Como você sucumbiu

354 37 64
                                    

[...]

— Ayan, não! — gritou Gumpa e Todd, mas ele já havia sumido de suas vistas — Cerquem o prédio! Ninguém entra e só os rapazes podem sair!

Os dois logo levantaram de onde estavam escondidos e correram para baixo, na tentativa falha de alcançar o garoto que deixou suas emoções falarem mais alto que a razão.

Assim que chegou a porta do prédio, Ayan a empurrou fortemente e o elevador também abriu, revelando para Dan todos aqueles rapazes com armas incríveis nas mãos.

— Nossa... O circo está completo... Eu deveria ter imaginado... Vocês estavam quietos demais para quem não estavam tramando nada...

— Yok...

O moreno estava acordado, mas ainda aéreo e seus lábios se curvaram num sorriso fraco.

— Ayan... Você voltou...

— É um prazer conhecer você pessoalmente, sabia? Conhecer o motivo do Yok se meter no que se meteu...

— Ele não fez isso por mim...

— Tá errado, garoto... Ele fez isso por você. Mas agora não adianta mais, não é?

Gumpa e Todd haviam acabado de se juntar no grande hall de entrada do prédio, onde todos tinham as armas apontadas para Dan e Ayan estava no chão tentando levantar Yok.

— Vocês fizeram um bom trabalho, não posso negar que ninguém esperava por isso.

— Deixa a gente ir, Dan. Você já perdeu, não consegue ver isso? — perguntou Gram.

— É claro que eu vejo. Vocês estão com todas as provas nas mãos, o que mais eu poderia fazer? Vão em frente, saiam pela porta e salvem o dia. Eu não vou tentar impedi-los.

Todos estavam achando estranho demais tudo aquilo, então Todd se aproximou por trás e pegou o celular que estava em sua mão.

— Se não vai tentar impedir, não precisa disso. Rapazes, vão! — mandou enquanto apontava a arma para o policial e os outros logo deram a volta, parando pouco antes de sair pela porta — Vão pro carro, guardem as armas e os documentos num lugar seguro, e ajudem o Ayan com o Yok...

Dito e feito. Quando todos guardaram as armas e os homens de Todd entraram em seus carros para irem embora assim que os outros estivessem prontos, Ayan estava com Yok apoiado em seus ombros.

Quando todos voltaram para dentro do ambiente para pegar o resto das coisas que estavam no chão, a porta do prédio bateu e Aye correu para abri-la e assim tirar o moreno dali. Mas, com um mínimo deslize de Todd, Dan o atingiu com um soco no rosto e tomou a arma de suas mãos.

O barulho alto de tiro ecoou no lugar e todos os garotos olharam na direção do disparo.

— Yok...?

O moreno estava parado no meio do hall e sua camisa estava manchada. Tudo pareceu passar em câmera lenta diante dos olhos de todos, e aos poucos o moreno caiu para trás, foi quando Ayan correu de volta para ele. Desesperado ele chorava enquanto encostava a cabeça do garoto em seu peito.

— Por favor, não... Eu preciso de você, Yok... Eu acabei de voltar e agora você que vai me deixar?! Você não pode me deixar de novo... Você ouviu?! Você não pode me deixar! — gritou em meio às lágrimas

Sean pegou a arma do chão e quando Dan pensou em correr deu de cara com o melhor amigo do moreno, que o segurou. A arma estava apontada para o peito do policial, que mesmo naquela situação, não mostrava estar com medo algum.

— Eu deveria ter matado você aquele dia, mas agora não tem ninguém pra impedir.

Sean o bateu. Não uma nem duas vezes, mas várias e várias. Ele estava irado pelo seu amigo, ainda estava magoado pelo seu pai. Estava machucado por todas as vezes que aquele homem parado ali, interferiu em seus planos e atrapalhou toda sua vida.

— Isso é pelo Yok e pelo meu pai... Isso é por tudo... — então ele disparou e Dan soltou seu último suspiro.

[...]

"Minha visão ficou embaçada e então senti uma dor aguda no abdômen, eu senti que estava morrendo.
Quando caí, senti meu corpo leve, como uma pena, então eu o vi. Eu vi a coisa mais linda da minha vida, a coisa mais bonita que eu me lembro... Eu o vi preocupado e com os olhos brilhantes e chorosos. Talvez fosse o fim pra nós dois. Talvez ele estivesse despedaçado, mas eu nunca estive tão em paz por tê-lo ali. Eu estava bem, mesmo que estivesse morrendo..."

— Eu preciso de você, Yok... Não me deixa de novo...

— E-eu... Não chora, Aye... Me desculpa... eu sempre estrago tudo... — sorriu fraco — M-mas sempre foi você, Aye... Eu juro que nunca escolheria outra pessoa... Você é tão lindo, sabia? — falou e tocou com dificuldade o rosto do menor — Seus olhinhos brilhantes me lembram a lua daquela praia em que ficamos juntos... Todas aquelas estrelas...

— Não fala assim...

— Só me ouve, por favor... Eu te amo, Aye... te amo muito e sinto muito mesmo por n-não ter dito antes... Eu amo você... Eu amo seus olhos, sua boca, seu sorriso... eu procurei a vida inteira por alguém como você... — seus olhos aos poucos se fecharam e ele apagou.

— Não! Fica comigo, Yok... Fica comigo, por favor...

Ayan abraçava o moreno junto a si e os meninos que viam aquilo ficaram destruídos.

— Eu não posso perder você também... Eu te amo, Yok... Eu não posso imaginar minha vida sem você... Você é meu mundo... Levanta e vem comigo... Eu amo muito você... Levanta e diz que isso é cafona demais e não combina comigo... Levanta e me diz que eu sou um safado sem vergonha, que não leva nada a sério... Você me prometeu o mundo, Yok... Mas você é o meu e tá quebrando a promessa... Eu preciso de você, você é tudo que eu tenho...

— Podem ir embora... — pediu Todd aos seus homens enquanto ajudava os rapazes a guardar as coisas e abrir espaço para levar o rapaz ao hospital.

— Gram, liga pros amigos dele e pede pra encontrarem a gente no hospital...

— Mas...

— Só liga...

Bed Friend Onde histórias criam vida. Descubra agora