Capítulo 67

173 10 4
                                        


— Caraca, as vezes eu tenho vontade de matar você!

Micael grunhiu enquanto conversava com Sophia, o mais baixo que podia, com medo de alguém escutar.

— A gente pode esconder em algum lugar.

— Por que você trouxe essa merda com a gente?

— Sei lá, proteção. — Levantou os ombros. — A gente precisa ser rápido, daqui a pouco chega a nossa vez de passar no detector de metal.

— Pois é, mas como a gente vai fazer isso? — Ficou um pouco irritado.

— Meu Deus. — Sophia passou a mão na cabeça, tentando achar um jeito. — Já sei!

— Não, você não sabe.

Ele estava andando pelo imenso espaço do aeroporto, na procura de Micael e Sophia. Na sua cabeça, não deveria estar longe. E não estava mesmo!

— E se a gente esconder debaixo de alguma terra? Sei lá. — Sophia optou, fazendo Micael perder a cabeça de vez.

— Sophia, não viaja! Daqui a pouco é a nossa vez de passar no detector de metal, não vai dar tempo.

— Eu tô tentando ajudar.

— Mas só está piorando! — Fez uma careta.

Estavam na fila para irem até o detector de metal. Micael entreolhou Sophia e a retirou da fila, o mais rápido que pôde. Foram até o banheiro feminino mais próximo, onde entrou com tudo.

Mas não esperavam encontrar Raquel lá dentro.

— RAQUEL? — Sophia gritou, os olhos arregalados e... Algo batendo em sua nuca.

Micael? A mesma coisa! Apagaram de vez.

Micael acordou, horas depois. Não sabia bem aonde estava mas acreditava que ainda estava vivo. Amarrado com as mãos para trás, a cabeça dolorida, suado e nu. Observou as prateleiras ao lado de si e uma luz gigante em cima de seu corpo.

— Bem vindo ao inferno, Borges!

Ele havia ficado em sua frente, dando uma risada maléfica. Fim da linha ao Borges.

— Olha só, você me pegou. — Deu um risinho falso, recebeu um soco no rosto.

— Pois é, eu te peguei. — Ainda estava em sua frente. — Acolhi você, fui seu amigo, te vendi tudo o que você podia cheirar na sua vida. Mas aí, você me deixou na mão, como sempre.

— Eu juntei a sua grana todos esses anos, pode ficar tranquilo. — Se encararam.

— E cadê a porra da minha grana então?

Deu um chute certeiro no saco de Micael, o fazendo revirar na cadeira. Grunhiu de dor, acompanhado de lágrimas finas no canto do olho.

— Você é um merda, Micael! Sempre foi um merda! — Cuspiu em seu rosto. — Eu quis te ajudar mas você não foi muito hospitaleiro.

— Eu já disse... Que a sua grana tá guardada comigo!

— ENTÃO CADÊ A PORRA DO MEU DINHEIRO, CARALHO? — Segurou na nuca de Micael, o machucando. — Você não guardou merda nenhuma, você não tem o dinheiro pra me dar.

Se afastou, apontando um revólver em sua direção.

— O negócio é o seguinte, Borges. Fim da linha pra você, parceiro! — Foi direto. — Não sei se a sua mãe dizia mas, escreveu e não leu? O pau comeu! — Fez uma careta, ajeitando os dedos no gatilho. — Já brincou de roleta russa?

LU$H Onde histórias criam vida. Descubra agora