Capítulo 68

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O local foi interditado pela polícia, imprensa e mais alguns responsáveis. Micael foi retirado de lá, colocando uma roupa e sendo levado até a delegacia para depor. Sophia ficou ao seu lado, com a cabeça cheia de tantos problemas naquela altura do campeonato.

Não conseguia engolir que Mariana estava definitivamente morta. Sentiu raiva da amiga, mas não era para ser assim.

— Sophia, você aceita um chá?

Uma policial lhe abordou no meio da delegacia. Ela negou, ainda em silêncio.

— Você precisa comer! Ficou muito tempo desidratada.

— Eu quero falar com o meu pai, será que eu posso? — Subiu o olhar para a policial, que fez uma careta. Não podia, mas ela deixou que isso acontecesse.

Levou Sophia até uma área interna na delegacia, onde todos os presos ficavam. Passou pelo corredor imundo, entrando em uma sala com mais dois guardas. Sentou na cadeira velha, apoiando as mãos em uma mesa.

— Seu pai está chegando. — Avisou ela.

— Obrigada. — Sorriu amigável.

Minutos depois, Alex havia entrado na mesma sala que ela. Derrotado, algemado e... Não conseguia demonstrar o que estava sentindo. Sophia quis matá-lo ali mesmo!

— Feliz de ver o seu pai aqui?

— Infeliz, você quer dizer. — Soltou. — Eu jamais imaginaria que todo o seu dinheiro vinha dessa podridão.

— Você teve tudo do bom e do melhor, e agora quer achar um jeito de me culpar com isso?

— Há quanto tempo você entrou nessa vida?

— Sophia...

— Há quanto tempo? — Quis saber.

— Muito tempo. — Pausou. — Você não era nem nascida.

— Vai se foder. — Bateu com a mão na mesa. — Você saiu com a Mariana!

— E você saiu de casa pra ser prostituta! Imagina isso pra um pai, Sophia. Imagina? — Se alterou. — Você deveria morrer de tanta droga que está usando, sabia? Eu adoraria ver você morrer, pra aprender uma lição.

— Que horrível, pai. — Negou com a cabeça. — Bem que você e a mamãe são emprestáveis mesmo.

— Agora todo mundo pra você é assim, não é? Ninguém presta, ninguém está nem aí. — Levantou os ombros.

— Por que você salvou o Micael?

— Porque ele me livrou da sua mãe!

— Não, você não ajudou ele por isso. — Sophia rebateu, não perdendo o ritmo. — Alguma coisa tem! É melhor você descobrir, antes que fique pior.

Alex balbuciou, colocou as mãos no rosto.

— Há muito tempo atrás, eu conheci a mãe do Micael. — Contou. — A gente teve um caso bobo de adolescente, eu conheci a sua mãe...

— Vai me dizer que o Micael é o seu filho? — Sophia se apressou, com o coração em gelo.

— Não, o Micael não é o meu filho. — Negou. — Eu só tive carinho por ele, todo esse tempo, já que a mãe dele não foi responsável o suficiente pra fazer isso. Um dos motivos do Micael ter saído de casa! — Explicou. — Eu não queria que isso acontecesse com você também! A mesma coisa que ela fez, eu fiz, com você.

Sophia encarou o pai, deixando algumas lágrimas caírem. Assentiu em silêncio, levantando da cadeira e saindo.

— Eu espero que você apodreça nesse lugar imundo! Eu espero muito que você aprenda, de verdade, em ser um homem direito. — Sophia soltou, antes de sair totalmente.

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