Capítulo 55

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Um mês depois.

A Lush finalmente estava inaugurada! Raquel teve a compreensão de chamar Vera para o mais novo lugar, que rendeu comentários negativos da mesma. Luiz ficou de segurança pela primeira semana, depois, começou a trabalhar na casa, de dançarino. Não fazia mais programas.

Do outro lado dali, Sophia se juntou com Micael, que lhe ajudou com os programas, atendendo juntos novamente. O dinheiro ia todo para ele, já que a mesma precisava lhe pagar. A ideia de roubar o próprio pai ainda estava em mente, sua necessidade de usar cocaína era maior do que tudo, longe de Micael, é claro. Ela cheirava quando ele estava ocupado demais com a agenda, ou então, alguma cliente específica que não gostava de dividir. Se afundando aos poucos, não contou à Micael.

— É sábado à noite. — Sophia se escorou no balcão do apartamento. Micael acendeu um cigarro. — Desde quando você fuma? — Franziu o cenho, impressionada.

— Desde quando eu estou cansado. — Abriu a porta da varanda, vendo os inúmeros prédios iluminados. A noite já havia caído, estava um sábado agradável para ficar em casa.

— A gente podia sair, né? — Ficou atrás de Micael, o vendo fumar.

— Pra onde?

— A Lush inaugurou. Você sabia? — Sophia deu um sorriso rápido, ficando na pontinha dos pés. Tocou o ombro de Micael que negou com a cabeça, tragando o seu cigarro.

— E o que você quer fazer na Lush?

— Nossa Micael, que espírito de velho! — Se irritou, cruzando os braços. — A gente vive enfurnado nesse apartamento.

— E não pode ser outro lugar? Você realmente quer ir na Lush? — Encarou Sophia com dúvida, ela ficou em silêncio.

— Só achei que poderia ser legal! Nova direção, reformado...

— Com a sua amiga sendo sócia.

— Ela não é sócia. — Sophia pausou. — Enfim, você quer ou não quer?

— Sinceramente? A gente podia pedir uma pizza, tomar um vinho e assistir filme. — Optou por isso.

— Sério, eu desisto de você. — Sophia deu às costas, entrando novamente no apartamento.

— Onde você vai? — Micael apagou o cigarro depressa, lhe seguindo.

— Na Lush! Eu não vou ficar presa com você em um sábado lindo desse. — Subiu às escadas. — Eu vou me trocar, arrumar o meu cabelo e fazer uma maquiagem sensacional.

— Vai fazer programa na Lush? — Micael escorou no batente da porta, recebeu um salto azul no braço.

— E se eu for? Você vai me impedir?

— Lógico que não! Você precisa me pagar mesmo. Aliás, se você quiser ficar lá e fazer uns duzentos programas com a sua amiguinha ficando com a metade do preço, tudo bem. — Levantou os ombros.

— Tá morrendo de medo né, Micael? — Fuzilou ele com o olhar. — Eu vou te pagar! Não seja por isso.

— Eu vou te caçar até no inferno, você vai ter que me pagar. Eu vou preso por matar você, mas você vai me pagar, bonitinha! — Soltou, saindo do batente da porta.

Sophia grunhiu enquanto revirava o guarda-roupa bagunçado, retirando o primeiro vestido que viu pela frente. Tomou uma ducha, ondulou os cabelos loiros e fez uma maquiagem pesada. Era uma puta formada, com certeza! Como conseguiu virar tão... Puta? Apalpou a própria bunda no minúsculo vestido, quase aparecendo a polpa. Sorriu gostosamente antes de retirar um pacotinho de cocaína de uma gaveta, escondido. Fez a minúscula carreira do pó branco em cima de seu dedo, cheirando rápida e esfregando o resquício entre os dentes. Beijou o espelho e saiu, procurando seu salto fino, preto e verniz.

Desceu as escadas e Micael pôde ver até o seu útero. Ele havia lhe transformado, não podia reclamar.

— Vai fazer sucesso com esse pano de prato que você está enrolada. — Debochou.

— Vai se foder. Se você não quer ir, não estrague a minha noite! — Colocou uma bolsa entre os ombros, buscou sua chave reserva. — Não tenho hora pra voltar. — Avisou, destrancando a porta e batendo com tudo.

Sophia pediu um táxi, que demorou vinte minutos até encontrá-la onde haviam combinado. Deu o endereço da Lush, ansiosa para o que viria.

Pagou o motorista e desceu calmamente, sorrindo de orelha à orelha ao escutar o som abafado e alto, as luzes de boate invadiram a sua visão e Sophia se animou ao ver o segurança de quase dois metros. A Lush realmente estava mudada!

— Oi. — Ficou na frente do segurança. — Será que...

— Tem nome na lista ou vai trabalhar aqui? — Foi grosseiro com ela, que ficou boquiaberta.

— Ela está comigo, bebê. — Escutou a voz de Raquel, tinha um copo de uísque na mão. — Caraca, você está um arraso! — Olhou Sophia de cima à baixo, lhe abraçando. — E aí, gata?

— Eu vim conhecer a nova Lush. — As duas sorriram. — Tá cheio por aí?

— Lotado, meu amor! Você vai adorar. — Raquel passou o braço no pescoço de Sophia, levando ela para dentro do ambiente extremamente reformado.

De início se parecia com uma boate. A luz negra em todos que estavam dançando na pista, camarote e bar. Pole-dance, sofás retráteis e um cantinho privado para quem não queria subir. Raquel pensou em tudo, na verdade, o seu patrão pensou em tudo.

— Caralho, está muito lindo! — Sophia observou o local, encantada. — Nem parece aquela espelunca que a gente conhecia.

— Você viu? O que o dinheiro não faz, amor. — Tocou o rosto de Sophia. — Aceita um drinque?

— É muito caro? — Sophia fez uma careta.

— É por minha conta, você não precisa pagar absolutamente nada. — Raquel levou Sophia até o bar imenso. — Um uísque pra essa gata aqui, com três pedras de gelo. — Riu cúmplice à ela.

— O Luiz está trabalhando aqui? — Sophia viu o mesmo no pole-dance.

— Sim, ele é um dos dançarinos. — Raquel explicou. — Mas conforme a música, ele também vai atender.

— E me diz uma coisa. — Sophia olhou ao redor, esperando o seu drinque. — Como que funciona os programas?

— Eu só pego dez por cento, amor! O que você cobrar lá em cima, está valendo. — Sophia adorou a notícia. — Eu já disse milhões de vezes pra você deixar aquele bruta montes e se juntar comigo.

— Raquel, eu não posso! Eu tô pagando ele.

— E? Aqui você também vai pagar ele, mas vai ficar com uma grana. — Chamou a atenção de Sophia.

— Não sei. — Sophia pensou. — E nada ver você ir lá em casa contar pra ele que eu uso cocaína, né? — Se irritou, lembrando do acontecido.

— Amor, uma hora ele vai saber, mesmo você não querendo. — Pausou. — É melhor você bater de frente, pagar ele logo e viver a sua vida.

— Não sei.

Sophia encarou o barman, que havia deixado o copo de uísque pronto. Puxou a bebida pelo canudo preto, ainda pensando.

— Qualquer valor?

— Qualquer valor, amor. Se você quiser cobrar vinte mil no seu programa, você cobra! Agora basta os clientes quererem essa boceta de ouro. — Gargalhou na cara de Sophia, que ficou um pouco sem graça.

— Eu tenho boceta de ouro, tá? — Sophia ajeitou os cabelos, batendo de frente com Raquel, que rendeu as mãos.

— Uiiiii, não está mais aqui quem falou, gata. — Ainda tinha as mãos rendidas. — Se você tem, vem trabalhar na Lush.

— Não sei. — Sophia virou o copo de uísque com tudo. — Hoje está liberado o teste-drive?

— O que você quiser, bebê. O que você quiser!

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