Amor, sexo e outras drogas?

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Aqueles olhos negros carregavam universos inteiros presos ali dentro. Yok olhou para o garoto que estava encostado em seu carro e apenas concordou com a cabeça para Kan, mas o que realmente passava em sua mente naquele momento era o porquê de estar tão preocupado por vê-lo daquele jeito. Era um sentimento ruim e que ele queria tanto que parasse de sentir...

— Podemos ir? Eles não estão em condições de ficar muito mais tempo.

— É, podemos sim. Gram, me avisa quando chegar na oficina e Kan, chegue em casa em segurança.

— Pode deixar. Tchau, caras!

Kan foi para seu carro carregando Wat que estava apoiado em seus ombros e no banco de trás soltou o garoto que caiu adormecido. Gram também foi embora em sua moto e Yok foi até o carro do garoto.

— Se eu soubesse que você ficaria desse jeito teria impedido que voltasse pra dentro. Virei babá agora?

— Eu só posso ter te batido pra me tratar assim...

— Você não tá falando nada com nada. Entra logo, não tenho todo tempo.

O moreno abriu a porta para Ayan entrar e ele cambaleou para dentro, encostando a cabeça no vidro depois que Yok fechou a porta. O moreno sentou-se ao seu lado e deu partida no carro. O caminho foi silencioso, já que Ayan adormeceu na metade dele até finalmente ter chegado em casa.

— Minha vontade é te deixar morrer sufocado aqui dentro. — desabafou — Você me dá nos nervos, baixinho chato!

Com o carro deixado na garagem, Yok passou o braço de Aye pelo seu pescoço e o carregou escada à cima, o soltando com tudo na cama depois de entrar no quarto.

— Você está em casa agora, não preciso ficar.

O mais alto deu as costas para ir embora, mas lembrou do que Kan havia pedido e olhou novamente para o rapaz atrás de si. Ele estava tão indefeso, tão desprotegido aos olhos de Yok, que ele sentiu-se na obrigação de ficar.

— Que inferno! Você cuidou de mim uma única vez, uma! Por que sinto essa obrigação idiota de cuidar de você, huh?! Que inferno!

Ele encarou o garoto que dormia na cama e suspirou pesadamente achando ridículo estar se sentindo daquela forma. No banheiro do quarto de Ayan, Yok pegou a toalha de rosto que estava dobrada em cima da pia e a molhou para limpar o corpo do baixinho que estava desacordado. Ele tirou a jaqueta jeans e extremamente quente que Ayan vestia e o deixou apenas com sua camiseta branca amarrotada. O moreno deslizava delicadamente a toalha molhada no pescoço do mais baixo e logo desceu pelos seus braços pouco malhados e definidos, mas ele estava receoso quanto limpar por dentro da camisa de Aye. Estava com medo do garoto acordar e pensar que o mesmo estava tentando se aproveitar de si durante o sono.

Ele também tentava se convencer de que o que via a sua frente não chamava sua atenção. Tentava disfarçar que não se sentia atraído pelo rapaz. Aquela pele pouco bronzeada. Aqueles lábios rosados e entreabertos que, sem dizer nada, pareciam o chamar para mais perto.

— Vamos lá, Yok... Não perca o controle... — ele logo sacudiu a cabeça e afastou dela seus pensamentos sobre Aye.

Enquanto limpava o rosto do mais baixo o mesmo começou a abrir lentamente os olhos e não parecia estar tão bêbado quanto o moreno achava, pois assim que os abriu reconheceu a figura a sua frente, mas continuou deitado, olhando fixamente para aqueles olhos de amêndoas tão negros quanto a própria noite.
Aquele olhar estava ali. Um olhar calmo e delicado, mas por trás tinha um desejo incontrolável. O desejo de sentir os lábios um do outro. Eles também pareciam um pouco perdidos e distantes, mas nenhum dos meninos que estiveram presentes naquele bar, sentados na mesma mesa aquela noite tinham olhos tão sóbrios quanto os de Aye.

Seu olhar havia marcado a alma de Yok como ferro em brasa e aquilo o deixou atordoado e sem reação. A única coisa que o moreno conseguia fazer era mover seu olhar dos olhos de Ayan para a boca rosada do mesmo, e é claro que o mais novo já havia percebido isso, então ele simplesmente puxou Yok pela nuca e o beijou, mas o beijo foi rápido demais antes do moreno se afastar. Yok pôde sentir o gosto bom dos lábios de Aye e isso o deixou louco para sentir de novo, mas ele estava receoso demais quanto a consciência do rapaz. Aquele beijo o fez lembrar do quão macio eram aqueles lábios carnudos, e sua única vontade era provar de novo. Sentir mais e mais. Ele queria acabar com o calor infernal que sentia arder em seu peito.

— Você tá bêbado, baixinho chato. Mas que bom que já que acordou, aproveite e tome um banho.

Ele só percebeu que estava retendo sua respiração quando o ar finalmente saiu pesadamente de seus pulmões. Ele estava tentando controlar seu desejo e seu próprio corpo, que ansiava cada vez mais por Ayan, mas ele não se permitiu continuar e se afastou, fazendo com isso Aye sentar-se na cama e encará-lo.

— Você acha mesmo?... — perguntou provocativo enquanto um sorriso malicioso surgia no canto de seus lábios e suas sobrancelhas se arqueavam quase que automaticamente. Foi nesse tom de voz que Yok então percebeu tudo que aconteceu desde a saída da bar.

— Você não tá bêbado... Como eu pude cair nessa... Por que me deixou fazer tudo isso por você?!

— Por que eu queria que fizesse. Você cuidaria de mim se eu pedisse? Acho que não. De início, eu estava apenas fingindo, mas depois eu realmente adormeci.

— Eu devo acreditar em você?

— Não sei, e eu? Devo acreditar em você quando diz que não temos nada?

Yok, que antes estava parado em frente à janela, virou-se para encarar o mais baixo, porém ele já estava perto demais e seu corpo se chocou contra o do mesmo, isso o fez sentir um peso no peito e sua respiração parou. Ele estava tão perto, mas por quê parecia tão distante?
Talvez porque Yok não quisesse acreditar que Aye estivesse realmente sóbrio. Ele tentaria colocar isso em sua mente para tentar se convencer que não queria tê-lo em seus braços.

— Nós realmente não temos nada?

A negação, maldita negação...

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