Capítulo 17

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— Como está indo no trabalho?

Carolina perguntou à Alex, que estava deitado, lendo um livro. Era tarde, haviam acabado de transar mas perceberam que não foi uma grande opção.

— Você perguntando do meu trabalho, desde quando você se interessa? — Não deu ouvidos à mulher.

— A gente não conversa mais, Alex. — A mulher passava creme em seu corpo, estava de banho tomado. — Eu sinto falta quando a gente conversava!

— Que bom que a gente não conversa mais, querida. É um favor que você me faz! — Alex fechou o livro, desligando o abajur.

— Escuta. — Carolina deixou o creme na penteadeira, caminhando até à cama. — Você quer o divórcio?

— Claro que não, Carolina.

— Então por você me trata desse jeito? Você não gosta mais de mim?

— Carolina, não começa, pelo amor de Deus. — Passou as mãos no rosto. — Você tem essa mania de encafifar tudo nessa sua cabeça.

— Alex, só você não vê o que você está fazendo comigo, caramba. — Bateu as mãos na perna. — O nosso casamento está desgastado, mas...

— Não existe mais casamento há anos, Carolina. A gente só está junto por causa da Sophia, que também não liga pra gente. — Pausou. — Eu só quero viver em paz, trabalhar, ganhar o meu dinheiro e focar no futuro da minha filha.

— Que por sinal só faz coisa errada e você não vê!

— Que tipo de coisa errada, Carolina? — Alex estava perdendo a paciência. Passou a mão no rosto, cansado.

— Eu já disse que não gosto dessa amizade dela com essa tal de Bella, que parece uma Zé ninguém. — Gesticulou. — Até gosto da Mariana mas agora aquela lá, não dá.

— E por que você não gosta da menina? Por acaso ela já fez alguma coisa pra você?

— Ela fuma maconha, Alex!

— E como você sabe?

— Dá pra sentir o cheiro de maconha perto dela, você nunca sentiu? — Carolina estava revoltada.

— Então se ela fuma maconha, fique sabendo que a sua filha fuma também!

Pararam de conversar quando escutaram um barulho alto vindo do quarto de Sophia, Alex saiu da cama às pressas, andando apressado até lá.

Abriu a porta com tudo vendo a filha, de pé em meio ao quarto. As roupas, agora, pouco úmidas por conta da chuva que havia pego. Estava tarde e nesse meio tempo, eles já sabiam que ela estava fora de casa.

— Sophia, onde você estava? — Carolina ficou atrás de Alex, esbravecida.

— No quarto? — Tentou mentir.

— No quarto você não estava, você chegou agora. — Disse para filha. — Onde você estava?

— Pai...

— Sophia, aonde você estava? — Se irritou, querendo saber onde Sophia estava.

— Eu sai. — Contou. — Fui dar uma volta.

— E está chegando agora? — Carolina cruzou os braços.

— Eu já tenho dezoito anos. — Se defendeu.

— Mas você não sabe andar em São Paulo, Sophia. É perigoso! Eu e sua mãe já cansamos de dizer isso. — Alex reprimiu. — E aonde você estava pra chegar agora em casa?

— Eu sai com as meninas, pai. A gente foi em uma boate se divertir!

— BOATE? AH, PELO AMOR DE DEUS! — Carolina andou de um lado para o outro. — Aposto que estava fumando maconha com a sua amiguinha que não toma banho.

— Carolina, sai daqui. Por favor! — Alex cerrou os olhos, perdendo a paciência com á mulher. — Eu converso com ela.

— Eu sou mãe, Alex! Eu necessito saber onde ela estava, essa hora da madrugada.

— Tem certeza mesmo que você é mãe? — Sophia rebateu. — Você já contou pro seu marido que estava almoçando no restaurante, digamos, sozinha? — Alfinetou.

— Que restaurante? — Alex encarou as duas.

— Ela tá tentando fazer a gente brigar, Alex. — Carolina se defendeu.

— Não tô não! Eu tô contando o que eu vi. — Sophia continuou. — Ela estava sozinha no restaurante, me deixou sozinha pra almoçar sozinha? Eu não entendi essa sua lógica. Você estava com alguém, mãe? Amiga ou amigo? — Deu ênfase.

— Eu vou matar você, Sophia! — Carolina cerrou os dentes.

— Já chega, as duas! — Alex interviu. — Carolina, sai daqui e você, vamos conversar. — Apontou para Sophia, que encolheu os ombros.

A mulher saiu brava, batendo os pés. Bateu a porta com tudo deixando Alex sozinho com Sophia, que se escorou na parede, esperando o esporro do pai.

— Onde você estava?

— Já falei! Na boate, com as meninas.

— Você está usando droga, Sophia?

A filha soltou uma gargalhada.

— Não achei graça.

— Muito menos eu! — Sophia ficou séria de novo. — Por que eu não posso ter vida, hein? Eu tenho dezoito anos! Minhas amigas tem dezoito anos!

— Mas é uma ninguém perto de todos, se ninguém ainda te falou isso. — Alex cruzou as mãos. — Repetiu de ano, não estuda, só quer gastar o nosso dinheiro com besteira.

— Eu não sou assim. Sua mulher quis me dar um carro e eu não aceitei!

— Minha mulher que é a sua mãe, respeito como você fala dela, Sophia. — Pausou. — E a partir de hoje eu vou monitorar você. Está entendendo?

— Você quer monitorar a sua filha de dezoito anos que já é de maior? — Riu incrédula. — Sério, eu odeio essa casa! Eu não vejo a hora de sair daqui e me livrar de vocês.

— Você quer ser adulta? Então tá bom. — Alex mexeu os ombros. — Arranje um emprego!

— Ainda estou estudando.

— Com a sua idade eu estudava e trabalhava, não tinha tudo de mão beijada. — Soltou. — Mas se você quiser me mostrar que está disposta à ser adulta de verdade, então arranje um emprego.

— Tá bom. — Sophia assentiu. — Vou arranjar um emprego e sair dessa casa.

— Ótimo! Assim eu não preciso ficar dando mesada pra uma adolescente de dezoito anos. — Alex sorriu falso. — Fim da conversa!

— Isso não vai ficar assim.

— E você acha que eu tenho medo de você, Sophia? — Alex ficou perto da filha, dando medo na mesma que ficou em silêncio. Foi embora, deixando a porta aberta.

Sophia grunhiu baixo, fechando a porta com tudo e trancando. Jogou algumas coisas longe e procurou sua mochila, colocando algumas roupas dentro, seguido de peças íntimas. Iria sair de casa! Quando amanhecesse, assim que fosse para a escola.

Estava decidida quando arrancou uma folha do caderno, escrevendo uma carta. Não iria mais passar por aquilo, queria liberdade.

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