Capítulo 48

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Três semanas depois.

Micael estava pregado por notícias de Sophia. Fazia seus programas pela manhã e de tarde, saía em busca de Sophia, batendo de porta em porta por todos os prostíbulos da região em que estava.

Naquela tarde foi até uma praça mais próxima das redondezas onde Raquel morava, pela segunda vez. Passou no mesmo lugar em que Sophia passou, não falou com ninguém e por fim, bateu nas portas de "Casas de Massagens" como diziam nas placas.

— Ei! — Sophia parou na pequena cozinha. — Você pegou a minha blusa que estava no varal?

— Claro que não. — A morena fumava um cigarro de maconha. — Tu precisa pagar a luz, hein! Só tô observando você fazendo programa, ganhando e não ajudando na casa.

— Eu já paguei a conta de luz. — Sophia se defendeu, ficando irritada. — Querem que eu pague tudo também? — Gesticulou.

— Abaixa a bola, patricinha! — A morena olhou Sophia de cima à baixo, com desgosto.

Malu entrou no mesmo cômodo, colocou as mãos na cintura quando olhou Sophia, falando com a mesma.

— Tem cliente pra você.

— Pra mim? — Sophia franziu o cenho.

— É especial! Disse que já fez programa com você várias vezes.

Sophia ainda tinha o rosto franzido quando saiu de onde estava, passando pelo cubículo que chamavam de corredor, até chegar ao quarto, onde fazia os seus programas. Ajeitou os cabelos, o shorts curto e por fim, buscou sua bolsinha velha com camisinhas e lubrificantes. Colocou a mão na maçaneta, abrindo à porta.

Porém, não esperava encontrar Micael, sentado na beirada da cama.

— Te achei, vagabunda. — Ficou de pé.

Sophia correu para a porta mas foi encurralada pelo mesmo, não conseguiu sair, se desesperou para fugir e acabou ficando. Micael lhe enforcou, teve as duas mãos em seu pescoço, apertando.

— Cadê a porra do meu dinheiro? — As mãos trêmulas por prender Sophia daquele jeito. — Hein! CADÊ A PORRA DO MEU DINHEIRO? — Cerrou os dentes, batendo sua cabeça na porta.

Sophia já estava chorando quando duas lágrimas caíram de seu rosto, suas mãos tentaram tirar as mãos de Micael do seu pescoço. Estava morrendo sufocada! Não tinha ar, ficou em desespero.

Quando menos esperou, largou o pescoço de Sophia, que ainda chorava em silêncio, processando o que havia acontecido.

— Eu vou perguntar mais uma vez. — Escutou Sophia dar um soluço em choro. — Cadê a porra do meu dinheiro?

— Eu gastei tudo. — Escorregou atrás da porta, fazendo um escândalo. Micael suspendeu Sophia novamente, dando um tapa forte em seu rosto. O barulho ecoou no quarto.

— SUA FILHA DA PUTA! — Pegou forte em seu braço, jogando Sophia na cama. — Vadia do caralho. EU QUERO A PORRA DO MEU DINHEIRO, ESTÁ ENTENDENDO? — Apontou o indicador à Sophia, que estava em choque. Trêmula.

Ela assentiu diversas vezes em automático, não se dando conta de que havia recebido um tapa no rosto.

— E não acaba por aí não, você vai me pagar, está entendendo? — Micael segurou em seus cabelos, machucando a mesma. — Vai me pagar todo o dinheiro que você gastou, entendeu?

— E-entendi. — Engoliu o choro.

— É pra entender mesmo, cadela! — Jogou ela na cama novamente. — Se meteu num puteiro de quinta, abrindo a perna por quinze reais. VAI SE FODER, SOPHIA. — Andou de um lado para o outro, irritado.

Ela havia gastado todo o seu dinheiro, como pôde? O dinheiro que guardou por tantos anos, em vão.

— Pega tuas coisas e vamos, anda!

— Eu não vou ir com você. — Respondeu Micael com ódio, tremulando os dentes.

— Vai ir sim, eu vou obrigar você à ir. — Segurou ela novamente pelo braço, tirando Sophia da cama à força.

As garotas que estavam do lado de fora viram a cena, mas não ousaram em dizer nada. Assistiram Sophia sair naquele estado, com Micael irritado, segurando seu braço e lhe fazendo sair do prostíbulo grotesco em que estava trabalhando.

Chamou um táxi, colocando a menina lá dentro, voltando ao seu apartamento, onde jamais ela deveria ter saído.

— Eu não quero mais ficar aqui com você. — Sophia soltou quando entrou no apartamento, sentando no sofá e abraçando as pernas.

— Eu deveria arregaçar você de tanta porrada, garota! Roubou o meu dinheiro, gastou o meu dinheiro e agora acha que está na razão de dizer alguma coisa? — Micael ficou em sua frente, gesticulando.

— Você comeu a minha mãe!

— Eu nem sabia que ela era a sua mãe, porra. — Micael até havia se esquecido. — O negócio é o seguinte. — Puxou uma cadeira, sentando na frente de Sophia. — Você vai me pagar todo o dinheiro que você roubou e gastou, começando por hoje! — Pausou. — Vai fazer programa até me pagar, tá entendendo? E se reclamar ou fugir, eu mato você.

— Vai me obrigar à fazer programa?

— Se você quiser roubar um banco, me dar o dinheiro e depois se entregar... Tudo certo também! — Rolou os olhos. — Eu quero o meu dinheiro.

— E você?

— Eu não vou mais fazer programa. Eu vou ficar sentado onde você está enquanto VOCÊ faz o programa! Divertido, não? — Micael sorriu maléfico. — Você não tem pra onde correr, Sophia. Está fodida na minha mão! Ninguém mandou você me roubar.

— Eu tive que fugir.

— Por que quis! Ninguém aqui fez nada. O lance com a tua mãe você deveria se resolver com ela, não roubar o meu dinheiro e ainda fugir daqui.

— Você dormia com ela, Micael! Vocês dois iam ter um filho.

— Eu não sabia que ela era a tua mãe, Sophia. Vê se entende, porra! — Se levantou. — Enfim, você entendeu todo o processo, não é mesmo?

— Entendi.

— Vai dar a boceta e o cu, juntar o dinheiro e me pagar. Ah, e eu vou comer você quando eu quiser, na hora que eu quiser e não adianta você chorar.

Sophia ficou em silêncio, não discutiu com Micael, que dava às ordens.

Foi difícil processar tudo o que havia passado, estava cansada, com a cabeça cheia. Cerrou os olhos sentindo sono, deitou-se no sofá e dormiu por fim, iria trabalhar muito pela noite.

Afinal, tinha que pagar Micael. Nota por nota!

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