Durante a Tempestade

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Ayan havia dormido enquanto ouvia e sentia os batimentos do coração de Yok sincronizarem com os seus. A tempestade se estendeu durante toda à noite com ventos fortes que agitavam os coqueiros e tornavam as ondas mais agitadas. O moreno não teve a mesma sorte de conseguir pegar no sono, não por ter sua mente barulhenta como o tempo lá fora, mas por todo o barulho estrondoso causado pelos trovões e pelo barulho do vento uivando acima do chalé.

O quarto começara a esfriar e Yok sentiu como Ayan arrepiou com a fina corrente de ar que atravessou o tecido das cortinas, então ele levantou cuidadosamente para fecha-las e do lado de fora, andando em passos desengonçados, estava Kan, Wat e Gram. Já era tarde, onde diabos eles estavam indo a aquela hora da madrugada?! Eles com toda certeza não faziam ideia de onde estavam indo; bêbados — pensou ele antes de vestir a camisa de Ayan que estava jogada no chão e sair do chalé no meio da chuva.

— O que vocês estão fazendo aqui à essa hora?! — perguntou incrédulo e os três o olharam em confusão.

Suas roupas estavam amassadas como se tivessem sido retiradas de uma garrafa, e ensopadas como se tivessem acabado de sair da lavanderia. Seus cabelos escorriam pelos rostos pálidos enquanto seus donos tentavam se manter de pé. Confuso e trocando os passos, Gram tentou aproximar-se de seu melhor amigo resmungando coisas indecifráveis, mas acabou tropeçando nos próprios pés e caindo por cima dos dois outros garotos.

Yok fechou os olhos para não ver a queda e só ouviu o barulho de três corpos se chocando contra o chão. Quando teve certeza que os três já estavam caídos ele abriu lentamente seus olhos e os viu sorrindo como grandes idiotas, e agora eles não eram os únicos a estarem molhados.

— Yok!

Gram gritou o nome do amigo, que coçou a cabeça e pôs seus cabelos para trás, mas mesmo molhados deslizaram lentamente para frente.

— Por Deus! Vocês tem o que?! Dezesseis anos?! Não sabem a hora de parar?! — repreendeu-os furioso — Eu não vou cuidar de vocês e muito menos de você Gram. Você não nasceu ontem...

— Onde está o Ayan? Você o roubou de nós... — resmungou Kan.

— Está fazendo oque todos vocês deveriam fazer; dormir! Ele está dormindo! Vão para seus quartos... Por Deus... Olha só como eu estou...

Yok murmurava enquanto voltava para dentro com suas roupas pingando e molhando todo o chão. Não lhe agradava a ideia de ter que tomar banho tão tarde, mas não podia voltar para a cama no estado que estava e muito menos dormir abraçado ao garoto estando molhado. Seus cabelos escorriam em sua testa e antes de chegar ao quarto ele retirou sua camisa para coloca-la para secar nas grades da varanda onde receberiam os fortes ventos da noite.

Com sua mente longe, Yok não percebeu que Aye havia acordado por sentir sua falta na cama. Ele não viu aqueles olhos castanhos encarando seu rosto pálido enquanto mirava o chão.

— Onde esteve? — perguntou com a voz baixa e sonolenta e Yok o olhou depressa.

— Aye... — respondeu cansado e voltou a encarar o chão enquanto tirava suas meias — Você acordou...

— Você está me traindo?!

Yok não acreditou no que estava ouvindo e arregalou os olhos ao escutar tal absurdo, mas não parecia que o menor estava brincando e isso o arrancou um sorriso bobo. Com seus dedos ele adentrou seus fios pretos e os sacudiu, fazendo respingos de água voarem no ar, então voltou a olhá-lo.

— Aye... — sorriu — Eu levantei para fechar as janelas e vi os caras lá fora, eles estavam bêbados, mas não os ajudei. Eles não são mais crianças... E eu nunca trairia você, não pense demais...

— Você não dormiu, né? — perguntou e o moreno negou enquanto retirava seu shorts para que pudesse tomar banho.

— Faça isso e venha aqui, vou cuidar de você durante esse pedaço de madrugada e eu te levarei para ver o pôr do sol. Você tem que descansar, amor...

Yok encarou a pessoa que agora estava sentada na cama e sorriu com o apelido que acabara de ser dado a ele.

Ele de fato precisaria descansar. Passar à madrugada inteira acordado o traria problemas de desatenção no dia seguinte. Ele ficaria lento e perderia a concentração com coisas pequenas e que não precisariam de muito processamento.

Seu banho foi rápido e a água quente ajudou seu corpo a relaxar. No quarto, o garoto o esperava com uma toalha e um secador para secar seus cabelos úmidos e não deixar que ele cometesse o descuido de dormir com eles molhados.

— Vem aqui...

Aye adentrava seus dedos de forma calma e suave nos cabelos negros do moreno e os movimentos feitos o deixavam cada mais sonolento — finalmente.

Ao final da secagem, Yok deitou-se sem demora no peito de Ayan e sentiu uma onda de sono o invadir. Lá fora o céu já começará a clarear, mas ainda chovia e o tom do mesmo era de um azul escuro e meio acinzentado, pelo visto passaria o dia inteiro chovendo.

O braço de Yok estava em volta da cintura de Ayan e as mãos do menor acariciavam seus cabelos macios. Talvez Yok só precisasse se sentir seguro depois de tudo. Talvez ele precisasse saber que agora Ayan estava ali para ele e que ele poderia recorrer a qualquer momento, ele estava seguro.

— Durma, tá bom? Não lute contra o sono e não se preocupe com a hora de acordar, eu vou estar aqui com você... Eu te amo, meu amor... — sussurrou e Yok sorriu fraco contra a camiseta que escondia seu corpo.

— Eu te amo, baixinho... Amo muito...

[...]

"Eu não sei se é eterno, mas enquanto estivermos aqui, enquanto tivermos um ao outro, nós teremos tudo e eu não quero perdê-lo nunca. Quero dormir junto, acordar junto... Café da manhã... Eu quero noites e amanheceres. Quero que seja pra sempre...
Quero que seja com você o resto da minha vida."




Hi, my loves! Estão sentindo o gostinho do fim? Ksks eu tô😭
Amanhã sai o último capítulo da fic... Eu não sou nada boa com despedidas. Isso aqui é meu passatempo, minha 25° hora...😞💔
O que eu vou fazer quando acabar, em? Depressão, apenas.

Bed Friend Onde histórias criam vida. Descubra agora