Mistura de sentimentos

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Sentimentos e pessoas são confusas. Elas mudam e acordam com pensamentos, planos e emoções novas todos os dias e, talvez, você não faça parte delas no dia seguinte.

— Qual sua relação com o Yok? — perguntou Todd, pegando o mais baixo de surpresa — Pelo que eu sei, vocês se conhecem há pouco tempo, não é?

— Exato.

— Você está com ciúme dos dois, não está?

— Eu deveria? Eu o conheço há pouco tempo, por que deveria sentir ciúmes? E ciúmes de alguém como ele...

— Não, você não dev...

— Todd, pode me ajudar aqui?! — Black chamou a atenção do namorado e quando o chamou pelo nome fez Yok olhar na direção do mesmo.

— Sinto muito. Sabe como é, o dever me chama.

Depois que Yok viu Ayan parado, olhando para ele da escadaria da oficina, o mesmo subiu para o quarto de Sean, lugar onde dormia as vezes que passava à noite no lugar e Aye discretamente o seguiu até o cômodo, então fechou a porta ao passar e encostou o ombro na mesma.

— O que você quer?! — perguntou, irado — Não foi o suficiente a forma que falou comigo mais cedo? Eu não fiz nada pra você falar como falou. Por favor, vai embora, Ayan.

Yok dobrava o moletom do rapaz atrás de si e não o olhava, mas podia sentir aqueles olhos castanhos fuzilando suas costas nuas. Ele era tão atraente. Seu corpo. Seu calor... Tudo chamava a atenção de Ayan para si e ele umedeceu os lábios. A marca roxa que Ayan deixou no pescoço de Yok teve como justificativa o acidente de moto que o garoto sofreu e mesmo não tendo como a queda fazer aquilo, todos acreditaram.

— Sinto muito por mais cedo, de verdade. — pediu, ainda encostado na porta — Não queria ter falado como falei, eu fui infantil, mas eu realmente achei que só eu pudesse fazer aquilo com você. Foi besteira da minha parte.

— Fazer o que? — perguntou ainda sem olhá-lo, mas logo sentiu um arrepio ao sentir as mãos do garoto tocaram levemente sua cintura.

— Isso...

O mais baixo virou Yok, fazendo-o olhá-lo e quando finalmente estavam cara a cara ele umedeceu os lábios e deu um beijo demorado no mesmo lugar onde havia deixado o chupão no pescoço do moreno. A reação do mais alto com toques em seu pescoço era quase automática, ou ele te afastaria da região onde tem cócegas ou ele se entregaria. A primeira opção não era válida para Aye, Yok nunca o afastaria mesmo que sentisse todas as suas forças irem embora. Seus olhos se fecharam devagar e ele se rendeu ao mais baixo, virando um pouco seu rosto e deixando que ele o beijasse.

— Eu sinto muito por isso... — disse com seus lábios tocando a pele do moreno enquanto dava mais um beijo — e sinto muito por isso...

Ayan dava pequenos beijos onde havia mordido e nos lugares que havia chupado a pele de Yok e assim a deixou roxa. Ele o beijava como forma de se desculpar pelas marcas e pela forma que falou com o rapaz mais cedo.

— Tá falando do Black?... — perguntou, ainda com os olhos fechados — Você tá com ciúmes do Black? — riu e segurou o rosto do mais baixo para fazer ele o olhar — A gente não tem nada, baixinho.

Yok não queria afastá-lo assim, então adentrou seus longos dedos nos cabelos castanhos do menor e o puxou para seu pescoço novamente. Eu posso dizer com toda certeza que, se eles não estivessem acompanhados, Yok com certeza teria se entregado para Ayan ali mesmo. O menor o beijou de novo e como suas mãos ainda estavam na cintura do maior, ele o virou, fazendo com que suas costas batessem no guarda-roupa e fazendo-o gemer pela fraca dor que o atrito o causou.

— Eu sei que a gente não tem nada... — ele chupou mais uma vez a pele de seu pescoço — mas não deixa ninguém tocar seu corpo antes de mim... — Yok arrepiou e Aye tirou suas mãos da cintura do mesmo, saindo do quarto em seguida, deixando-o ali, tão necessitado de si, mas também com um sorriso vitorioso nos lábios.

— Eu poderia contar que Black e eu não temos nada, mas perderia a graça fácil demais... — falou Yok consigo mesmo.

Isso seria divertido para Yok, enquanto Ayan não soubesse da verdade, é claro. Ele pediria a ajuda de Black para deixar o mais novo com ciúmes e, como um bom amigo, Black não negaria ajudá-lo. Brincadeiras são perigosas e o preço delas só é descoberto depois que já fizeram estragos demais.

— Tudo bem pra você, Todd? — perguntou Yok depois de ter contado ao Black e ao namorado do mesmo o que queria.

Já era o início da noite e todos os rapazes esperavam Ayan chegar no bar que foi convidado. Todos os rapazes já sabiam das intenções de Yok e o ajudariam a provocar o garoto. Mancada? Talvez, e muita, mas eles não queriam saber disso. Em suas cabeças, era apenas uma brincadeira que não daria em nada, mas os sentimentos de alguém estavam envolvidos ali.

— Por mim, sim. Mas não confunde as coisas, Yok. — brincou.

— Não mesmo, Black não faz meu tipo. — riu — Acham que ele vai vir?

— Claro que vai! — disse Sean.

— Como você sabe? — perguntou White e Gumpa apontou para a entrada do bar onde Ayan acabará de adentrar junto aos dois amigos.

— O que eles são?! Os três patetas?! — perguntou Gram.

— Tá mais para os três mosqueteiros! — brincou Sean.

— Rapazes! — Todd levantou a mão e chamou os garotos para se juntarem a eles na mesa — Se comportem! Vocês não são crianças!

— Ouviram? — continuou Yok rindo enquanto negava com a cabeça.

— Qual é a de vocês três? — perguntou Sean para os rapazes.

— O que?! — respondeu Kan sem entender enquanto encarava o garoto.

— Vocês estão sempre juntos e são inseparáveis, vivem num trisal?

O tom de voz de Sean era sarcástico ao falar com os garotos e Kan não gostou muito da forma que ele "insinuou" que os rapazes tinham algo. Seu temperamento era curto, muito curto e ele não era fã de brincadeiras desse tipo desde que tudo aconteceu no último ano de seu ensino médio.

— Sean, já chega. — repreendeu Yok.

— Não, tudo bem, Yok. Então, Sean continuou Kan em tom sarcástico —, a gente é só amigo, acho que você sabe o que quer dizer amigos, não é? Mas se você quiser eu posso participar do seu namoro, então assim formamos um trisal como você quer.

Sean bateu na mesa e levantou da cadeira, parando na frente de Kan, o confrontando e fazendo os dois líderes das gangues levantarem e segurarem seus amigos.

— Kan!

— Sean, eu disse já chega! — Yok levantou a voz, mas falava pausadamente para assim o garoto entender que isso era uma ordem — Pode por favor segurar seu amigo, Ayan?!

— Então segura o seu! A gente acabou de chegar e ele já nos recebe desse jeito.

— Isso aqui vai ser divertido! — falou Black, mas Todd o repreendeu.

— Não coloca mais lenha na fogueira, Black! Caras, não briguem, estamos entre amigos e aposto que o... — Todd olhou para Kan esperando a resposta de seu nome, mas quem o respondeu foi Wat.

— Kan, o nome dele é Kan.

— Aposto que o Kan não quis dizer isso de verdade, ele se defendeu do que você falou, Sean!

— De que lado você está, Todd?!

— Ele não está do lado de ninguém, Sean! — interferiu Gumpa — Ele está certo. Por favor, parem de brigar, não viemos aqui para isso.

— Vou tomar um ar lá fora.

O garoto estava frustrado e empurrou Aye que bateu na cadeira e se desequilibrou, mas Wat o segurou. As pessoas do bar olhavam na direção da mesa e o menor o seguiu até o lado de fora do bar junto de Wat.

— O que foi isso? Eles ajudaram o Yok e você os trata assim?! — perguntou White.

— Você não tem direito de se meter na vida deles, espero que seja a última vez.

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