Kelly serviu o chá em uma xícara de porcelana, enfeitando a enorme bandeja que estava levando para Carolina, no quarto. A mesma não saiu do ambiente, estava mal e Alex não sabia o por quê. Chorou a noite inteira, surtou na suíte e por fim, tirou alguns cochilos que viraram seu pesadelo constante.Estava de cama e não queria ver ninguém. Somente Kelly.
— Dona Carolina? — Kelly pediu permissão para entrar.
— Pode entrar, Kelly. — Tinha a voz nasalada por conta do choro.
— Eu trouxe um chazinho, torrada, pãozinho com queijo branco. — Kelly tentou fazê-la sorrir. — Tem até aquela geléia de pimenta que a senhora gosta!
— Obrigada Kelly mas eu não estou com fome. — Fez uma careta ao ver as comidas na bandeja. — Pode deixar aí e sair, por favor.
— Dona Carolina, eu sei que não é da minha conta mas... O que aconteceu? Quero dizer, a senhora brigou com o seu Alex?
— Não, Kelly. A gente não brigou não! É que a minha cabeça está bem confusa pra te contar tudo o que aconteceu. — Fez uma careta ao lembrar. — Eu só quero ficar deitadinha no meu canto. Pode ser?
— Claro. — Kelly assentiu, se retirando.
Carolina tentou tomar o chá mas não conseguiu, preferiu ficar debaixo das cobertas, remoendo toda a briga e chorando em silêncio. Deu graças à Deus por Alex ter ido trabalhar, não queria ninguém fazendo perguntas em sua cabeça.
— Cheguei. — Mariana disse ofegante, correu até o apartamento de Micael. Observou Luiz e o mesmo, lhe encarando. — Tem notícias da Sophia?
— Nenhuma. — Micael foi direto. — Me fala, por favor! Você não viu ela?
— Se eu tivesse visto, eu nem estaria aqui, você não acha? — Disse óbvia.
— Ela não está na casa das tuas amigas? Sei lá. — Micael começou a ficar desesperado, de novo.
— Se ela tivesse, Bella ia me contar, ou então a Alice. — Mariana começou a ajudá-los com informações que tinha. — Acho que ela realmente fugiu.
— É sério que você disse isso? Muito obrigado pela sua ajuda. — Luiz debochou, soltando uma palma.
— Luiz, menos! — Micael lhe parou.
— A gente precisa achar um jeito de achar ela. A Sophia não pode ter ido muito longe. — Mariana começou a se preocupar.
— Ela tem mais algum amigo em comum? Que você saiba, é claro. — Micael cruzou os braços.
— Acho que não. — Estava pensando quando algo passou por sua mente, fazendo Mariana clarear. — Meu Deus!
— Que foi?
— A mulher da boate. — Estalos os dedos, tentando lembrar o nome. — A mulher da boate que fez amizade com a Sophia. Ela pode ter ido lá!
— CARALHO! — Micael colocou as mãos na cabeça. — Como eu não pensei nisso antes. Ela foi ontem na casa dessa mulher. Raquel o nome, não?
Luiz observava a cena de longe, olhando Micael e Mariana ao mesmo tempo, sem dizer nada.
— ISSO! Raquel. — Mariana juntou as mãos. — Tá aí, como a gente vai achar essa Raquel agora, hein?
— Achando. Eu vou vasculhar alguma coisa que tenha vestígios dela e então, a gente começa a procurar a Sophia.
— Beleza. — Os dois assentiram.
Mariana e Micael subiram as escadas, deixando Luiz sozinho na sala. O mesmo ligou para Raquel, adiantando o processo para ajudar a mulher, dizendo que os dois estavam atrás da mesma.
— Fala Luiz, aconteceu alguma coisa?
— Pode falar, tu está com a loirinha, não?
— A Sophia?
— Ela fugiu do apê do Micael, parece que a mãe dela descobriu tudo. Daí ela roubou o dinheiro do Micael...
— Pera aí, pera aí. Aonde você está agora, Luiz?
— Na casa do Micael! Eu vim ajudar ele a procurar ela mas até agora nada.
— Ela está aqui em casa sim! Ela veio hoje, de madrugada. Chorou muito, fez aquela ladainha de adolescente mas não está com cara de quem vai aprontar alguma coisa.
— E o dinheiro tá contigo?
— Claro que não, né Luiz? Eu vou lá saber de dinheiro, nem sabia que ela tinha dinheiro à propósito.
— Raquel, tu tem que fazer ela devolver esse dinheiro pro Micael, cara! É parte do teu patrão, ele precisa sair dessa.
— Amor, eu não tenho nada a ver com esse casalzinho sem noção! Ninguém mandou ela bancar a vilã e roubar o dinheiro dele. Cada um com os seus problemas!
— Porra, Raquel! Eu ajudei tanto você, é sério que tu vai me deixar na mão assim?
— Luiz, eu sei que ele é seu amigo, sei lá que droga que ele é na verdade. — Raquel suspirou. — Mas não dá! Eu não vou ajudar o próprio inimigo do meu amigo, eu quero que ele se foda até chegar em mim.
— Você é muito ruim, cara.
— Eu sei, todo mundo fala isso. Mais alguma coisa?
— Só me diz se ela está aí e o dinheiro também.
Raquel desligou a ligação, deixando Luiz irritado. Grunhiu baixo mas Mariana conseguiu ver a cena, enquanto descia às escadas.
— Aconteceu alguma coisa?
— Nada, era nada não. — Tentou disfarçar. — Acharam alguma coisa?
— Nada! Nem papel, nem telefone, nada. — Mariana bufou. — A gente vai ter que dar uma de caça-fantasma e achar a Sophia.
— O bom é que ela não está morta. — Luiz tentou fazer uma piada mas não deu muito certo. — Brincadeira, foi mal.
— É. — Mariana rolou os olhos. — Foda que o Micael está super preocupado com a situação. Foi muito dinheiro roubado! Quase tudo, praticamente.
— Ah, mas também, né? Foi confiar na mina logo de cara. E ele estava comendo as duas. — Luiz blefou.
— Mas ele não sabia, Luiz.
— Iiiiih, tá defendendo o Borges?
— E você está com ciúmes?
— Eu? Claro que não! Eu não tenho nada com você pra ficar de ciúmes. — Deu de ombros.
Escutaram Micael descer, tinha algo nas mãos enquanto balançava.
— Olha o que eu achei no banheiro!
— O que é isso? — Mariana tentou decifrar, enquanto o mesmo não chegava perto.
— Um cartão amassado. Tem o número dela! Da Raquel! — Sorriu rápido, achando esperanças.
— BOA! E aí, vamos ligar? — Mariana esfregou as mãos, ansiosa. — É o único jeito da gente saber da Sophia.
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LU$H
RomansaCom uma dívida de um milhão de reais, Micael foge de casa para as ruas de São Paulo, se prostituindo. Quem o ajudaria? Jovem, loira e de olhos azuis. Ela não sabia no problema que iria se meter, sendo totalmente oposta que ele.