Capítulo 45

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— Calma cara, calma!

Luiz foi até o apartamento de Micael, tentando ajudar o amigo que estava em puras emoções. Sophia havia fugido e levado o seu dinheiro! Micael não sabia mais o que fazer, teria um infarto.

— Que porra de calma, Luiz? Essa putinha mal comida levou toda a porra do meu dinheiro. — Andou de um lado para o outro. — TODO O DINHEIRO QUE EU GUARDEI, PORRA! — Tinha veias visíveis no pescoço. Se fosse bem velho, já teria tido um infarto, ou outros problemas.

— A gente liga pra polícia? — Luiz levantou os ombros.

— Tá de sacanagem, né?

— Você tem coisa melhor pra fazer? A mina roubou o teu dinheiro, tu chama a policia! — Estava gesticulando, como se explicasse algo à uma criança.

— Puta que pariu! — Esfregou as mãos no rosto, cansado. Não havia dormido, comido... Estava estressado, preocupado e agora puto. — Eu preciso achar ela.

— Aonde Micael? São Paulo é gigante! Essa mina deve estar muito longe daqui, ainda mais com essa grana.

— Ela não deve ter ido longe. Deve ter ido pra casa das amigas. — Micael arregalou os olhos. — Aí, tu tem o telefone da bonitinha amiga dela? — Estalou os dedos.

— A Mariana? — Micael assentiu. — Acho que sim, por que?

— Porra, por que? — Blefou, sentando ao lado do amigo, que via a tela do celular. — Liga aí, eu quero falar com ela.

— Ah, pronto. Liga tu! — Entregou o aparelho ao amigo, vendo Micael clicar no nome de Mariana. A chamada iniciou depois de 2 segundos, rápido.

— Mariana? — Micael ficou um pouco sem graça.

— Luiz?

— Quem tá falando é o Micael. — Levantou-se, andando pelo apartamento. — Eu preciso da sua ajuda!

— Precisa da minha ajuda ou está querendo bis?

— A Sophia fugiu! Na verdade aconteceu algumas coisas...

— Como assim a Sophia fugiu, Micael? O que você fez com ela?

— EU NÃO FIZ NADA! É que a mãe dela descobriu que ela estava aqui comigo e daí, você já viu, né? — Micael torceu o nariz enquanto ia para a varanda. — Enfim. Ela sumiu! E roubou o meu dinheiro.

— A mãe dela descobriu? Ela roubou o seu dinheiro? Calma! É muita informação. — Mariana deu uma pausa básica. — Será que a gente pode se ver?

— Mariana, é sério!

— Eu quero achar a minha amiga. Não quero transar com você.

— Você pode vir aqui em casa? O Luiz está aqui, ele está me ajudando a achar ela.

— Tranquilo! Eu vou tentar sair da aula e ir aí.

— Ma... — Antes que Micael pudesse reprimir, Mariana desligou a ligação. Ele balbuciou, devolvendo o celular à Luiz.

— E aí, o que ela disse?

— Ela vai vir aqui. — Micael rolou os olhos. — Tenho certeza que ela não vai ajudar em nada.

— Mas foi tu que teve a ideia, né? Eu acho que essa mina não sabe da Sophia não. — Luiz fez uma careta. — Isso tá me cheirando encrenca!

— E pra onde a Sophia iria? — Os dois se entreolharam.

Sophia abriu os olhos devagar enquanto se acostumava com a claridade da sala, que tirou seu sono em cheio. O sofá confortável deu à ela o descanso do corpo, mas a mente, martelou o resto da madrugada. Ela se levantou, vendo Raquel diante do balcão imenso de mármore, levando uma xícara média até à boca, sem perder a classe.

— Bom dia, coração. — Raquel disse, com sua voz rouca. Sophia chegou mais perto.

— Bom dia. — Bocejou. — Eu te atrapalhei muito?

— Claro que não, amor. Você nunca atrapalha! — Sorriu. — Quer café? Eu acabei de fazer.

— Não, obrigada. — Sophia se sentou na banqueta grande, encostando no mármore, ficando frente à frente com Raquel. — Eu... Vou arranjar um lugar pra ficar, tá? Eu juro.

— Sophia, você não precisa se desesperar para achar um lugar. — Tocou o rosto da menina. — Você pode ficar aqui até as coisas melhorarem.

— E o Micael?

— Ele só vai saber se você abrir o bico pra ele, amor. — Bebeu mais um gole do café. — Caso contrário, nada!

— Eu sei, é que foi tudo tão rápido e também... — Sophia pausou, se lembrando. — Eu não quero te causar prejuízo ou problemas.

— Que tipo de prejuízo? Me poupe, Sophia. — Raquel saiu andando, abriu a geladeira. — Aqui a gente vai se divertir de monte. Nós vamos na construção da nova Lush, fazer compras, cabelo, unha... Mal posso esperar.

Sophia lembrou-se do dinheiro que havia roubado de Micael. Era seu único dinheiro, se perdesse aquilo, teria que fazer programa pra conseguir comprar algo de novo. Um dinheiro bom! Ela poderia alugar uma casa, não gastar em baboseiras como Raquel estava dizendo.

— Raquel, eu preciso ir. — Sophia se levantou.

— Pra onde, criatura? — Raquel ficou indignada.

— Meu lugar não é aqui, eu sei que você quer me ajudar mas eu não posso ficar te dando trabalho.

— E você vai pra onde, Sophia? Não tem dinheiro nem pra comprar um salgado e está fazendo graça. Faça-me o favor, amor! — Raquel se estressou um pouco, gesticulando. — Fica tranquila que eu não vou te cobrar nada. Eu não sou o Micael!

— Ele nunca me cobrou nada. — Sophia deu um passo para trás.

— Ah, não? E você fazia programa por que? — Raquel cruzou os braços. — Não vem mentir, eu escutei da tua boca que você fazia programa pra pagar as despesas do apartamento de vocês!

— Eu não quero falar sobre isso, Raquel. — Abaixou a cabeça. — Pode ser?

— Claro. — Rendeu as mãos. — Mas a partir do momento que você estiver aqui, eu quero honestidade, amor! Entendeu? Honestidade, bebê. — Tocou o rosto de Sophia novamente, saindo da cozinha e sumindo para outro cômodo do apartamento.

Sophia voltou até a sua mochila, pegando o bolo de dinheiro que havia roubado. Contou algumas notas até pensar em fugir, de novo. Pelas palavras de Raquel, não aguentaria ela por muito tempo! Mal conhecia tanto assim. Tinha dinheiro suficiente para fazer o certo.

Mas como sempre, fez o errado.

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