará a achar que Black e Yok tinham algo além de amizade, mas estava totalmente errado. O tipo de intimidade que os dois tinham poderia ser facilmente comparado com a intimidade de um casal, porém o mais baixo não sabia disso, então passará parte de seu tempo achando que Yok realmente só queria usá-lo para suprir seus desejos.

— Eu faria isso com qualquer um, Black, não se preocupe em me agradecer. — explicou. Não haveria exceções para ajudar alguém, mas, era Yok — Mas agora eu tenho que ir, acabei de lembrar que tenho que resolver algumas coisas com Kan e Wat. — ele deu um último gole na cerveja e colocou a garrafa em cima de uma mesa qualquer.

— Claro, te acompanho.

Depois de se juntar ao outros, Ayan falou que teria que resolver alguns problemas e por isso não ficaria mais. Uma desculpa meio esfarrapada, mas todos aceitaram e agradeceram ao rapaz e ao seus dois amigos por terem cuidado de Yok.

— Eu posso te levar até a saída. — disse Yok e Aye assentiu, mas depois negou — Não precisa, eu conheço o caminho. — Aye notou que foi um pouco grosso, então tentou amenizar as coisas com um pequeno sorriso, mas deu as costas para o moreno e logo saiu da oficina a caminho do seu carro do lado de fora.

— O que foi aquilo, Ayan? — perguntou Wat e Kan complementou.

— Ficou maluco?

— Não foi nada! Podem ficar se quiser, mas eu estou indo embora.

Kan e Wat se entreolharam sem entender, mas logo entraram no carro e o seguiram. Dentro da oficina os rapazes questionavam Yok do porquê o garoto havia mudado do nada, mas como ele responderia algo que sinceramente não sabia? Eles estavam bem poucos minutos antes de Black o chamar.

— Eu não sei o que acontece com ele. Ele só pode ser maluco, ou sei lá...

— Eu acho que sei... — disse Black.

— Como assim?

— Eu fui agradecê-lo por cuidar de você, acho que ele está com ciúmes.

— Ciúme? De você? — disse Sean sorrindo — Se ele soubesse...

Bed Friend Onde histórias criam vida. Descubra agora