Erro irreparável

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Naquela mesma noite, os três garotos tinham que fazer alguma coisa para ajudar o outro que estava deitado. Yok estava mal e precisava de um médico, mas eles não podiam arriscar levá-lo até um. Ayan preparava lençóis novos e travesseiros para que Yok ficasse confortável, Kan procurava por alguma roupa do mais baixo que o servisse bem e não o apertasse e Wat esquentava água no fogão e preparava lenços umedecidos para limpar o corpo do garoto.

— Você acha que esta cabe? — perguntou Kan, erguendo no ar uma camisa pequena de Aye, senão a mais pequena que ele tivera.

— Vai caber em você! Anda, procura logo outra. Faz anos que eu tenho essa camiseta.

— Você não percebe que o garoto é um pouco mais alto que qualquer um de nós três?

— Pega o moletom, tá na porta do meio.

— O do eclipse?

— Se você fizer mais uma pergunta idiota eu vou fazer essa camiseta entrar pela sua cabeça do pior jeito possível.

— Tudo bem, tudo bem! Calminha aí.

Depois de Ayan e Kan terem terminado o que escolheram fazer, Wat voltou para o quarto com uma tigela de água quente e vários paninhos. À noite do lado de fora da casa era fria e tinha uma brisa antipática, clima pesado e escuro.

— Caras, sabe o que eu acabei de ver na internet? — os garotos o olharam e conhecendo bem o amigo, esperavam alguma coisa que não iria fazer o menor sentido — Álcool pode ajudar a desinfeccionar as feridas e fazê-lo acordar.

Aye e Kan se entreolharam com os olhos estreitos, surpresos pela resposta do garoto fazer sentido. Talvez por ser um momento sério seus pensamentos infantis abrissem espaço para o senso responsável de cada um deles.

— Você sabe se as feridas estão infeccionadas? — perguntou Kan.

— Cara, as vezes eu tenho que admitir, você é muito pior que eu. Tá na cara dos arranhões que se não forem limpos da maneira certa vão prejudicar o garoto. Aliás, Ayan, qual o nome dele?

— Yok... o nome dele é Yok. Agora já chega, Kan, pega o álcool no armário da área de serviço.

— E o que o Wat vai fazer?

— Ajudar ele com o Yok. Deixa de ser assim e apenas faz o que ele pediu.

Enquanto Kan descia para pegar o álcool, Ayan e Wat tiravam cuidadosamente as roupas do rapaz. Seu corpo era magnífico e claro, os dois não o olhavam com segundas intenções, apenas o admiravam. Ele não era tão magro, seu corpo era escultural e bonito. Sua pele branca e macia, ainda que trabalhasse com coisas pesadas e óleos na oficina.

— Ele tem tatuagens como você.

— É... Isso torna ele cada vez melhor...

— O que disse?

— Nada. Ignora. — disse friamente.

— Você acha que ele vai ficar bem aqui?

— Ele tem que ficar.

Com os panos umedecidos com água quente, os meninos limparam o corpo de Yok e Kan logo voltou com o álcool e mais algumas toalhas.
Tudo foi feito com cuidado e os ferimentos do garoto foram bem higienizados, e então eles o vestiram com o moletom e uma calça folgada que Ayan tinha perdida dentro de seu guarda-roupa. Ele ficou bem, mesmo tendo pouco menos da metade dos cuidados que teria num hospital de verdade.

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