— O que você quer falar com a gente, Yok? — perguntou Black que acabará de retornar a oficina junto à Todd.
— Onde tá o Gram?
— Ele ainda não vol...
— Eu tô aqui. — falou aparecendo na porta do lugar com Ayan atrás de si.
— Por que foi buscar ele...?
Yok teria que se explicar para alguém que estava confuso e aparentemente tristonho. Talvez Gram já tenha adiantado algo para ele, que decepção...
— Agora pode falar. Ele também vai ouvir oque você fez.
— Do que ele tá falando, Yok?
— Anda, Yok! Fala pra eles onde você foi e com quem se encontrou.
O moreno queria parecer sério diante de seus amigos para não lhes mostrar que estava fraco e inteiramente quebrado por sua própria decisão. Seus olhos eram profundos e sua pele ficou pálida depois que seus olhos miravam Ayan.
— Eu conversei com o Dan...
— Você o quê?! — se perguntaram ao mesmo tempo, menos Ayan.
— A gente se entendeu. — mentiu — E também só ele pode ajudar com esses problemas. Ele pode falar com as autoridades maiores e pode fazer o mínimo, não mexer com pessoas inocentes e respeitá-las também... Eu renuncio a liderança!
— O que?! Você só pode tá ficando maluco! Ele matou meu pai, Yok! Ele e os outros mataram Jeon e muitos outros! Que merda você tem na cabeça, huh?!
Sean foi para cima do moreno e o deu um soco que o fez cair, então Yok levantou do chão e também foi para cima do amigo, mas ambos foram separados.
— Não adianta... Não é mais o Yok... Deixa ele ir. — falou Black.
— Isso não é justo! — gritou Sean chutando bruscamente um tambor de óleo — Isso não é oque a gente faz! A gente não luta pelas coisas certas fazendo acordos superficiais com a polícia. O que você acha que o Dan vai fazer?! Entregar uma balinha e pedir que deixem as escolhas das pessoas em paz?! Que respeitem sua cor, religião e afins?! Você se tornou igual eles, Yok. Uma coisa por outra. E essa coisa que o Dan quer em troca é você, por isso renunciou...
— Ele já renunciou. Eu assumo de novo. — continuou Black — Boa sorte com isso, Yok. Eu achei que você seria o único que nunca se perderia em nada disso, mas você foi o primeiro.
— Podem me julgar o quanto quiserem!
— Eu não vou parar, Yok. Pode vir você, pode vir o Dan ou quem for. Vai ser eu e eles contra você. Eu e eles contra o governo e vai ser eu e eles contra o mundo.
Todos ali estavam extremamente decepcionados com o moreno, principalmente Ayan, que não teve reação alguma perante aquilo. Ele só ouviu tudo em silêncio.
— Então é isso...? — perguntou o baixinho depois que todos fizeram silêncio e Yok o olhou com frieza ao ponto de congelar os ossos do corpo de Aye, talvez fosse mais fácil — Você vai voltar depois de tudo que me disse sobre ele? E a gente...?
— Não me faça escolher entre você e ele, Ayan...
— Por que...? Você escolheria ele...?
— Sim... Eu escolheria ele...
Ayan estava machucado e um barulho pôde ser ouvido dentro de si, então ele apenas deu as costas e saiu da oficina. Seu coração havia sido quebrado pela primeira vez.
— Aye... — chamou Black que o seguiu — Eu sinto muito por isso tudo que aconteceu... Como é ter seu coração partido por alguém como ele?
— Você sabia...
— Todos sabíamos desde o início... E eu namoro o Todd, não precisa ter ciúme de mim e dele.
— Eu não preciso mais ter ciúmes de nada, né... — brincou tentando disfarçar a dor — Obrigado pela consideração. Mas eu já esperava... — mentiu.
Ayan se mantinha firme na frente de Black, mas seus olhos estavam brilhando, então ele o abraçou de vez, isso fez uma lágrima escorrer dos olhos do baixinho.
— Eu realmente sinto muito...
— Tá tudo bem. — enxugou o rosto antes de olhá-lo.
Ele estava destruído. Seu coração parecia ser atingido por milhares de facas a todo momento, e elas o faziam sangrar. Ele estava se partindo mais e mais, e doía, mas ele permaneceu quieto.
— O que você vai fazer agora?
— Continuar minha vida... Faculdade talvez... — sorriu fraco — É uma boa hora pra pensar nisso. Aqui não é um bom lugar pra mim, Black... Eu tenho que ir. Cuida de tudo e se precisar de alguma ajuda é só me procurar.
— Se cuida, baixinho...
Aye sorriu um pouco e entrou no carro para ir embora, mas ele desabou quando parou o carro um pouco mais longe da oficina.
Quando em sua mente começava a passar as boas lembranças dos momentos com Yok, um sorriso teimoso tentava surgir em seus lábios, mas a expressão logo sumia, pois ele lembrava do que havia acontecido há pouco. Ele sentia e sabia que aquele sorriso sumiria por um longo tempo. Tentar explicar para alguém o peso que sentia em seu peito era inútil. Ele se sentia inteiramente quebrado, mas não podia contar isso pra ninguém. Tinha um nó na garganta e isso o sufocava.
"Isso dói... — falou entre os soluços — Algo parece espremer meu coração. Por que é tão insuportável gostar de alguém? Por que dói tanto? A gente nem começou direito e muito menos terminamos de forma civilizada oque nem tínhamos ainda..."
Ayan acelerou seu carro e voltou para casa. Vai levar um tempo para que ele possa ajeitar suas confusões. Todas as ligações de Kan e Wat foram recusadas aquele dia. Não só dos dois, de todas as outras pessoas.
Não da para dizer quem estava mais destruído. Ayan não saiu do quarto o dia todo, já o moreno saiu de vez da oficina e voltou para a casa de sua mãe, onde a mesma notou seu desânimo.
Os amigos de Yok estavam todos sem reação. Eles não sabiam oque fazer e o resto do dia foi extremamente silencioso...
"Eu queria que fosse você... Eu queria tanto que fosse você... Eu queria tanto que fosse você... Até eu descobrir, que você não queria que fosse eu..."

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Bed Friend
Fanfiction"E agora, te odiando ou não, mesmo que eu tente, eu não consigo ficar longe de você..."