Capítulo 31

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Sophia agradeceu de joelhos quando o mesmo passou pela porta, apressado. Tinha um roupão felpudo no corpo e um chinelo de quarto que Micael usava. Ele lhe observou de cima à baixo, arqueando uma sobrancelha.

— Me apressou à toa por que? — Micael passou por ela, subiu as escadas.

— Não apressei você à toa. Está atrasado! — Ela o seguiu.

— Tá. E cadê eles? — Levantou os ombros.

— Se atrasaram.

— Nossa, como você foi útil. — Micael debochou. Retirou a calça que estava usando.

— Você foi transar com ela? — Sophia cruzou os braços, tirando satisfação.

— Fui e aí? Vai chorar? — Micael buscou outro roupão felpudo, se vestindo.

— Só acho que você deveria ter me contado e não me deixado plantada aqui!

— Você diz como se eu fosse você, né? Não tenho quinze anos, não vou fugir da minha própria casa. — Alfinetou Sophia.

— E alguém aqui disse em fugir? — Seguiu Micael, de novo. — Eu só disse que você poderia ter me avisado, eu fiquei que nem idiota te procurando.

— E me achou, não achou? — Foi irônico.

— Para de ser grosso!

— Eu sou grosso! — Micael ficou frente à frente com ela. — Só acho que você não está entendendo como funciona as coisas.

— Agora tô vendo como funciona.

— Não, você ainda não tá! — Negou com a cabeça. — A gente precisa pelo menos se unir e fazer mais programa do que parece. Até agora, você conseguiu fazer dois programas comigo. — Micael se irritou. — Vai ser bem difícil te manter aqui dentro!

— Ah, então agora a culpa é minha? — Abriu os braços. — Eu nunca fui prostituta, Micael! Mas se você quiser virar o meu cafetão, como aconteceu ontem, fique à vontade. — Debochou. — Cinquenta da casa e cinquenta da garota? Como você vai querer fazer?

— Eu não vou virar o seu cafetão. — Cerrou os olhos. — Eu só quero que você trabalhe junto comigo, pra gente se manter juntos. O aluguel é caro! É isso que eu tô com medo.

— Não é ela que paga o aluguel?

— É! Mas eu pago ela de todo o jeito. Não sou esses garotos que ficam abusando.

— Você já abusa dela, dizendo que ama ela e depois fazendo a mesma coisa comigo!

Sophia empurrou o ombro de Micael, saindo. Desceu as escadas quando a campainha tocou, nublando seus pensamentos para não brigar com o mesmo.

Atendeu a porta, revelando um casal.

— Oi. — Foi simpática. — Entrem!

— Oi. — A mulher ruiva ficou um pouco sem graça, mas foi se acostumando com o ambiente.

— Olá! — O homem respondeu Sophia, do mesmo jeito. Colocou as mãos no bolso da calça, observando ao redor.

— E aí. — Micael desceu, cumprimentando os dois. — Vocês são...

— A gente prefere não dizer o nome. — A mulher sorriu amarelo à Micael, que entendeu perfeitamente. — Mas a gente te conheceu na Lu$h.

— Na Lu$h? Você já frequentou lá? — Micael ficou surpreso.

— Na verdade a gente se conheceu lá. — O homem respondeu a pergunta, tomando em frente.

— Caraca, que maneiro! — Micael sorriu.

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