Capítulo 63

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— Oi bebê!
Raquel sorriu à Micael, entrando no flat. Ele odiou a visita.

— Você aqui? Até aqui?

— Eu até aqui sim, bebê. Cadê a Sophia? — Procurou ela pelo olhar.

— Raquel. — Sorriu leve quando saiu do quarto, com um robe de seda no corpo. As duas se abraçaram. — Que bom te ver!

— Também estou feliz de ver vocês. — Cutucou Micael com as palavras. — Estão gostando do flat?

— Como você sabia que a Sophia estava no flat? — Micael quis saber. — Você não tinha parado de falar com ela? — Encarou Sophia, bravo.

— A Sophia mudou de vida, Micael! Como você pode ver, ela pediu desculpa aos pais e saiu daquela vida imunda que você também estava. — Raquel gesticulou. — E eu como uma péssima amiga, ajudei muito ela. — Foi irônica.

— Ajudou sim, ajudou afundando ela no pó, né? — Micael estava mais irritado ainda.

— Bebê, a Sophia se afundou no pó sozinha mas conseguiu sair dessa. — Andou pelo flat, deixando sua bolsa em cima do sofá. — Eu vim aqui porquê eu tenho uma proposta pra você. — Apontou para Micael.

— Fala logo.

— Eu sei que agora, mais do que tudo, os dois precisam se manter nesse flat. — Raquel encarou os dois. — E eu sei que você precisa de um emprego.

Micael ficou em silêncio, remexeu o maxilar, pensando.

— Vai me dizer que você tem uma proposta de emprego pra mim?

— Sim, eu tenho. — Raquel chegou mais perto. — A Lush está precisando de um tesoureiro, eu não confio muito no Luiz então... Você pode resolver o meu problema e ganhar um salário digno.

— Você não confia no Luiz? Me poupe, mulher! Eu que não deveria confiar em você. Os dois juntinhos armando pra cima de mim. — Micael se alterou.

— Micael, menos! Ela veio aqui ajudar, a Raquel não é um monstro. — Sophia entrou no meio.

— Ninguém arma pra cima de você, bebê. O Luiz é só mais um garoto que precisa de dinheiro e não sabe o que fazer, tanto que está na Lush até hoje. — Raquel arqueou uma sobrancelha. — Eu vim aqui na paz, no amor, na compaixão de ajudar você, que precisa muito desse emprego. Eu sei!

— Nossa, vai ganhar o seu dia se eu dizer sim e ir trabalhar com você, não é mesmo? — Micael debochou, juntando as mãos.

— Micael, acorda! — Raquel soou grossa. — Você está sem emprego, cara. Você PRECISA se manter junto com a Sophia, eu sei que a mãe dela não vai sustentar ela com mesada a vida inteira. — Soltou. — Para com essa marra e aceita logo. Ninguém quer sujar você, ninguém está armando pra cima de você. Eu não sou do mau, eu só quero ajudar.

Micael encarou Sophia antes de dizer alguma coisa. Abaixou as armas da sua mente, soltando um suspiro e deixando se levar.

— Você não é uma má pessoa, Raquel. — Soltou. — Eu aceito a sua proposta, eu... Vou trabalhar na Lush com você.

Ela bateu diversas palmas estrondosas, dando pulinhos. Sophia sorriu mas não ficou tão feliz como Raquel, mais uma parte do plano que havia dado certo.

— Você pode ir hoje pra ver o local, a gente vai conversar com você e tudo mais. Vai ser incrível! — Raquel sorriu.

— Obrigado pela oportunidade. — Micael estava com vergonha de ter sido tão rude.

— Eu é quem agradeço, bebê! Você vai voar nessa sua nova fase, trabalhando com dignidade e sem precisar transar com boceta velha. — Raquel riu maléfica, como fazia. — Vamos brindar? Ou eu atrapalhei alguma coisa? — Encarou o robe de seda de Sophia, que soltou um risinho de vergonha.

— Não, você não atrapalhou em nada. — Sophia ficou corada. — Não tenho nada pra oferecer à você, amiga. — Andou até à cozinha do flat, procurando alguma bebida alcoólica para Raquel.

— Não tem problema! Festinha no meu apê hoje, depois do Micael conhecer a Lush de perto. — Disse animada. — Espero por vocês ansiosamente, hein!

Foi até o sofá, buscando sua bolsa novamente. Colocou entre os ombros e jogou um beijo para os dois, saindo do flat.

— Te matou aceitar algo de bom agrado assim? — Sophia tinha os braços cruzados.

— Nada a ver, Sophia. Ela vem aqui do nada, sabe da nossa vida do nada e você ainda acha que isso é normal?

— Micael, ela me ajudou muito nessa nova fase. A Raquel não é esse monstro que você está pensando!

— Tô vendo, agora eu vi que não é. — Ficou calado por alguns segundos. — Pelo menos ela me deu um emprego, já tirou a minha angústia.

— Viu só? Você vai trabalhar como um homem normal, cuidando do dinheiro da Lush. — Sophia chegou mais perto, dando um beijo em Micael, que tocou sua cintura, tentando tirar o robe de seda. — Você não cansa? — Achou graça.

— De meter em você? Jamais! — Sophia soltou alguns risos, andaram diretamente ao sofá.

A loira deitou, tendo Micael empoleirado. Se beijaram furiosamente até ele achar o laço do robe, abrindo e retirando o tecido. Estava nua novamente enquanto tinha as mãos de Micael passeando por seu corpo.

Escutaram a campainha novamente.

— Aaaah, ela esqueceu alguma coisa? — Micael se irritou, saindo de cima de Sophia e indo até à porta. — Vai pro quarto.

— Tô indo. — Sophia correu com o robe em mãos, achando graça da situação. Ficou por lá, agora, se trocando.

Micael atendeu a porta, um pouco surpreso.

— Mariana? — Se escorou. — O que você está fazendo aqui?

Como ela sabia que os dois estavam ficando no flat? Quem havia contado?

— Posso entrar?

— Pera... — Micael tentava entender. — Na verdade, entra vai. — Deu passagem.

A amiga de Sophia entrou, observando o novo ambiente que estavam morando. Realmente, era tudo isso que contaram à ela. Se impressionou ao ver a amiga de novo, depois de algum tempo.

— Mariana? — Ela fez a mesma cara que Micael. — O que você está fazendo aqui?

— É uma longa história mas a gente precisa conversar, sério. — Umedeceu os lábios, com medo.

— Tá. Pode falar!

— A gente pode conversar à sós?

Sophia observou Micael que assentiu.

— Vem, vamos pro quarto. — Puxou a mão de Mariana, que não hesitou. Foram até o quarto de hóspedes, já que o seu e de Micael estava totalmente bagunçado.

Sophia sentiu que Mariana estava tensa, tinha algo para falar mas com medo de dizer. As duas se sentaram na cama de solteiro que havia, se entreolharam.

— Você está me deixando com medo. — Sophia sorriu leve a amiga, tentando descontrair o clima.

— Você vai me odiar depois disso mas eu preciso te contar. — Deixou uma lágrima cair.

— Mariana, eu tô ficando com medo. — Sophia ajeitou a postura.

— É pra você ficar mesmo, assim como eu fiquei. — Não estava sabendo em como dizer aquilo.

Ela segurou nas mãos de Sophia, se preparando.

— Eu tô grávida, Sophia. — Pausou. — E o bebê é do seu pai. É do Alex!

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