Capítulo 18

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— Bom dia, Borges.

Vera estava em sua sala, contando alguns bolos de dinheiro. Subiu o olhar por cima do óculos quando viu o moreno, escorado no batente da porta.

— Bom dia. — Cruzou os braços. — A roupa de cama está suja. — Avisou.

— E eu com isso? — Retirou o óculos, deixando de contar o dinheiro.

— É você quem fica responsável pela troca de roupa de cama, pelo que eu me lembre. — Respondeu, debochado. — Minha roupa de cama está suja! Ou você quer que eu faça sexo com cheiro de gozo?

— Você está muito boca dura, hein Borges. — Levantou-se. — Não quer pagar a parte da casa, fica reclamando da roupa de cama... Mas trabalhar de verdade não quer, né?

— Não mais que o Luiz, que só sabe matar ao invés de trabalhar de verdade. — Rebateu.

— Olha lá como você fala dele, feto de puta! — Vera apontou o indicador à Micael, lhe ameaçando.

— Você defende ele, né? — Soltou um riso convencido. — Você defende porquê ele é o único que preza em te comer.

— JÁ CHEGA, PORRA! — Vera se irritou, batendo na mesa. — PODE PEGAR TUAS COISAS E PICAR A MULA DO MEU PUTEIRO.

Micael arregalou os olhos, em choque. Vera estava trêmula quando buscou a caixinha do cigarro, acendendo. Marcelo correu para analisar a gritaria, sentindo a situação pesada que estava.

— Gente, que gritaria é essa?

— O seu amiguinho está com passagem só de ida! — Vera tragou o cigarro. — Vaza daqui! AGORA! — Gritou mais uma vez.

Micael estava irritado quando passou por Marcelo, batendo o corpo de leve em seu ombro. O amigo lhe seguiu mas ele não queria falar com ninguém.

— Micael, espera! — Marcelo entrou no dormitório, junto com ele. — O que aconteceu, cara?

— Ela me expulsou! — Micael buscou uma mochila. — Acabou, Marcelo. Eu não faço mais parte da Lu$h.

— PORRA, COMO ASSIM? — Marcelo arregalou os olhos. — O que tu fez pra ela, Micael? Algo de muito grave, só pode.

— Eu falei a verdade, simples. — Abriu as mãos. — A Vera sempre vai acobertar o Luiz porque ele come ela, ninguém vê isso nessa merda de casa.

— Mano, olha as coisas que você vai falar pra ela, cara! Tá maluco? — Marcelo assistiu o amigo guardar as coisas dentro da mochila.

Micael foi até o seu cofre, retirando os bolos de dinheiro, segurados por um elástico firme.

— Velho, que loucura! — Marcelo estava incrédulo. — Mas e agora, para onde você vai?

— Sei lá. — Micael fechou a mochila. — Vou ver alguma casa que me pegue, ou então, alugar um apê.

— Tu tem bastante dinheiro guardado, não tem?

— Um pouco. — Micael estava realmente pensando no que fazer. — Eu vou me virar! Dá tchau pra geral aí. — Colocou a mochila entre os ombros, saindo do dormitório.

Micael tinha pego tudo quando deixou a Lu$h, mas antes, ousou em ir até Vera, dizendo boas verdades engasgadas durante dois anos.

— Espero que você apodreça na cadeia quando a galera descobrir o tanto de coisa podre que você faz!

— Que coisa podre que eu faço? — Cruzou os braços. — Manter marmanjo pra se sustentar com sexo?

— Você não vale nada, Vera! Fica induzindo de menor pra trabalhar com você e ainda exige que a gente coma essa sua boceta velha fedida.

— EU QUERO RESPEITO NA MINHA CASA, TÁ ENTENDENDO?

— RESPEITO A PUTA QUE PARIU! Cansei dessa porra, dessa casa, desse bando de moleque que não sabe fazer um nada. — Micael estava alterado. — Cansei de você roubando a porra do meu dinheiro! Cinquenta da casa é o meu cu! — Jogou uma cadeira longe, se estressando.

Vera tentou ir atrás mas Micael foi rápido, saindo da Lu$h com cara feia. Precisava ser rápido para achar algum lugar, estava com bastante dinheiro na mochila, o medo de ser assaltado era maior do que tudo.

Parou em um posto de gasolina na Augusta, retirando seu celular e discando o número de Carolina, que tinha salvo com outro nome, para Alex não desconfiar. Mesmo ele não tendo o hábito de conferir o que ela fazia, a mesma se precavia ao máximo.

— Alô?

— Tá podendo falar?

— O que você quer, hein?

— Eu sai da Lu$h. — Foi direto. — A Vera me expulsou de lá.

— Pera aí, aonde você tá agora?

— Num posto de gasolina perto da casa. Eu preciso arranjar um lugar pra ficar, tô com dinheiro, não posso ficar dando sopa. — Micael viu a movimentação de carros.

— Me espera aí que eu tô indo.

— Tá. — Micael desligou a ligação, estava desesperado demais na burrada que havia feito.

Esperou por Carolina, sentado no meio fio do posto de gasolina, recebendo alguns olhares femininos, já que Micael chamava a atenção por seus músculos e beleza. O carro de luxo parou em sua frente, ele já sabia quem era.

Deu a volta, entrando no banco do passageiro.

— O que aconteceu com você? — Carolina estacionou em um lugar apropriado.

— Ela me expulsou.

— Sim, mas pra ter te expulsado, alguma coisa você fez. — Puxou o freio de mão. — Me diz, o que aconteceu?

— Eu falei umas verdades e ela simplesmente se encheu. — Não tinha como se defender. — Me colocou pra fora.

— Micael, meu Deus. — Carolina o encarava com desaprovação. — E agora?

— Faço a mesma pergunta pra você.

— Olha, eu não sei como vou te ajudar nessa situação. — Pausou. — Mas a gente pode dar um jeito!

— Que jeito!

— Você aceita o meu dinheiro e a gente vê um lugar pra você ficar.

— Um lugar tipo... Um apê?

— Pode ser. — Carolina assentiu. — Mas olha, você vai me prometer que vai arranjar um emprego de verdade!

— Ah, Carolina. Não vem! Eu não vou ganhar grana o suficiente pra te pagar, com um registro na carteira. Nem carteira de trabalho eu tenho! — Levantou os ombros. — Se eu atender no apê, vou conseguir o triplo de grana, agora eu não tenho mais a Vera pra me tirar dinheiro o tempo todo.

— Micael, eu não sei... — Carolina passou a mão no rosto. — Você está afundando a sua vida...

— Confia em mim! Eu vou te pagar. — Segurou na mão de Carolina. — Arranja o apê pra mim e eu vou te pagando.

— Tanto faz, eu só quero que você fique seguro.

— Vou ficar. — Ambos sorriram. Carolina deu um beijo nos lábios de Micael. — Agora, eu vou ligar para a corretora e a gente sai em busca do apê ideal. Pode ser?

— Você é quem manda, minha gostosa! — Micael se animou, dando mais um beijo na mulher.

Realmente, era ela que estava mandando em tudo agora.

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