Capítulo 8

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Sophia saiu da escola às pressas, junto com Bella. Chamaram um táxi e foram até o consultório médico, que ficava do outro lado de São Paulo, bem longe da região em que estavam.

Durante o caminho, fofocaram de Mariana e alguns detalhes da sua festa de aniversário. Sophia não tocou no assunto de Micael, privando a parte em que estava loucamente doida de vontade de voltar.

Chegaram no local indicado. Sophia entrou para a consulta, Bella esperou na sala de espera enquanto a consulta durava em torno de cinquenta minutos. Foi tedioso mas estava dando uma força à amiga.

— E então, como foi? — Ela se levantou quando viu Sophia sair da sala, um pouco cansada.

— Acho que normal. — Seguiram o caminho da porta. — Está tudo bem! Eu contei pra ela o que aconteceu, ela ficou chocada mas tudo deu certo.

— Você não fez nenhum exame?

— Fiz um exame que vai ficar pronto amanhã mas ela disse que não tinha necessidade. — Sophia explicou. — Eu optei por não tomar anticoncepcional.

— Por que?

— Porque não. — Sophia deu de ombros. — Eu não tenho namorado e não quero mais transar, pelos próximos três anos.

— Você é quem pensa! — Bella achou graça. — Quanto menos você esperar, vai vir um garoto chato pedindo você em namoro. Sempre acontece isso.

— Eu não quero namorar, me dá uma canseira só de pensar que eu vou ter que transar todos os dias. — Bella deu uma gargalhada sincera.

— Sophia, claro que não! — Terminou de rir. — Você só transa se quiser.

— Ah, sei lá! — Ficou em transe.

As duas pararam em frente ao consultório, perto de um ponto de ônibus.

— Vamos indo? Eu pago o táxi dessa vez. — Bella vasculhou a mochila.

— Ah, pode ir, eu não vou com você.

— Como não? — Viu Sophia dar um sorriso esfarrapado. — Você não tá pensando nisso, né?

— Eu quero ver ele! — Mexeu em seus próprios dedos. — Eu só quero dizer que deu tudo certo, ele não precisa se preocupar comigo.

— Sophia, ficou maluca? É de dia! Se alguém te ver?

— E você acha que alguém vai me ver na Augusta? Alguém do colégio.

— Lá é cheio de puteiro! Com certeza você deve achar algum desocupado que estuda com a gente.

— Eu preciso ver ele, Bella. Não dá mais! — Sua fala deixou a amiga preocupada. — Eu não paro de pensar no que aconteceu ontem.

— Você não acha que tá indo rápido demais? E outra, ele é garoto de programa! Vai mentir pra você se aproximar dele até tirar todo o seu dinheiro.

— O Micael não é assim. — Sophia negou. — Enfim, você vai indo? Eu vejo você mais tarde, se quiser.

— Hoje eu tenho aula de guitarra, então... — Fez uma careta, logo após, abraçando a amiga. — Se cuida, sua maluca!

— Pode deixar. — Sophia esperou o táxi vir, vendo Bella entrar no carro e partir para sua casa.

Ela optou por andar até a Lu$h, que não ficava longe da localização que ela estava. Viu a paisagem, sentiu calor, repensou na noite de ontem e quando viu, já estava na rua movimentada, observando a casa velha de longe.

Passou pelo portãozinho, esbarrando com uma mulher, bem mais velha. Imaginou que ela poderia estar com Micael mas ficou com raiva logo em seguida, tirando rápido do seu pensamento.

Ficou de pé na porta de entrada, esperando por alguém.

— Oi. — Marcelo apareceu. — Tudo bem?

— Oi. — Sophia ficou com medo. — Tudo! O Micael está aí? — Mexeu nas mãos, nervosa.

— Ah, você deve ser a famosa Sophia. — Marcelo soltou um riso mas Sophia não entendeu. — Só um segundo, eu vou...

— Aí Marcelo, a Vera pediu... — Micael desceu as escadas mas logo parou, podia estar delirando mas sentiu uma onda de sensações boas quando viu Sophia de pé, perto da porta.

— Ela quer falar com você. — Marcelo avisou. — Fique à vontade, Sophia! Vou deixar vocês à sós. — Saiu de perto, sumindo dali.

Micael desceu às escadas depressa, ficando em frente à Sophia. Ambos se encararam mas não disseram nada, o silêncio prevaleceu.

— Você voltou. — Micael soltou.

— Eu disse que voltaria. — Sophia corou.

— Tá tudo bem com você? Sobre... Aquilo.

— A gente pode subir? — Sophia ficou mais corada ainda enquanto pedia. Micael assentiu, sem pensar duas vezes.

Os dois subiram até o quarto, Micael trancou quando passou pela porta, esperando Sophia contar o que havia acontecido.

— Eu fui ao médico hoje. — Contou. — Ele me examinou, eu fiz alguns exames que vão ficar prontos amanhã. — Os dois se encaravam. — Mas ele disse que não precisava, não era necessário.

— Mas mesmo assim você fez?

— Sim. — Pausou. — E eu tomei uma pílula do dia seguinte.

Micael se aliviou por dentro, dez vezes mais. Sabia que não havia gozado dentro de Sophia, porém, todo trisco era pouco! Podia ter achado que não gozou... Dos males, o menos pior, pensou.

— Está mais aliviada? — Micael sentou ao seu lado.

— Mais ou menos! É estranho tudo isso ter acontecido rápido demais.

— E suas amigas?

— Eu briguei com a Mariana. — Micael franziu o cenho. — Mas eu não quero falar sobre isso, não agora. — Tocou o rosto de Micael, iniciando um beijo fervoroso.

Até ele se impressionou quando viu Sophia tomar atitude, passando o uniforme do colégio pela cabeça, jogando no chão do quarto. Micael tateou o fecho do seu sutiã mas teve que parar, tomando fôlego e lhe acalmando.

— Que foi? — Sophia perguntou, tinha a testa colada com a sua.

— Vamos com calma! Tudo bem? — Beijou suas mãos delicadas.

— Você não quer transar comigo, é isso?

— Eu quero! Eu tô louco de vontade de transar com você. — Sorriu leve. — É isso que você quer? Você tem certeza no que está fazendo?

— Eu gosto de você! Você é legal, diferente, lindo. — Sophia tocou o rosto de Micael novamente. — Eu não paro de pensar um minuto no que aconteceu.

— Eu também não. — Sussurrou nos lábios de Sophia, dando outro beijo, só que dessa vez, calmo. — Eu não sei o que está acontecendo!

— Eu sei. — Sophia cerrou os olhos. — Mas eu tô com medo de dizer.

— Não precisa ter medo, eu estou aqui. — Micael e ela se entreolharam, ambos apaixonados uns pelos outros, como dois adolescentes. Único problema é que Sophia ainda era!

Ela não disse nada, tomou iniciativa para beija-lo de novo. E se pudesse, ficaria a tarde toda daquele jeito. Não só ela, como ele também.

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