Micael se atordoou quando viu que Sophia não estava em casa, havia saído daquele jeito, sem sua companhia. Tomou um banho, vestiu uma roupa e pediu um táxi, com destino à Lush.O mesmo aconteceu: foi barrado na portaria mas logo entrou, pagando uma quantia ao segurança, já que era lei da nova direção. Viu o ambiente mudado, chique, sexy e diferente. Procurou Sophia pelo olhar.
— Olha só quem veio. — Escutou a voz de Raquel atrás de si.
— É você. — Não fez muita questão. — Cadê a Sophia?
— Lá em cima, fazendo test-drive. — Raquel soltou, sem um pingo de pena do que Micael poderia pensar.
Ele franziu o cenho, olhou para cima, na escada com tapete de veludo vermelho.
— Então ela está trabalhando pra você? — Se irritou.
— Não amor, ela só está fazendo um test-drive. — Raquel gesticulou. — Deixa a menina se divertir, por acaso você é namorado dela?
— Eu cuido da Sophia.
Raquel gargalhou alto mas o som do ambiente abafou, estava muito alto.
— Você cuida da Sophia desde quando, Micael? Que tipo de amor é esse?
— Eu não quero ela aqui com você, está entendendo? — Apontou no rosto da mulher. — Você é furada! Eu olho pra você e algo me diz que você é totalmente furada.
— Amor, quem é furada aqui é a sua namoradinha. — Encostou a mão no ombro de Micael. — Ela só é uma adolescente frustrada que quer brincar de ser garota de programa.
Micael ficou em silêncio, remoeu as palavras de Raquel e não se deu conta quando Sophia parou ao seu lado, com o rosto franzido.
— Micael? — Encarou os dois. — O que você está fazendo aqui?
— Na boa? Nem eu sei o que eu estou fazendo aqui. — Encarou Sophia com mágoa. — Fica com a sua amiguinha, é a melhor opção. — Saiu de perto.
Sophia foi atrás, esbarrando em várias pessoas que dançavam na pista.
— Micael, espera! — Correu um pouco mais rápido. — Micael! — Segurou em sua mão. — Por que você vai embora? Aqui está tão legal.
— Pra você, Sophia. Muito legal esse ambiente! — Foi irônico. — O negócio é que você quer ficar aqui à todo o custo.
— Eu vim pra me divertir, mas parece que você só quer brigar e brigar. — Revirou os olhos. — Dá uma chance, vamos beber, dançar, dá risada. — Alisou os músculos de Micael. — Eu quero ficar um tempinho com você.
— E eu não quero ficar nessa bosta de lugar. — Encontrou a saída, sentindo que Sophia ainda lhe seguida.
— É sério que você vai embora?
— Se você quiser ficar, fica. Eu não vou me sujeitar a ficar escutando bosta da sua amiguinha.
— O que ela disse pra você?
— Nada. — Micael preferiu não dizer. — Vou indo nessa.
— Eu vou com você.
Sophia disse triste, não querendo ir, mas também, não queria ficar brigada com Micael. Esperou ele chamar outro táxi, se emburrando aos poucos até o veículo chegar.
Esperaram por alguns minutos, Micael entrou com Sophia no banco de trás, conversando com o motorista para lhe deixaram em uma rua bastante famosa, com restaurantes refinados. Sophia estranhou, porém, não disse nada.
— Vamos jantar aqui? — Sophia fez uma careta, não estava mais gostando de restaurantes refinados como gostava antes.
— Melhor do que ficar lá, você não acha? — Saíram do carro.
Micael abriu à porta de vidro, esperando que Sophia passasse. Ela não estava vestida adequadamente para aquele lugar, recebendo todos os olhares do salão. Um garçom os parou, sendo delicado.
— Boa noite, casal! Uma mesa para dois?
— Sim, por favor. — Micael sorriu leve.
Foram levados até uma mesa no fundo do restaurante, Micael retirou sua jaqueta jeans, entregando à Sophia, já que todos os olhares estavam respectivamente aos dois.
— Feliz em estar aqui? — Sophia teve ironia na voz.
— Você não está?
— Todo mundo está olhando a gente, Micael.
— Deve ser porquê você está quase pelada nesse vestido, não é mesmo? — Debochou.
Sophia revirou os olhos enquanto pegava um cardápio.
— Você vai ter coragem de pagar tudo isso em um jantar? — Olhou Micael de canto.
— Eu vim conversar com você. — Teve a atenção dela.
— Sobre? — Sophia fechou o cardápio.
— Aquilo que você falou, sobre o seu pai...
— Não acredito que você mudou de ideia. — Abriu um sorriso.
— Eu não quero mais essa vida, Sophia. Eu cansei! Eu sei que fazer isso também é errado mas é o nosso único jeito.
— Eu sei meu amor, e também, com o dinheiro você vai pagar o traficante e ficar livre! Nós vamos ficar livres!
— Eu quero fugir com esse dinheiro, Sophia.
Ela ficou tensa, se ajeitando na cadeira estofada.
— Como assim?
— Eu quero sair do país. Se formos fazer isso, eu não quero ficar aqui.
— Micael, fugir do país não é tão fácil como você imagina. — Riu incrédula. — Você tem passaporte?
— Não.
— Está vendo? Vai demorar um tempo e até lá o meu pai vai descobrir que a gente roubou ele. — Tranquilizou Micael, destruindo suas ideias de fugir. — Podemos até fazer isso mas fazer corretamente!
— Você tem razão então. — Micael ficou cabisbaixo. — Mas eu sei que quero sair dessa vida, com certeza.
— Nós vamos sair, meu amor! Nós vamos. — Segurou nas mãos de Micael, que sorriu leve.
Ela só estava o enganando, não queria mais sair dessa vida.
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LU$H
RomansaCom uma dívida de um milhão de reais, Micael foge de casa para as ruas de São Paulo, se prostituindo. Quem o ajudaria? Jovem, loira e de olhos azuis. Ela não sabia no problema que iria se meter, sendo totalmente oposta que ele.