Capítulo 49

214 14 3
                                        


Sophia estava cansada, era nítido. Observou o relógio digital que havia na cômoda. Por suas contas, tinha feito programa com dezessete homens naquela noite e finalizou com Micael, que estava atrás de si, lhe estocando por trás. Forçou os olhos, dolorida, não podia dizer nada, tinha que pagar o preço de ter fugido e roubado o seu dinheiro.

Ele se aliviou dentro da mesma, urrando em seu ouvido e saindo devagar. Sophia deu um suspiro, ajeitou os cabelos e saiu da cama, andando com um pouco de dificuldade.

— Deu pra entender agora? — Micael falou com a mesma, que caminhava para dentro da suíte.

Sim.

Abriu o box, ligando o chuveiro no quente. Precisava se recompor, precisava de um banho e cama. Não aguentava mais!

— Que bom, foi o que eu pensei. — Micael entrou no cômodo, vendo Sophia tomar banho.

Não disse nada ao ver o cansaço estampado em seu rosto. Esperou que a menina tomasse seu banho, enrolando-se na toalha, penteando os cabelos e secando. Buscou uma blusa velha, vestindo e se pondo para dormir, não quis comer nada.

— Não vai comer nada? — Micael se preocupou um pouco.

— Tô sem fome. — Sophia se enrolou no edredom.

— Deixa eu trocar o lençol, pelo menos.

— Não precisa, Micael. — Ajeitou os travesseiros, pousando sua cabeça e fechando os olhos.

Ele soltou um suspiro, vencido pelas palavras de Sophia. Saiu do quarto, decidindo dormir no sofá. Nada mais aconteceu, o clima estava tenso.

Pela manhã, Sophia acordou cedo, agitada. Estava suando quando saiu da cama, indo direto ao banheiro. Vomitou, ficou trêmula e ainda por cima, uma vontade absurda de cheirar a cocaína que havia comprado aquele dia.

Estava em abstinência! Mas Micael não podia saber.

Respirou fundo, manteve a calma, fez suas higienes matinais e desceu. O encontrou tomando café, com uma caderneta preta em mãos.

— Bom dia! Já tomou banho? Você tem cliente daqui à pouco.

— Bom dia. — Sophia buscou uma xícara, despejando o café que Micael havia feito.

— Conseguiu descansar?

— Sim. — Encarou o café, tentando não tremer. — Eu... Preciso comprar algumas roupas.

— Onde estão as suas roupas?

— Ficou lá.

— Lá aonde, Sophia?

— No puteiro onde eu estava. Se você não tivesse feito aquilo, eu poderia ter pegado pelo o menos a minha mochila.

— Mas não pegou! Você pode se virar com as roupas que tem, são várias. — Micael deu de ombros. — Você não pode comprar nada agora, precisa me pagar primeiro!

— Micael, eu vou te pagar. Tá bem? — Abriu as mãos. — Só preciso ver como eu vou te pagar, fazer programa é bem difícil!

— Pra você ver o que eu passei quando juntei toda aquela grana, pra você gastar tudo. — Ficou sério, esbravecendo aos poucos. — O que você comprou com aquele dinheiro, hein?

— Besteira. Era muita grana, Micael! Eu ajudei as meninas que me ajudaram também, não compensa eu falar isso pra você.

— Não compensa mesmo.

Sophia tomou o café, tentando ao máximo não tremer na frente de Micael. Esboçou um sorriso, recebendo os comandos dele para que sua saga de atendimentos começasse.

Iria ser difícil trabalhar daquele jeito, mas Sophia já estava dependente da droga. Só ela não via isso!

LU$H Onde histórias criam vida. Descubra agora