Capítulo 5

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— Por que você virou garoto de programa?

Sophia perguntou à Micael enquanto estava sentada na cama, segurava os joelhos, cobrindo os seios. Já Micael, estava deitado com as mãos atrás da cabeça, o lençol cobria sua parte debaixo.

— Primeiro você. — Sorriu leve. — Por que você veio até aqui?

— Primeiro você. — Rebateu, fazendo Micael soltar um riso leve. — Não vem, eu perguntei primeiro.

— Tá bem, tá bem. — Foi convencido. — Eu saí de casa com a sua idade, por causa do meu irmão.

— Seu irmão? — Sophia franziu o cenho.

— Sim. — Se lembrou. — Eu era viciado em pó, estou devendo um milhão pra um traficante que não me matou por pouco. Na verdade ele nem sabe que eu estou aqui!

— UM MILHÃO? — Sophia se chocou. — Como você conseguiu essa atrocidade?

— Viciado não tem limite, garotinha. — Ficou triste em dizer isso. — Eu não morri por sorte.

— Tá, mas por que você saiu de casa? O seu irmão tem alguma coisa à ver com isso?

— Ele ficou me caguetando quando eu comecei a roubar os meus pais. Fora a nossa convivência que era uma merda. — Pausou. — Quando eu estava drogado, eu tentei matar ele três vezes com uma faca de açougueiro.

Sophia tinha os olhos arregalados para Micael, que ficou do mesmo jeito. Ela ficou triste com aquela história, sua vida era bem mais fácil do que ela imaginava.

— Faz tempo que você trabalha aqui?

— Dois anos. Na verdade foi o primeiro puteiro que eu pesquisei à tona, eu não tinha intenção de virar garoto de programa.

— Você não se cansa? Quero dizer... É mais fácil do que você imagina, não é? — Sophia pisou em ovos com a pergunta.

— Parece o trabalho mais fácil do mundo. — Soltou um suspiro pesado. — Mas não é!

Sophia remexeu os ombros, Micael levantou seu tronco, mexendo nos cabelos da loira, que estavam bagunçados de um jeito sexy.

— Agora é a sua vez. — Ambos sorriram. — Por que você veio parar aqui? De onde você é?

— Hum, vamos lá. — Se preparou para dizer. — Eu moro em Higienópolis, meu pai é engenheiro e minha mãe é fisioterapeuta de madame. Ela tem um consultório no Morumbi. — Micael ficou espantado com tanta informação. — E minhas queridas amigas quiseram fazer uma surpresa para mim, no dia do meu aniversário.

— Te trazer em um puteiro? — Achou graça.

— Me fazer perder a virgindade, com você. — Os dois se entreolharam. — Na cabeça delas, eu já fiquei velha demais pra ser virgem.

— Belas amigas, hein! — Micael não gostou. — Ser virgem é algo totalmente seu. Tem a sua hora, o seu lugar, não é assim que funciona. — Ficou irritado. — E você aceitou por causa de uma aposta idiota?

— Na verdade eu aceitei porque não queria ser zoada por elas. Eu não me sinto confortável quando elas ficam falando de pau, sexo, posições. — Sophia desabafou. — Eu me sinto numa bolha! — Ficou em transe.

— Mas nada justifica você vir em um puteiro, perder a sua virgindade. — Micael completou. — Essas coisas precisam ser naturais. Você nunca namorou?

— Não.

— E ninguém se interessou por você?

— Alguns, mas eu não ligo. Eu não quero namorar, eu não quero ficar transando. — Riu leve mas logo parou, observando Micael. — É normal?

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