Capítulo 43

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O fato de Sophia não ter transado com outro homem despertou uma certa curiosidade. Além de estar extasiada com a cocaína, seu programa com Luccas foi mais além do que deveria.

Não era como Micael mas dava pro gasto. Sentiu bastante diferença enquanto ficava de quatro, tendo Luccas atrás de si, segurando seu ombro e estocando firme, soltando gemidos baixos e palavrões à certo tempo. Trocaram de posição até que Luccas gozasse, junto com ela.

— Ai, caralho! — Luccas deitou ao lado de Sophia. — Agora tá explicado porquê você cobra tão caro no programa.

— Eu preciso pagar o meu cafetão também, esqueceu? — Achou graça.

— Nada a ver você com esse cara que come o teu dinheiro. — Luccas soltou um suspiro. — Imagina você, num apartamento como esse, trabalhando sozinha...

— Mas eu não quero viver de prostituição a vida toda, Luccas. — Sophia abraçou os joelhos. — Isso só está sendo uma fase da minha vida.

— Você nunca foi de puteiro?

— Não. — Sophia não quis tocar no assunto. — Mas também, por que a gente precisa ficar falando disso?

— Eu quero saber mais de você. Tô curioso agora! — Ele sorriu. Se levantou, mexendo em sua carteira. — Quando rola a gente de novo?

— Amanhã você tem compromisso?

— Amanhã? — Luccas contou as notas de cem, entregou à Sophia. — Eu trabalho de manhã mas posso te ver à tarde. — Sorriram. — Pode ser no seu apê?

— Claro! Você vai adorar a minha cama e as loucuras que eu posso fazer com ela. — Sophia saiu da cama, beijando Luccas, que apertou sua bunda. — Meu Deus! — Arregalou os olhos.

— Que foi?

— Que hora é essa? — Se apressou, ajuntando as roupas do chão e vestindo depressa. — Eu preciso ir!

— Tá mas... Você tem algo mais importante que isso?

— Tenho, pior é que eu tenho! — Sophia não quis olhar no relógio, já sabia a hora e sabia que tinha cliente lhe esperando. — A gente se vê amanhã então?

— Sim, gata! Amanhã! — Deu um último beijo em Sophia, deixando ela ir.

A loira passou depressa por Raquel, se despedindo apressada. Chamou um táxi, que demorou, e enfim foi para o seu apartamento. Subiu as escadas de emergência correndo, se deparando com Micael na porta, o celular na orelha, bastante irritado.

— Porra, e aí? — Ficou irritado quando Sophia passou pela porta. — Perdeu a noção?

— Foi mal, eu esqueci. — Sophia estava trêmula. — Você tá muito puto comigo?

— Eu quero estrangular você! O cliente vazou, foi embora. — Andou de um lado para o outro. — Onde você estava?

— Na Bella.

— Que porra de Bella, to sentindo o cheiro de pau daqui. — Cruzou os braços. — Com quem você estava?

— Já disse, com a Bella!

Micael negou com a cabeça, rindo baixo e incrédulo. Ficou perto de Sophia, abrindo o botão de seu shorts, enfiando a mão dentro da sua calcinha de renda. Invadiu a menina com dois dedos, retirando no mesmo instante, úmido.

— Não sabia que a Bella era sapata! — Esfregou o dedo na cara de Sophia.

— Eu sai. — Decidiu contar. — A Raquel me chamou pra um happy hour.

— Quem é Raquel?

— A mulher da boate.

— Eu vou lá saber quem é, Sophia! Você tinha um compromisso de trabalho! — Bufou. — Qual foi? Assim vai ficar difícil.

Sophia vasculhou o bolso do shorts, contou o dinheiro ganho, entregando quatrocentos reais à Micael, que ficou em silêncio.

— Que porra é essa? — Olhou o dinheiro.

— Dinheiro. — Disse cabisbaixa. — Eu fiz um programa lá na Raquel.

— Tá certo. — Micael não gostou muito. — Fico feliz em saber que você está fazendo amiguinhos ricos.

— Não posso mais sair também? Eu te dei quatrocentos reais!

— Você pode ir pra onde você quiser, Sophia! Mas a partir do momento que você tem afazeres aqui dentro, você não pode mais sair, concorda comigo?

Ela ficou em silêncio.

— Gostava mais quando a gente trabalhava junto!

— Pois é! Mas agora a gente não trabalha mais junto. — Pausou. — E eu tô ligada que esse programa que você fez foi fora de contexto.

— Tá com ciúmes, Micael?

— A partir do momento que você sai de casa pra dar para outro fora daqui, eu necessito ter as minhas opiniões. — Encarou Sophia. — Mas você é quem sabe!

— Sabe o que eu acho engraçado? — Sophia rebateu. — Você come a mulher que paga o apartamento, quase teve um filho com ela e depois quer falar de mim?

— E esse cara tá dando algo de útil pra você? Me diz!

— Tá me dando dinheiro, que inclusive, eu preciso te pagar. Cafetão! — Zombou Micael.

— Tá achando ruim? Corre pro vintão, então! — Micael abriu os braços, rindo incrédulo. — Lá é cheio de mina bacana, com o mesmo estilo de vida que o seu. — Foi irônico. — Vai lá fazer programa por vinte reais, você vai ver que gostoso que é.

Sophia segurou o choro mais uma vez, respirou fundo. Retirou o salto e subiu às escadas, cansada de brigar com Micael. Tomou um banho, vestiu uma blusa velha do mesmo e penteou os cabelos. Não viu quando caiu no sono, adormecendo.

Mas acordou no meio da noite, com sede. Esfregou o rosto antes de acender o abajur, vendo que Micael não estava na cama.

Saiu em passos leves, descendo às escadas. Franziu o cenho ainda sonolenta, vendo que alguém estava no apartamento, com Micael. Desceu degrau por degrau, devagar, tentando adivinhar quem estava em cima do mesmo. Ambos nus, transando no sofá da sala.

Sophia paralisou quando reconheceu as feições, o cabelo e principalmente o cheiro de perfume importado. Seu coração palpitou quando a mesma correu até o sofá, trêmula.

— MÃE? — Gritou.

Carolina saiu de cima de Micael, tentando se cobrir. E Micael, encarando as duas, confuso. Não sabia o que estava acontecendo, mas foi grave.

— SOPHIA? — Carolina não estava acreditando no que acontecia. — O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

— EU QUE TE PERGUNTO! — Chorou de raiva. — O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

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